Ainda não esfriou o
espalhafato da revista Time ao fazer parangonas sobre a cura eminente do cancro
em geral. Sabe-se, infelizmente, andar pelos 25% a taxa de mortalidade para
este universo de patologias. Terá sido uma mentira desbragada, tanto maior
quanto criou expectativas favoráveis muito amplas e altas.
Porém, há equívocos generalizados
sobre a saúde física e mental bem mais graves, porquanto assentam na ignorância,
no atavismo, no preconceito, e são suscetíveis de efeitos perversos numa escala
maior.
Só na última década a
esperança de vida ao nascer subiu à volta de cinco dígitos para homens e
mulheres. Esta onda vital tem consequências muito positivas no bem estar. E
força o pôr em prática de novas políticas, assistenciais e demográficas.
Aquela anedota tola, como
todas as anedotas o são, sobre o idoso de noventa anos com uma ereção vigorosa sem
se lembrar da utilidade de tal bênção é uma quase tolice. Provavelmente a
senilidade, o parkinsonismo, o Alzheimer, estas duas últimas patologias já
identificadas como ligadas ao metabolismo erróneo de proteínas, levarão mais
tempo a obter cura ou minoração, por relação ao cancro. Até pelo investimento
praticamente insignificante reservado à patologia mental.
Todavia, na ausência de
danos mentais graves, o relacionamento sexual ativo é hoje mais longevo, a
acompanhar as melhorias da qualidade alimentar, o exercício físico, a qualidade
de vida, a informação, a diminuição dos excessos medicamentosos, ou mesmo o
maior diálogo intergeracional. Os ganhos estéticos resultantes permitem-nos
dizer que uma pessoa de 60 anos, quase a entrar na tabela oficial dos idosos,
pode facilmente ter uma aparência cronológica de cerca de 20 dígitos para menos.
Além do mais homens e
mulheres usufruem hoje de ajudas farmacológicas e técnicas passíveis de
resolverem problemas extremos.
É dever dos médicos
contribuírem, clínica e socialmente, para aclararem tais questões. Até para não
deixarem tal dossiê à responsabilidade exclusiva das revistas do coração,
opacas e mitificadoras. Ora, de mitos, já temos quanto baste!
Henrique Pinto
Junho 2015
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