sexta-feira, 31 de outubro de 2014

NÃO COMA ISTO, NÂO COMA AQUILO…, QUE HORROR!

Tanto entre o público em geral como entre profissionais com alguma formação em nutrição é vulgar o ouvir-se «não coma isto, não coma aquilo, os açúcares, o leite, a fruta, a água, etc., engordam». E quantas vezes tal não sucede mesmo entre os propaladores das dietas da moda, dietas super restritivas com uma série de proibições pelo meio, e algumas novidades que enchem o olho, como os Detox, sumos «energizantes». Estes sumos naturais são a nova tendência para os que pretendem ter mais saúde e energia. Conjugam os benefícios dos vegetais e fruta crua e não fazem mal algum. Mas, só por si, não suprimem as ditas restrições.
Para ter um desenvolvimento normal o indivíduo tem de ingerir vitaminas e oligoelementos e alimentos das três categorias: glúcidos (açucares), proteínas e gorduras, mas na dose certa. Fazer regimes onde se diminuem cegamente os maiores produtores de energia (glúcidos e gorduras), induzindo emagrecimentos rápidos (que normalmente retrocedem ao fim de algum tempo, dececionando o utilizador), é um disparate. Por mais artificialismos que se introduzam, o tal ar de juventude e de diferença, para tornar a dieta moderna e atraente.
Eis um exemplo apenas em como a introdução de gorduras na dieta pode ser perfeitamente saudável. O colesterol não se dissolve no sangue. Deve ser transportado através da corrente sanguínea por transportadores, as lipoproteínas, cujo nome deriva de gordura (lípidos) e proteínas. Os dois tipos de lipoproteínas que transportam o colesterol de e para as células são Lipoproteínas de baixa densidade (LDL) e de alta densidade (HDL). O LDL é considerado o «mau» colesterol porque contribui para a formação de placas de ateroma nas artérias (aterosclerose), suscetíveis de induzirem «ataques» do coração e AVC. O HDL, ou «bom» colesterol ajuda a remover o LDL das artérias. Portanto, na dose ideal, ajuda a proteger o indivíduo destas mesmas situações clínicas. Ora os peixes gordos de águas profundas como salmão, truta, cavala, arenque e até a sardinha (hoje um condimento usado pela generalidade dos chefes de alta cozinha), são ótimos portadores de HDL (bem como doutras caraterísticas saudáveis). Alternando carne e peixes assim no seu regime pode lograr bons efeitos.
Difícil mesmo é convencer alguém a combater os efeitos deletérios dos maus regimes alimentares com roupagens jovens. Ora é possível, com técnicas práticas como o PNL, Programação Neurolinguística, programar a nossa mente para alcançarmos os objetivos que se desejam. Há por aí muito boa gente (a maior parte sem qualificações adequadas) capaz de ajudar neste sentido, os coach. No entanto, o médico graduado em Nutrição Clínica, tem a estrita obrigação de saber aplicar tais ferramentas da psicologia com o propósito de melhorar a relação do indivíduo com a sua dieta.

Outubro, 2014
Henrique Pinto

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