Há pessoas que são engraçadíssima uma vida inteira, não tanto pelo que dizem ou produzem, mas sobretudo pela forma como se comportam ou encaram a vida.
Aquele meu amigo foi sempre um aventureiro, destemido e cheio de ideias. Em jovem apanhava tubarões, coisa só para alguns. Já na meia idade, ainda que sem muito experimentar, tentou o parapente. Safou-se dessa, alguém o viu pendurado numa árvore, esperneando. Inventor de sempre construiu um submarino. Foi-lhe fácil conseguir um piloto e lá se fez o lançamento ao mar, dia de festa. Estão a ver o resultado, valeu ao intrépido comandante a celeridade no abrir a escotilha e pôr-se a salvo, tal a velocidade com que o fundo do mar vinha ao seu encontro.
Mas a pesca e a caça depressa lhe fazem esquecer os empreendimentos menos bem sucedidos e nada lhe custa encontrar amigos para os seus entreténs. Em tempos de caça ao cabrito o novel farmacêutico integrou a equipa que se atreveu serra adentro. Eis que por detrás da folhagem próxima o líder sentiu a agitação própria da presa. Pontaria assestada, disparou, pum, pum!
Bem, lá fomos juntos noutro dia ao hospital. O farmacêutico, cravejado de chumbo dos pés à cabeça, nem conseguia lamentar ter-se metido na aventura.
Henrique Pinto
Outubro 2010
FOTOS: Tim Tim; Obelix
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