Se o emprego baixa em
pleno Agosto a economia tem de estar complicada. É difícil a um leigo como eu,
mesmo se instruído, encontrar quaisquer melhorias nos últimos quatro anos. Como
não é crível serem de todo ignorantes dois terços dos votantes, provavelmente
os portugueses ter-se-ão demonstrado mesmo descontentes com semelhante estatuto
do país. Se a isto somarmos o maior número de abstencionistas de sempre em
eleições para o parlamento, compreende-se mal o sururu reinante entre a crítica
situacionista. O reino como o mar não pode ficar à mercê das mesmas correntes.
E não é necessário pegar
na macroeconomia para aí chegar, embora custe a crer como o dinheiro externo e
interno se esvaiu sem alguma vantagem. Atente-se tão só em dois ou três aspetos
conjunturais singelos. Tanto se fala na zona económica exclusiva no nosso mar.
E que se fez? Se nem mesmo a proteção da costa e o apetrechamento das barras
tem o mínimo de sustentação. O naufrágio da Figueira da Foz é apenas um dos
sintomas do desinvestimento, dum olhar de soslaio e pouco sério.
Quando se favorece o
ensino e a saúde privadas num quadro de não insuficiência estrutural do setor
público, e se desamparam de tal modo franjas da inteligência e sensibilidade,
como o ensino artístico, a investigação, o desejável enquadramento de
universidades e politécnicos, que pensar? Quando se deixa ao Deus dará quadrantes
específicos da saúde, mormente nas doenças raras, na oncologia com listas de
espera por cirurgias inapeláveis a engrossarem, por muita simpatia que o
ministro possa suscitar, que pensar? Que dizer do mandante educacional tão acérrimo
crítico dos seus antecessores? Que crédito a atribuir ao influente colega meu
que secretaria a saúde enquanto governante? Até aplicou taxas moderadoras aos
dadores de sangue, alegando superavit,
para logo depois ter de se importar travejamento tão vital para as vidas em
risco!
Creio assim imperioso o explorar
de todas as possibilidades de efetivar novas maiorias políticas, em face dos
dados eleitorais recentes, tanto mais quanto a quarentona Lei eleitoral só por
si jamais o possibilitará.
Outubro 2015
Henrique Pinto
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