O homicídio domina
superlativamente a temática fílmica e televisiva. Depois dos westerns – adoro o
género, digo já – onde os cowboys no cinema eliminaram
metade dos habitantes da Califórnia, nas últimas décadas o assassinato ganhou
foros de eleição no mundo dos textos e scripts, da literatura à tela. Há bons
estudos sociológicos a isentarem os média como responsáveis pelos crimes da
vida real. Alguns, porém, admitem a criação de clima favorável. De qualquer
modo só a monotonia já se torna entediante em termos de saúde mental.
É possível e desejável
fazer obras muito boas no filme como na literatura longe desta temática. A
série Lei e Ordem, da conservadora Fox, é afinal, dentro do género crime, um
produto de boa qualidade, explorando preventivamente outras abordagens,
designadamente o rapto de menores e o abuso e violação sexual. Há formas de
escapar à generalização.
A globalização – coisa boa
em si – teve no cinema uma das suas expressões mais conseguidas. Talvez se
falasse com mais propriedade se nos referíssemos mesmo a americanização.
Todavia, se em muitos
aspetos tal mundialização não fechou no global deixando as portas abertas à
transição deste estádio para o particular, ao invés do imaginado e temido por
inúmeros profetas da desgraça, na verdade afigura-se difícil para já uma
reversão da temática homicídio. Tanto mais quanto o liberalismo económico
dominante na União Europeia não parece suficientemente forte para o evitar, nem
sensível à frase da campanha de Clinton, tão reiterada, «as pessoas em primeiro
lugar», aquando em sede de discussão do acordo global de comércio com os EUA.
Outubro 2015
Henrique Pinto
Julianne Margulies
Sem comentários:
Enviar um comentário