Cada um é como é. Mas
a crítica viperina normalmente esquece as diferenças porque a obstinação/má
formação é cega. Dou menos valor agora às citações do que já dei. Talvez porque
elas também tenham ajudado a ser o que hoje sou. Mas ao ler a frase «ser
amigável, amoroso, autêntico, inocente sem causa, é suficiente para disparar
muitos egos sobre si…», atribuída a Osho, um guru agora tão em voga, lembrei-me
de ditos sábios de minha avó Margarida.
Eu não discuto estratégias
nem dou conselhos a quem dirige organismos de que saí pelo meu pé. E até hoje
foram muitos. Quando cantava Lopes-Graça num dos coros universitários apreciava
muito a melodia de “As vindimas”. Um dos versos populares rezava assim: «não se
me dá que vindimem vinhas que eu já vindimei». Por isso ninguém espere de mim
opinião que não me tenha sido pedida sobre o rumo que entendeu seguir. A não
ser que toquem no que mais me orgulha, o poder andar de cabeça erguida.
Pessoa amiga dizia
recentemente num oráculo da minha maior estima qualquer coisa como isto: «eu
não tenho tantas possibilidades de chegar ao primeiro-ministro como o Dr.
Henrique Pinto». Claro que tem. Qualquer dirigente duma organização de vulto da
sociedade civil tem de tê-la. Isso não acarreta abdicar de nenhum dos seus
princípios. E na verdade, para levar a água ao moinho é preciso refugiarmo-nos
temporariamente dalguma exposição pública menos abrangente para que possamos
abrir todos os caminhos.
Em verdade, evocando
esses ditos colhidos na infância, como por exemplo, «as pessoas sabedoras têm
mais inimigos do que as que o não são», recomendo vivamente, hoje ninguém pode
deixar de querer saber cada vez mais. Mesmo se as autoridades do país lhe
chamarem tolo (a todos os níveis do mundo se discute hoje a renegociação das
dívidas soberanas e vejam o acontecido a quem se manifestou nesse sentido cá no
burgo), ou os que o rodeiam lhe deem cabo da reputação. A defesa de todos e de
cada um estará cada vez mais no saber.
É a mesma situação que alguém
arvorar perante outrem qualidades morais, como loas ao rigor e à transparência
da sua prática. Quer fazer passar a mensagem que há quem as não tenha. Pois
claro que há! Mas então não se deixem dúvidas a pairar no ar. Sobretudo quando
não se tem uma experiência prática tão blindada quanto isso. E na verdade esse
é o grande vetor da linguagem na sociedade portuguesaAbril 2014
Henrique Pinto
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