A descriminação em relação aos
gordos é um fator histórico e conjuntural. Todavia, ao invés do que aprendi
enquanto estudante de medicina, a obesidade é agora tida não como puro desleixo
mas eminentemente como um fenómeno inflamatório – mediado exatamente pelos
mesmos fatores químicos da inflamação já conhecida -, embora sem a tríade de
sinais rubor, calor e dor.
E mais, há uma certa dependência do organismo em relação
ao seu estado de gordo. A obesidade, mais do que causada por um regime
alimentar com uma elevada carga energética, uma verdade indiscutível, é-o
sobremaneira pelo hábito de ingestão de comida com um conteúdo errado em macronutrientes.
Bastará então aprender a comer bem para emagrecer? É importante, sim, mas não
suficiente. Porquanto é por igual relevante a vontade de mudar, o adquirir um
novo estilo de vida, na convicção que o retorno ao regime anteriormente
praticado conduzirá inexoravelmente ao ganho do peso entretanto perdido. Ora
essa mudança não toca só a pessoa gorda em si mesma mas também a sua envolvência.
Imagine-se aquele padrão muito clássico de má educação –
verificável transversalmente -, em que este ou aquele sujeito próximo não
abdica da piada ou do ridicularizar e diminuir quem tem peso a mais. Isto é um
exemplo de ambiente como o são os hábitos de convivência, o jantar fora por
sistema, tarde, à pressa, vendo televisão ou a ler o jornal, abusar dos snacks todo o santo dia, deixar-se ir na
publicidade, na moda, nas propostas fáceis e rápidas de cura, e por aí adiante.
Ora a obesidade é o resultado da interação entre um indivíduo que tem algumas
caraterísticas favorecedoras da suscetibilidade para a obesidade, e o ambiente,
por sua vez indutor de suscetibilidade para produzir obesidade.
Outubro 2014
Henrique Pinto
Obrigado companheiro Henrique!
ResponderEliminar