Em História não há ses, dizia meu
professor Luís Ardisson. Mas há consequências e ilações.
Homens e mulheres pessoas
más, donos do mundo sanguinários, ditadores, diabos vivos, sempre os houve. O
mal é um atributo dos homens contraposto ao bem.
Extirpar um mal pela raiz,
qual cancro a minar um corpo, belo ou não, é sempre uma aventura. Se não for
possível preveni-lo há que curá-lo. Mas a cirurgia tem de ser rigorosa.
Os homens aboliram a pena
de morte porquanto ela, para além de irremediável punição de putativos
inocentes, em nada contribuir para a harmonização da humanidade. Os exércitos
usam-na para desmoralização das tropas inimigas. Mas…
Havia um ditador no Iraque
(país laico de muçulmanos e cristãos). Era um ditador de desmandos e
gabarolices. O clã Bush, dos EUA, primeiro como apoio às empresas de armamento
onde tinha interesses, depois sabe-se lá qual a razão válida, atacou e mais
tarde invadiu o país do ditador, e executou-o.
Havia um ditador na Líbia
(país de grandes interesses na Europa). Era um ditador exotérico, grandiloquente,
louco como todos os ditadores. O senhor Hollande, na única ação de vulto conhecida
depois de distribuir pizza em motoreta, acolitado pela NATO, apoiou as tropas
rebeldes, o ditador foi morto e esventrado gratuitamente.
Ambos os países são hoje o
grande palco da Al Qaeda e do neo Califado Islâmico. O mundo assiste às cenas
mais dolorosas desde sempre, numa violência gratuita e feroz, supostamente em
nome do profeta Maomé. E a podridão resultante, como gangrena, mina as
diplomacias e a estabilidade em todos os cenários.
O «olho por olho, dente
por dente», é belo na Obra de Shakespeare. Aí, aos valores negativos associados
às figuras das filhas mais velhas do Rei Lear, Regan e Goneril, contrapõem-se
os de Cordelia e do conselheiro Kent, a materializarem um dos mais
significativos elementos na concretização do ideal de justiça: a verdade. Nada
têm de ascendente do ódio como medida de retaliação. Já Mahatma Gandhi disse há um século, «De olho por olho e dente por dente o mundo acabará cego e desdentado».
Acredito nos anjos (tal a canção dos
Abba recriada em Mama Mia, I believe in Angeles) e no mal, corporizados na
humanidade. Repudio ostensivamente, tanto as medidas extremas presentes em
ambos os exemplos, quais soluções para o paraíso. E acho ignóbeis todas as
situações de tolerância espúria e egocêntrica para com as emanações do mal, seja por estratégia
ou incompetência mimetizada na bonomia. Os pactos germano soviético e o Tratado
de Munique, ambos feitos com Hitler, primeiro pela Rússia e depois por Inglaterra,
bem como a cedência a Mussolini a troco duma aliança contra natura, sacrificando
a Etiópia (uns e outra evitáveis se Chamberlain tivesse mais dotes
diplomáticos e coragem para o discernimento), deram origem ao conflito mais sanguinário da história humana.
Fevereiro 2015
Henrique Pinto
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