Uma vez Leonel Jospin disse a Guterres, «Oh António, se não fossemos nós…». A sobranceria sobre «le pauvre Portugal» mereceu-me respostas tortas, como agora no Conselho da Europa. Irrita como defesa de medusa. Perpetua a mentira sobre o buraco que foi e é a Irlanda.
A indignação suscitada pelos sábios que não acertaram uma única previsão macroeconómica no último meio século assemelha-se-lhe.
Hoje, a policromia política, de Louçã a Augusto Mateus, Miguel Relvas ou Nuno de Melo, condena o governo pelos ordenados vergonhosos dos gestores de bancos e grandes empresas. Sem beliscar o princípio da iniciativa privada, tenho a dizer-lhes: senhores, foram os accionistas que os puseram a usufruir tais ganhos. Accionistas que, sem oscilações de vulto, são os mesmos paladinos dum PEC a apelar a sacrifícios e a golpear fundo os alvos do costume: sector público, servidores do Estado e fruidores de pensões.
António Espanha, historiador e homem simples, em mesa redonda na TV, ainda sacou uns sorrisos de desdém a Vicente Jorge Silva até este se aperceber do seu pensamento sólido. Com modéstia desarmante falava do frigorífico que se compra e depois se corre seca e Meca para consertar. Deitava por terra o ónus de a ineficiência ser um mal exclusivamente público.
Evocar um país mais próspero é pensar esta incapacidade surda, sem iniciativa, pendurada em favores e políticas.
Nunca simpatizei um nico com pessoas tipo Armando Vara. Muito apreciei quando Jorge Sampaio exigiu que fosse posto com dono aquando das célebres Fundações, escapatória de dinheiros tão vil quanto a dos off shores.
Estando o país menos bem agora esperaria ver agilizado e visível o princípio da responsabilidade social, sobretudo por banda de gigantes como Telecom, EDP, BCP e por aí adiante. Nada disso, ou se apoia em exclusivo o futebol ou se canaliza para Fundações o dinheiro que mais ninguém vê e não é tributável. Pouco importa para as suas magnas decisões se com pouco faziam viver os criadores, os apoiantes da diferença física ou psíquica, ou os nutrientes organizativos e humanos da natureza. De supetão direccionam a «responsabilidade social» para interesses próprios. Mais empobrecem o país.
Esta visão económica escapará aos doutorados da política? A dependência de subsídios existe mas seguramente num circuito apertado. Por favor, não iludam o iliterato com argumentos tipo dependência de subsídios e nomenclatura quejanda, para fazerem valer tão bem remunerada mutilação social.
Henrique Pinto
Maio 2010
FOTOS: Lionel Jospin e Jacques Chirac; Catarina Vaz Pinto e António Guterres; Francisco Louçã; António Hespanha
In Região de Leiria, 07/05/2010
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