Há períodos fascinantes na
vida de muitas pessoas. Descobertas, chegadas, alvoradas radiosas e partidas para
a aventura espiritual como só o conhecimento proporciona. A série televisiva Star
Trek abriu a mente de muitos ao desconhecido, à imaginação, ao fascínio da
ciência e da ficção sobre ela. A magia dos habitantes humanoides de Vulcano,
por demais inteligentes e insensíveis a sentimentalismos – sem deixarem de ser
pessoas boas – , dotados duma intuição francamente premonitória, era intrigante
e apelativa. Pois a personagem Senhor Spock, interpretada por Leonard Nimoy,
sobrancelhas excessivamente arqueadas, orelhas como flechas erguidas ao céu, o
conselheiro inexorável, calculista de inflexível acerto, quase dedução
matemática a superar os atributos da estatística como ciência de previsão, muito
impressionou a minha geração, e em particular a mim mesmo na transição da
adolescência para adulto jovem, universitário, bom aluno de matemática, adepto
do rigor e iniciante de medicina, a minha paixão de criança até hoje.
Leonard Nimoy faleceu
agora aos 83 anos, cumprindo o ciclo da vida, incontornável. A notícia fez manchete
no planeta. Foi um acontecimento natural, que se lamenta, obviamente, e deixa
um travo de amargura. Tais pessoas são sempre primas chegadas de toda aquela
Humanidade que as pôde conhecer e admirar. Contudo, importante e inesquecível,
superior ao fait divers, é a memória
coletiva do universo que impressionou e o quanto a sua produção estética e intelectual
sensibilizou a abertura ao saber e o deleite espiritual erudito em tanta gente.
Bem haja por ter vivido Mr. Spock!
Fevereiro 2015
Henrique Pinto
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