sábado, 18 de outubro de 2014

VÉNUS PERANTE O ESPELHO

Há palavras contundentes para identificar riscos evitáveis. Mas o que há a temer não são as palavras em si. O receio só deve ser vigoroso se esse alguém não encontrar um ombro amigo e poder ouvir falar de boas práticas. Coisa afinal tão fácil de ultrapassar. Há suficientes profissionais bem qualificados e de formação diversa habilitados para ministrarem, de forma eticamente superior, esse apoio tão necessário.
Como vimos num texto anterior, a principal causa de morte entre as pessoas obesas, é a doença cardíaca coronária. Sobretudo em pessoas jovens, a própria obesidade aparece às vezes associada a hipertensão e AVC.
A Tensão alta, os triglicerídeos do sangue elevados e o colesterol LDL alto (o chamado de mau colesterol), uns e outro formações lipídicas (gorduras), favorecem a formação de lesões ateromatosas nos vasos sanguíneos, precursoras de aterosclerose. E há ainda, entre os obesos, o risco acrescido de anormalidade dos fatores de coagulação. O que mais favorece a probabilidade de ocorrerem tromboses e enfarte do miocárdio.
Todos estes distúrbios melhoram substantivamente com terapêuticas de redução do peso. É uma afirmação forte e inquestionável. A mesma perda ponderal intencional de meio quilo a nove quilos (a que me referi noutro texto a propósito da diabetes), tem aqui a responsabilidade por minorar em 40 a 50 por cento as mortes possíveis relativas a cancros de afinidade com a obesidade (colon, reto e próstata, no homem, e endométrio, útero, cérvix, ovário e vesícula biliar na mulher).
Nem todas as senhoras podem rever-se com entusiasmo como Vénus ao espelho (de Rubens). O mesmo se podendo pôr em causa perante o ego narcisista. Mas todos, as senhoras e os cavalheiros, podem, estando informados do risco, habilitar-se a um programa terapêutico correto e a mudanças no estilo de vida.
Outubro 2014  

Henrique Pinto

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