terça-feira, 19 de outubro de 2010

TUDO FAZ SENTIDO


Há momentos em que olhamos em volta e tudo faz sentido. Este, digo-o com felicidade, é seguramente um desses momentos.
Sei que alguns estavam à espera que Coimbra não corresse bem - estavam à espera que os estudantes não me apoiassem, que as pessoas não me abraçassem nas ruas, que este jantar não fosse a gigantesca prova de convicção de quem acredita que tudo é possível.
Sei que alguns disseram que em Coimbra, eu não tinha as máquinas dos partidos e a experiência no terreno, e que assim nunca conseguiria mobilizar as pessoas.
Enganaram-se.
Os que assim pensam, ainda não perceberam o que está a acontecer.
Estão tão habituadas a entender as coisas pelas suas ordens de valores que não perceberam que o sonho está a crescer no coração de cada um de nós.
Alguém esta semana, amigo meu, afirmou que um pequeno efeito pode desencadear uma extraordinária mudança.
Não posso estar mais de acordo. Na política, como na vida, de um pequeno nada a que não prestamos atenção imediata pode nascer uma ideia capaz de transformar o mundo. Na política, como na vida, há instantes em que uma pequena mudança leva a que cada um de nós deseje o que ainda não tem.
Coimbra, cidade da utopia, do conhecimento e da resistência, é o sítio certo para vos dizer que cada um de nós é essa gota que conta. Cada um de nós pode desencadear uma mudança e todos juntos podemos fazê-la crescer.
Hoje é um dia em que olho à volta e tudo faz sentido porque vejo que o pequeno efeito se está a transformar numa hipótese efectiva de mudança.
Acredito que depois destas eleições presidenciais nada vai ficar na mesma. Mas para que isso aconteça temos todos que, porta a porta, passar uma mensagem de esperança.
Que outro candidato pode dizer que com a sua vitória nada vai ficar na mesma?
O professor Cavaco Silva? Esteve na Presidência nos últimos cinco anos, não o poderá fazer.
Manuel Alegre? É o político que mais anos permaneceu no Parlamento, certamente que também não o poderá fazer.
Eu sou o único que posso dizer que ganhando nada será como antes: não dependo dos partidos, não sou um político profissional e o meu único interesse é agora, como sempre, servir o país.
Quando se contarem os votos cada um de nós sabe que o seu voto contou. Cada um dos votos será fundamental para podermos abrir as portas da Política a mais pessoas livres.
O pequeno efeito de cada uma das nossas convicções vai transformar-se numa grande força. Uma força colectiva que não é contra os partidos, mas que não vem deles.
Quando chegarmos a Belém, os portugueses saberão que foram eles que ganharam, foram eles que lá chegaram. Essa é outra diferença – alguém poderá sentir a vitória de Cavaco Silva ou de Manuel Alegre como uma vitória sua? Sabemos qual é a resposta.
A nossa luta será uma vitória da cidadania contra este estado de coisas.
Porque só a minha vitória poderá desencadear mudanças na política portuguesa, alteração nos protagonistas e em todos os que trouxeram Portugal outra vez para uma situação dramática e perto da bancarrota.
Meus amigos…
Todos somos iguais em direitos e deveres, mas para os sucessivos governos há quem tenha mais privilégios do que outros.
A proposta de Orçamento apresentada na Assembleia é uma prova de culpa da classe política. Há anos que todos sabíamos que as contas estavam descontroladas, todos os portugueses o sabiam, e nada foi feito. Agora apresentam-nos a factura de uma conta que não devia ser nossa.
Este é um Orçamento sem gente dentro.
É um Orçamento de Estado injusto. Os mais pobres, os que já têm dificuldades em acordar todos os dias e encarar a realidade, sentem um desespero absoluto. Um desespero injusto porque deviam ser eles a ser salvaguardados e protegidos, mas são eles que mais vão sentir o aumento do IRS, o fim dos benefícios, o congelamento das reformas, o aumento do preço dos produtos básicos.
O Orçamento de Estado tem de ser aprovado, é o que se diz.
Sabemos as possíveis consequências de tal não acontecer, eu sou um homem responsável, mas o que nos estão a fazer é uma chantagem política.
Porque nos disseram, em 2002, que os esforços que fazíamos iam ser suficientes, depois pediram-nos sacrifícios em 2005, e agora chegam ao limite dos limites.
O Orçamento de Estado tem de ser aprovado, dizem-nos isso a toda a hora… Mas até quando vão continuar a chantagear-nos e a cobrir as suas mentiras e incompetência com o nosso dinheiro, a nossa honra e o nosso sofrimento?
Faço um apelo aos partidos políticos para que negoceiem este Orçamento. Negoceiem e aliviem a carga de IRS em relação às famílias com rendimentos mais baixos, recordem os mais desfavorecidos e carenciados.
Que se corte na despesa, que se extingam direcções-gerais, fundações e institutos que pouco ou nada interessam, mas que não se humilhe mais as pessoas.
Este Orçamento de Estado também não é bom para as empresas, o aumento do IVA vai afectar o consumo e mergulhar-nos-á na recessão.
A falta de investimento nas empresas não vai permitir a criação de emprego, o aumento das exportações ou a redução da nossa dependência das importações.
Por isso, também por isso, temos a obrigação de oferecer esperança e uma ideia de felicidade aos nossos filhos. Sem isso vamos limitar-nos, a sobreviver e não a viver. Vamos recuar aos tempos escuros onde os meus avós e os pais deles sabiam que um pequeno sinal era apenas um pequeno sinal e nunca se transformaria numa revolução de esperança.
