Os principais fatores ambientais que predispõem para a
obesidade, são: disponibilidade e promoção pela indústria, através de
publicidade, de comidas gordurosas, com uma capacidade energética alta, em
detrimento da fruta e vegetais, por exemplo; o uso e abuso do transporte
motorizado em vez do andar a pé ou de bicicleta; e o indivíduo ficar a ver
televisão quando poderia ter qualquer participação ativa em práticas de lazer.
Por isso é cada vez mais importante a disseminação
através de contra publicidade, dentro dos princípios da ética, sobre as causas
e consequências da obesidade. Os interesses comerciais na promoção de atitudes
disparatadas para a perda de peso não são fáceis de ultrapassar.
Mudar o ambiente para fazê-lo menos propenso à obesidade
está um tanto para além do poder dos cidadãos individualmente, por melhor
informados que estejam. Essa mudança requere, necessariamente, a ação dos
governos. É um imperativo de saúde pública e deveria importar, transversalmente,
à missão de vários ministérios.
No entanto, o dizer-se que tal implica «gastar o dinheiro
dos nossos impostos», como acontece nalguns países com maior duração recente de
políticas liberais, é uma pedantice ignorante. O triste exemplo da ministra da
saúde da Finlândia, a propósito do Ébola, é bem ilustrativo dessa arrogância de
novo rico. As fugas à realidade do terreno, assentes nas políticas de
austeridade, também consideram despicienda a saúde pública. À semelhança de
Lenine, que quis implantar um regime supostamente igualitário num país
miserável e de grandes distorções, há os que estimulam os enormes
desequilíbrios em países igualmente pobres, em nome das políticas económicas liberais.
Espero que não venha alguém do ramo a questionar «o que é
que a política económica tem a ver com a obesidade?». Tem tudo.
Henrique Pinto
Outubro 2014
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