Os que entenderam que a evolução mais recente da
globalização acabaria com os nacionalismos ou diluiria as culturas locais,
estavam enganados. Quem idealizou que tombado o Muro de Berlim os imperialismos
seguiriam o caminho dos seus fragmentos – e grande foi a polémica filosófica,
desde O Fim da História ao Conflito de Civilizações -, laborava no erro. Os que
viram a imprensa do futuro como obra de jornalistas, como Alain Minc no fim dos
anos noventa, estava a léguas de imaginar este mundo de propaganda e de ilusão
que nos rodeia hoje. Dia após dia vemos lançarem-se lebres na comunicação para
se apreciar quem mais depressa crê. Quem se ilude com promessas e não é noviça
no amor cedo se amargura. Alguém muito ingénuo tomará por vero dizer-se que as
pessoas não saberem quando fazem mal, se prejudicam os outros, ou que, se o
fazem, nunca é no seu próprio interesse ou no do clã. Existirão seguramente saídas
laicas e não esotéricas para a esperança. Mas ter-se-á de pugnar muito para
lograrmos outras vias de representatividade do espaço público, físico e intelectual.
Abril 2014
Henrique Pinto
Sem comentários:
Enviar um comentário