Henrique Pinto com Professor Doutor Manuel Antunes
Boa parte de quem frequenta
a minha consulta de Nutrição Clínica são náufragos das dietas da moda, dos
exageros na perda de peso, ou desesperados por já terem corrido todas as
capelinhas, por falta de disciplina, pelo recurso aos piores meios
(medicamentos dietéticos, toda a quantidade de suplementos das multinacionais e
não só e ervanárias), sob os quais não impende qualquer controlo ou regulação
do Estado. Infelizmente para o país está para sair legislação a aumentar o
número de drogas a não carecerem de prescrição médica e a poderem ser vendidos
nos Correios, bombas de gasolina, quiosques, supermercados e por aí adiante. Na
sua generalidade são ainda produtos não sujeitos a qualquer ensaio clínico.
Nada a opor à conhecida medicina alternativa, mesmo se com reservas. Em tudo a
favor da medicina baseada na evidência. Num país com mais de 40% de iliteracia
considero ultrajante este arrojo do liberalismo económico, vindo donde vier.
Quanto valem as vidas humanas?
Carla Trafaria
Pois bem, mesmo a alguns
clínicos falta a base nutricional. Uma certa parte assume uma de duas posições
antagónicas: os que não pensam em regime alimentar e vão direto a medicação;
quantos desencorajam os doentes a consultarem um especialista em Nutrição,
alegando que este lhe pode prescrever medicamentos.
Pois coloco aqui um exemplo
médico bem concreto. A maioria das pessoas com colesterol alto pode combate-lo
só com a alimentação equilibrada e acompanhada. Ao fim de alguns meses está
reduzido para metade e a pessoa pode fruir a sua líbido.
No caso específico da
prevenção das doenças do coração e dos vasos sanguíneos continua a melhorar a
nossa compreensão do papel dos fatores da dieta com implicações práticas
importantes. Vejam-se os fatores dietéticos chave neste contexto: manutenção do
peso ideal do corpo (IMC 20-25 Kg/m2); redução no consumo de gorduras
saturadas; uso no cozinhar de gorduras insaturadas, nomeadamente o azeite de
oliveira; consumo de frutos e vegetais várias vezes ao dia; consumo de
quantidades bem moderadas de hidratos de carbono complexos (pão, arroz, massas alimentícias, leguminosas e
batatas); consumo de fibra dietética, particularmente fibras solúveis
(frutas e vegetais); ingestão aumentada de peixe gordo (salmão, sardinha);
redução na ingestão de sal; moderação nas tomas de álcool.
Reitor da Universidade de Aveiro Professor Doutor Manuel Assunção e Henrique Pinto
O reconhecimento da associação
entre gordura saturada da dieta, níveis de colesterol do plasma, e risco de
doença cardíaca coronária, conduziu à adoção de medidas dietéticas para baixar
o colesterol como ponto forte da estratégia preventiva. Está também a focar-se
o interesse para outros fatores de risco modificáveis como o HDL (o colesterol
bom que remove o mau, o LDL) e Triglicerídeos como alvos de intervenção.
Ensaios clínicos com
dietas ricas em peixe gordo demonstraram reduções impressionantes no risco de
doença cardíaca coronária. Ao mesmo tempo que a toma de suplementos em
antioxidantes se mostrou um desapontamento. Mas a adoção duma dieta
equilibrada, rica em antioxidantes, é comprovada pela evidência dos resultados.
O estilo Dieta Mediterrânica pode aproximar-nos desse padrão ideal de alimentação
cardioprotetora.
Henrique Pinto,
Professor Doutor
Consulta de Nutrição
Clínica
In Diário de Leiria e Jornal
Distrito Online
Dra. Ana Espírito Santo (Guia, Cascais)
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