sábado, 10 de outubro de 2015

QUE SE DANE O NIRVANA DA MENTIRA!

Nos EUA governante ou gente pública a cometer perjúrio ou a viver um deslize sexual é, não raro, esconjurado na grande praça da ignomínia. Por cá, exaltam-se ambas as faces de Jano. Pois bem, cada um que tenha os eflúvios sensuais a seu gosto. Ao mascarar da verdade um sumiço lhe dê!
Um amigo meu comentava aqui, enigmaticamente para mim, a ausência do grosso do povo socialista no comício de Costa em Leiria, atribuindo-a a uma nuvem conspiratória local. As minhas militâncias nunca foram partidárias, antes se cingiram à cultura, à educação, a causas cívicas e ao saber fazer em áreas profissionais. Porém, sempre entendi as dissensões em momentos de necessária unidade como o escancarar da capoeira quando a fome é rainha.
Conheço António Costa, sei dele ser pessoa íntegra e muito capaz. Desconheço o que lhe vai na alma. Porém, a procura e consolidação de caminhos nunca trilhados afigura-se-me a via da difícil verdade. Aos distraídos no momento do ousar apenas me ocorre dizer, olhem para a Europa onde há maiorias de governo constituídas por segundos, terceiros e mesmo quintos votados. Sejam corajosos e humildes, guardem as supostas afrontas para outras núpcias, não borrem a pintura!
O meu amigo Guilherme de Oliveira Martins, presidente do Centro Nacional de Cultura, deixou agora a liderança do Tribunal de Contas para entrar no executivo da Fundação Gulbenkian, em substituição do seu antecessor como ministro da educação. Tal mudança representa um upgrade cultural e educacional substantivo num país onde falar de tal coisa é descer ao nível da minhoca aos olhos neoliberais. Está no mesmo patamar da procura de soluções governativas em terreno onde estes mesmos valores colhem particular atenção. Não queiramos recair no nirvana da mentira.
Outubro 2015
Henrique Pinto



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