Os filhos dos nossos filhos poderão dizer um dia que os seus pais acreditaram na mudança e lutaram por ela. Poderão dizer que estivemos aqui. Que de Coimbra partimos para o país com mais vontade de multiplicar uma mensagem de esperança, de felicidade e de combate contra quem continua a dizer que uma coisa e outra nos está interdita.
Vamos continuar a votar nos mesmos de sempre ou vamos deixar os nossos corações e a nossa vontade falar?
Vamos continuar a votar nos que são protagonistas há décadas ou contribuir para salvar a democracia e abrir a porta aos mais livres e preparados?
Esse será o meu maior contributo. O do exemplo.
O de permitir uma mudança. O de ajudar a que os melhores se possam realizar em Portugal sem dependerem dos partidos. O de criar condições para que os partidos políticos possam discutir internamente novos modelos e políticas. O de incentivar as novas gerações e dar-lhes a mão no seu caminho. O de não olhar a compadrios, cunhas e esquemas porque o país estará sempre primeiro.
Porque os portugueses estarão sempre em primeiro lugar. O voto na nossa candidatura é o único voto verdadeiramente útil. O voto em qualquer dos outros candidatos não contará para mudar nada de substancial. Tudo ficará na mesma.
Eu sou o candidato da cidadania. Os meus adversários são conhecidos.
Cavaco Silva é o actual Presidente da República. Foi primeiro-ministro. Diz que não é político, mas tem quase 40 anos de vida política activa.
Depois temos Manuel Alegre. Um candidato que, nos últimos anos, tem mudado vezes sem conta de opinião. Um político no pior sentido da expressão. Tudo subordinou para cumprir a ambição de ser Presidente da República.
Não se importou de trair o Partido Socialista em nome da sua vaidade. Em 2006, disse que Francisco Louçã era um Salazar virado do avesso, mas os seus interesses fizeram-no aceitar o abraço do Bloco de Esquerda.
Afirmou há apenas dois anos, em artigo publicado, que José Sócrates e o seu governo eram responsáveis pela destruição do Estado Social e do Serviço Nacional de Saúde e depois de concretizado o apoio virou as agulhas da sua crítica para Passos Coelho.
Afirmou, que a vitória de Cavaco Silva não lhe tirava o sono.
Enfim, ele não se importa. Como diria Churchill, de vez em quando tropeçar na verdade, mas recompõe-se imediatamente e prossegue como se nada tivesse acontecido.
Manuel Alegre já foi um homem que acreditava no mesmo que nós. Já foi alguém que conseguia transformar uma gota numa esperança. Manuel Alegre já não é esse homem, há muitos anos que o deixou de ser – e não há nada de mais imperdoável do que ver alguém substituir a utopia pela ambição e a vaidade.
A esses não perdoo. Porque aos outros, os que sempre foram pragmáticos e burocratas, não se pode levar a mal, é a sua essência. Agora, àqueles que corrompem a sua essência porque as circunstâncias se alteraram, a esses eu não perdoo.
Eu não sou de partido algum, mas estive sempre ao lado das lutas que me pareciam justas. Há cinco anos, ao contrário de Manuel Alegre, estive ao lado de Mário Soares e do Partido Socialista.
Como estive ao lado de outros políticos de outros partidos. Em cada momento estou onde acredito dever estar.
Mas nunca estou ou estarei onde me dizem uma coisa sabendo eu que me querem dizer outra.
Esta é a terra do conhecimento. Onde uma geração de jovens espera encontrar motivos para ser optimista.
Uma terra que me fez olhar à volta e perceber que tudo faz sentido. Nós somos a mudança, nós somos a única possibilidade de mudança.
Nós queremos e precisamos de criar novos paradigmas. Queremos e precisamos de preparar os nossos jovens para um mundo globalizado. Queremos e precisamos de dar confiança aos empresários. Queremos e precisamos de dizer aos professores que eles valem a pena e são o cimento do país que desejamos. Queremos e precisamos de formar elites, de apostar na inovação e aumentar a nossa produtividade.
Mas nada disso será feito se não conseguirmos mudar os personagens e arriscar mudar de vida. Só assim acontecerá o resto. Só assim será possível.
Meus amigos, que esta noite seja o nosso melhor dia.
Nesta casa que respira história, acompanhado de homens e mulheres livres da heróica cidade Coimbra, iniciamos uma marcha imparável até 23 de Janeiro.
Data em que Esperança e Mudança serão as marcas distintivas do meu desempenho como Presidente da Republica.
Eu acredito. Eu acredito em Portugal.
Viva Portugal!
Fernando Nobre
Jantar em Coimbra no restaurante a Democrática
16 de Outubro de 2010
FOTOS: Convento de São Francisco em Coimbra; Grupo de Guitarras de Coimbra e o meu amigo Bernardino; Nelson de Carvalho, ex presidente da câmara municipal de Abrantes (PS), Fernando Nobre e Máximo Ferreira, presidente da câmara municipal de Constância (CDU), em Constância; ao jantar com Fernando Nobre em Constância; discurso de Fernando Nobre em Constância; discurso de Francisco Mendes em Constância; discurso de Nelson de Carvalho em Constância; discurso de Fernando Nobre em Constância; ao jantar com Fernando Nobre em Constância; Universidade de Coimbra; nas minhas recordações; ao jantar com Fernando Nobre em Constância; Telmo Inácio, Henrique Pinto e Leonel na Abertura da Sede de Fernando Nobre na Nazaré; nas minhas recordações; Palácio de Belém; a rosa como podia ser a papoila

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