Tanto entre o público em geral como entre profissionais
com alguma formação em nutrição é vulgar o ouvir-se «não coma isto, não coma aquilo, os
açúcares, o leite, a fruta, a água, etc., engordam». E quantas vezes tal não
sucede mesmo entre os propaladores das dietas da moda, dietas super restritivas
com uma série de proibições pelo meio, e algumas novidades que enchem o olho,
como os Detox, sumos «energizantes». Estes sumos naturais são a nova tendência
para os que pretendem ter mais saúde e energia. Conjugam os benefícios dos
vegetais e fruta crua e não fazem mal algum. Mas, só por si, não suprimem as ditas restrições.
Para ter um desenvolvimento normal o indivíduo tem de ingerir
vitaminas e oligoelementos e alimentos das três categorias: glúcidos (açucares),
proteínas e gorduras, mas na dose certa. Fazer regimes onde se diminuem
cegamente os maiores produtores de energia (glúcidos e gorduras), induzindo
emagrecimentos rápidos (que normalmente retrocedem ao fim de algum tempo,
dececionando o utilizador), é um disparate. Por mais artificialismos que se
introduzam, o tal ar de juventude e de diferença, para tornar a dieta moderna e
atraente.
Eis um exemplo apenas em como a introdução de gorduras na
dieta pode ser perfeitamente saudável. O colesterol não se dissolve no sangue.
Deve ser transportado através da corrente sanguínea por transportadores, as
lipoproteínas, cujo nome deriva de gordura (lípidos) e proteínas. Os dois tipos
de lipoproteínas que transportam o colesterol de e para as células são
Lipoproteínas de baixa densidade (LDL) e de alta densidade (HDL). O LDL é
considerado o «mau» colesterol porque contribui para a formação de placas de
ateroma nas artérias (aterosclerose), suscetíveis de induzirem «ataques» do
coração e AVC. O HDL, ou «bom» colesterol ajuda a remover o LDL das artérias.
Portanto, na dose ideal, ajuda a proteger o indivíduo destas mesmas situações
clínicas. Ora os peixes gordos de águas profundas como salmão, truta, cavala,
arenque e até a sardinha (hoje um condimento usado pela generalidade dos chefes
de alta cozinha), são ótimos portadores de HDL (bem como doutras caraterísticas
saudáveis). Alternando carne e peixes assim no seu regime pode lograr bons
efeitos.
Difícil mesmo é convencer alguém a combater os efeitos deletérios
dos maus regimes alimentares com roupagens jovens. Ora é possível, com técnicas
práticas como o PNL, Programação Neurolinguística, programar a nossa mente para
alcançarmos os objetivos que se desejam. Há por aí muito boa gente (a maior
parte sem qualificações adequadas) capaz de ajudar neste sentido, os coach. No entanto, o médico graduado em
Nutrição Clínica, tem a estrita obrigação de saber aplicar tais ferramentas da
psicologia com o propósito de melhorar a relação do indivíduo com a sua dieta.
Outubro, 2014
Henrique Pinto