Numa reunião de Rotary em 2001 na cidade francesa de Lyon um
governador nórdico fez uma pergunta ao então presidente mundial, o irascível
mas também muito simpático Richard King. Um dia em Los Angeles, estando à
porta, de anfitrião, no almoço em sua honra, inquiriu-me, referindo-se à minha
companheira: - É tua filha? Fiquei balançando, entre o ufano por estar com uma
mulher jovem e o furibundo, será que me está a chamar velho?
Eis a dita pergunta daquele governador:
- Se a organização paga as viagens às esposas dos
governadores porque não o faz, se o governador é gay, em relação ao seu
companheiro?
Mormon, de Salt Lake City, antigo showman das televisões,
Richard King subiu o tom da voz para um patamar histriónico, teatral, quase shakespeariano,
e alvitrou de rompante:
- Só quando houver um presidente escandinavo!
Quase dois anos depois eu e Carl-Whilhelm Stenheimer, meu
bom amigo, sueco, tinha sido eleito presidente mundial um mês antes, tomávamos
uma cerveja no bar do Hilton em Zurique.
- Sabe o que Richard King disse um dia… ?, e contei-lhe o
episódio ocorrido em França. De pronto respondeu: - Porque não !?
- Imagine-se que o governador era muçulmano, como boa parte
dos nossos companheiros pelo mundo, e se ainda por cima possuidor dum belo
harém, que teria dito King?, pensei eu
E é assim, a diferença a marcar o pensamento numa
organização viva, que no entanto não deixa de ter pessoas obtusas,
egocêntricas, importantes apenas porque há quem dependa delas, às vezes até
pela própria saúde. Enfim, gente que só pensa no seu ego mesmo se isso
prejudica os seus compagnons de route e quantas as vezes a própria instituição.
Mas disso existe por todo o lado. Nem estaríamos neste mundo se assim não
fosse.
Maio 2014
Henrique Pinto
Sem comentários:
Enviar um comentário