«José Carlos Malato, 50
anos, submeteu-se recentemente a uma cirurgia para conseguir perder peso. O que
o levou a tomar essa decisão arriscada, pois poderia correr risco de vida
durante a operação, foram as dietas fracassadas e os dois enfartes sofridos»,
lê-se na folha de rosto MSN.
Conheci Malato quando ele
era magro. Na altura teve a gentileza de, graciosamente, ter feito a voz para
um spot sobre a coleta de fundos para
a erradicação da poliomielite. A meu pedido (recusam-se todas as colagens) a
administração da RTP presidida por Almerindo Marques, com Luís Andrade a
diretor (obrigado ainda a ambos os amigos), fez esse pequeno filme de 20
segundos. De hora a hora passou nos quatro canais da estação televisiva durante
uns meses e foi visto por milhões de pessoas mundo inteiro, quando replicado.
Lembro-me de ter sido reconhecido num aeroporto africano quando o anúncio
estava no ar.
Gostei sempre muito da
cidade de Chicago. Num domingo de 2005 em que se fez a minimaratona do
centenário Rotary, vi milhares de pessoas fazendo desporto fora do trajeto
oficial. Há imensos parques e circuitos desportivos, nomeadamente o da Marinha
onde Obama proferiu o primeiro discurso de presidente. As televisões emitem spots sobre desporto, qualidade de vida
e alimentação saudável, pagos pelo município. E ao invés do resto da América,
as pessoas são magras e elegantes.
Em Portugal a Nutrição é
um mundo de tubarões e de concorrência pouco ilustrada. Judite de Sousa como
pivô dá-nos conta doutro pretenso estudo de Cambridge a dizer que «o
sedentarismo mata mais que a obesidade». Como se o excesso de peso fosse
despiciendo! Ora, o primeiro está a montante da segunda como uma das suas
causas. Combater um e minorar a outra. Todavia, pedagogia não há nenhuma. Olhamos
do ponto de vista clínico para as perdas de peso rápidas e acentuadas, para as
dietas da moda, equilíbrio de calorias e de exotismo, e entorpece-nos o olhar.
Aos que nadam em tais águas é como fazer trapézio sem rede. Na ausência duma
educação alimentar, sem seguimento de manutenção, tanto dietético como
espiritual, o retorno ao gólgota do peso é inevitável e mais gravoso.
Segundo a observação de
tais notícias, pode bem ter sido o sucedido com Malato Correia. Assim os
portugueses possam fruir da sua experiência negativa. Com os votos pessoais de
toda a sorte do mundo.
Março 2015
Henrique Pinto
In Diário de
Leiria e Distrito Online
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