sábado, 30 de outubro de 2010

MARGARIDA PINTO CORREIA E SEU PAI, DOIS SÍMBOLOS


O dia estava lindo, solarengo, promissor. Estávamos conversando descontraidamente, Fernando Nobre, eu e a Margarida Pinto Correia, na esplanada da Pousada Santa Iria, em Tomar, antes de partirmos para a estrada, em campanha. Conheci-a em 1990 em funções políticas semelhantes às que, desprendida,
voluntarista de sempre, desempenha hoje. Foi natural evocarmos a memória de seu pai, catedrático da Universidade de Lisboa. Tive o privilégio de conhecê-lo mais de vinte anos antes de conhecer a Margarida, quando entrei para a Faculdade de Medicina de Lisboa, era ele então assistente de patologia médica. Mestres e colegas mais velhos falavam-me dele com o maior enlevo. Um familiar meu estava muito doente, pedi-lhe que me desse a sua opinião. Hoje como em todos estes anos nunca duvidei que lhe salvou a vida. E o mestre tornou-se a meus olhos quase um mito.
No Congresso de Gastrenterologia de 2003 o professor Tavarela Veloso, seu presidente, dedicou a sessão inaugural a este vulto maior da medicina portuguesa, que morreu cedo, doente desde os 57 anos.
Na colectânea de textos da Sessão de homenagem prestada ao professor Pinto Correia, publicados na Revista da Sociedade de Ciências Médicas, em Abril de 1991, o Professor Gouveia Monteiro, de Coimbra, meu saudoso mestre, outra figura ilustre da Medicina portuguesa, intitulou a sua intervenção como «O Professor Pinto Correia e a gastrenterologia moderna». Na realidade, em larga medida a modernização deste ramo médico em Portugal ficou a dever-se à sua intervenção através do trabalho intenso e persistente que desenvolveu durante toda a sua vida.
Foi vice-reitor da Universidade de Lisboa.
Henrique Pinto
Outubro 2010
FOTOS: Fernando Nobre, Margarida Pinto Correia e Henrique Pinto (foto J. Amaral Antunes); Margarida Pinto Correia; Professor José Pinto Correia; Fernando Nobre, Margarida Pinto Correia e Henrique Pinto (foto J. Amaral Antunes)

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