Nunca gostei de acessórios. Razão para nunca ter posto cravos ao
peito, usado emblemas avulso, repetido as modas, partilhado rituais ou navegar
no esoterismo.
Faço parte da metade dos portugueses que viveu Abril com paixão. O
seu significado profundo está vivo em mim para lá de qualquer das celebrações.
Voltei a sentir entusiasmo e esperança semelhantes quando aceitei ser
mandatário duma candidatura política (a única vez em que acedi a pedidos tais).
Conheci meio mundo e corri outro que tal. E em todos os caminhos – da vida
profissional ao associativismo, da vida como Rotário até me candidatar a
diretor mundial, ou à construção de algo singular como o Orfeão de Leiria -,
desenhei os sentidos de Abril, os predominantes na minha geração.
Mesmo porque tudo muda e quem não aprende sempre acaba por causar
infelicidade ao Outro, cursei todos os diplomas académicos possíveis.
Tenho
consciência das limitações de Portugal e dos portugueses. Nunca fugi dos
cenários piores como muito boa gente fez. Talvez por isso veja com esperança um
novo Abril, o do conhecimento que transforma e enriquece o espírito e o bem
estar. Lobrigo um novo mundo, longe dos de Huxley ou
Marx, onde a consciência
do social, a vida plena de cada um e os imperativos da cultura se enlacem. O
pin da maior campanha de saúde pública à escala do planeta, a do combate à
poliomielite, onde, profissional e voluntariamente, tenho insistentemente vivido,
esse assessório usá-lo-ei hoje como ícone do futuro.
25 de Abril de 2014
Henrique Pinto
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