terça-feira, 1 de abril de 2014

NÃO SE ME DÁ QUE VINDIMEM!

Cada um é como é. Mas a crítica viperina normalmente esquece as diferenças porque a obstinação/má formação é cega. Dou menos valor agora às citações do que já dei. Talvez porque elas também tenham ajudado a ser o que hoje sou. Mas ao ler a frase «ser amigável, amoroso, autêntico, inocente sem causa, é suficiente para disparar muitos egos sobre si…», atribuída a Osho, um guru agora tão em voga, lembrei-me de ditos sábios de minha avó Margarida.
Eu não discuto estratégias nem dou conselhos a quem dirige organismos de que saí pelo meu pé. E até hoje foram muitos. Quando cantava Lopes-Graça num dos coros universitários apreciava muito a melodia de “As vindimas”. Um dos versos populares rezava assim: «não se me dá que vindimem vinhas que eu já vindimei». Por isso ninguém espere de mim opinião que não me tenha sido pedida sobre o rumo que entendeu seguir. A não ser que toquem no que mais me orgulha, o poder andar de cabeça erguida.
Pessoa amiga dizia recentemente num oráculo da minha maior estima qualquer coisa como isto: «eu não tenho tantas possibilidades de chegar ao primeiro-ministro como o Dr. Henrique Pinto». Claro que tem. Qualquer dirigente duma organização de vulto da sociedade civil tem de tê-la. Isso não acarreta abdicar de nenhum dos seus princípios. E na verdade, para levar a água ao moinho é preciso refugiarmo-nos temporariamente dalguma exposição pública menos abrangente para que possamos abrir todos os caminhos.
Em verdade, evocando esses ditos colhidos na infância, como por exemplo, «as pessoas sabedoras têm mais inimigos do que as que o não são», recomendo vivamente, hoje ninguém pode deixar de querer saber cada vez mais. Mesmo se as autoridades do país lhe chamarem tolo (a todos os níveis do mundo se discute hoje a renegociação das dívidas soberanas e vejam o acontecido a quem se manifestou nesse sentido cá no burgo), ou os que o rodeiam lhe deem cabo da reputação. A defesa de todos e de cada um estará cada vez mais no saber. 
É a mesma situação que alguém arvorar perante outrem qualidades morais, como loas ao rigor e à transparência da sua prática. Quer fazer passar a mensagem que há quem as não tenha. Pois claro que há! Mas então não se deixem dúvidas a pairar no ar. Sobretudo quando não se tem uma experiência prática tão blindada quanto isso. E na verdade esse é o grande vetor da linguagem na sociedade portuguesa
Abril 2014
Henrique Pinto

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