Não é tempo de ir à bruxa.
Urge confiarmo-nos à medicina baseada em provas. Infelizmente o país está na
mão de multinacionais das dietas em franchising,
drenantes, detox diets e suplementos,
inutilidades perigosas. Para maior confusão, boa parte das farmácias comercializa
tais produtos. Nunca em Portugal houve algum controlo deste mercado. Uma
minoria de pessoas a exercer o papel de nutricionistas nestes estabelecimentos fá-lo-á
por formação. Mesmo se a lição da Faculdade nada tiver a ver com tal exercício.
Até alinham farmacêuticos. Aceita cargo semelhante – impingir «medicamentos»
deletérios ou inúteis -, quem manda ou tem perto o desemprego. Remuneram-nos tais
empresas e por regra o cliente não paga «consulta» ou gasta uma ninharia. Só tem
de comprar a droga.
À gente qualificada envergonhará
fruir concorrência desta natureza. Quem superentende não a terá? País
empobrecido é refém de tudo. Quando a justiça se redime no circo e à ética se eximem
seus naturais paladinos que haverá a esperar em termos de boas práticas?
Safámo-nos por ora da
Legionella, a terceira epidemia em extensão na história da doença. Pena é
competir a um dos ora ministros mais competentes tutelar o ambiente. Porquanto
terá de dizer-se, fosse cumprida a regulamentação de vigilância e tal surto
jamais assumiria estas proporções. Sei o que me desgastou mandar encerrar um
edifício da Segurança Social por «doença» semelhante nos seus efeitos! Competirá
a uma Justiça apoucada equacionar quanto vale uma vida, o quão importante é
para a «economia» não incomodar os produtores de veneno, omnipresentes, de
hospitais a hotéis e grandes repartições públicas e privadas.
Não tenho dúvidas quanto à
honorabilidade dos Bastonários de Farmacêuticos e de Nutricionistas (e
dietistas!). Face a seus discursos de intenções não deixarão de questionar esta
praxis, tão nociva para o bem estar
dos portugueses como a legionelose. O princípio mor da sua tutela é o da ética.
São entidades credíveis para obstarem ao logro nacional. O ministro referido já
pôs no terreno, célere e eficazmente, algumas medidas potencialmente
dissuasoras. Se estes Bastonários, no a si respeitante o fizerem também, a
Saúde agradecer-lhes-á.
Henrique Pinto, Professor Doutor
Nutrição Clínica
Jornal Distrito Online
Edição de Janeiro 2015
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