O que une (e divide) a humanidade é a história dela. A milenar luta pela sobrevivência, a educação e a cultura trouxeram-nos até aqui onde estamos. A política, as religiões (Cristianismo, Islamismo e o Hinduísmo) e o sistema financeiro actual, não foram, e continuam não sendo, grandes aliados nem das nossas sociedades e nem de nós, os meros indivíduos.
Em poucas palavras podemos constatar que estamos actualmente numa situação um tanto calamitosa, sem a previsão de uma melhora imediata.
E a natureza, cujas leis são impessoais, e que não se interessam pelo bem do homem, parece, que também não quer dar uma trégua a nós. Não me refiro só às mudanças climáticas momentâneas, para as quais pseudo-cientistas querem nos culpar. Eles estão-se referindo a alterações nos últimos 100 anos, enquanto a natureza se orienta em milénios ou em eras.
Onde tivemos milénios atrás água, temos hoje terra e vice-versa.
E nós saímos de uma Era Glacial e com certeza teremos uma nova chegando em milhares de anos. Um pouco de chuva agora não quer dizer nada. Nem a presença de CO2, do qual não existem valores confiantes sobre a real extensão.
O que estamos testemunhando hoje é uma natureza que domina implacavelmente o homem com terramotos e erupções de vulcões.
No caso da erupção do vulcão da Islândia vem à tona como é limitado o conhecimento do homem sobre as forças da natureza.
Agora, as coisas boas que aconteceram para a humanidade foram a invenção do Johannes Gutenberg (a máquina de imprimir), do James Watt (o motor a vapor) e muitas outras entre os quais destaco a do Paul Percy Harris (o Rotary).
Tudo que o Rotary nos deu foi totalmente benéfico para nós e para as nossas comunidades. Foi-nos dada primeiro a base para poder criar amizades. O próximo passo foi mostrar como essa amizade pode ser usada para fazer o bem aos outros (p. ex. o primeiro banheiro público em Chicago).
Depois veio a criação da Fundação Rotária que teve no início mais uma presença simbólica, pela época em que foi fundada (Crash, Depressão e segunda Grande Guerra).
Com a morte de Paul Harris a Fundação recebeu um impulso respeitável e aí foi só crescendo. Foi possível implantar acções como o intercâmbio de estudantes e de profissionais, o combate de forma sucedida da poliomielite e a possibilidade de levar aos lugares mais necessitados do mundo a nossa solidariedade. Assim levamos projectos de captação de água e de leitura a África, alívios às vítimas das inúmeras guerras locais e catástrofes naturais e de apoio as mais diversas entidades sociais no mundo afora.
O Rotary nos deu também a Prova Quádrupla. O livro mais grosso e a palestra mais longa sobre a ética podem ser resumidos tranquilamente nessas quatro simples perguntas.
Confesso que escolhi o titulo “UTOPIA” porque estou hoje interessado na pergunta onde a nossa organização estará daqui a 50 anos. Bem, com certeza não onde ela se encontra hoje. E falar em 50 anos é até um período de tempo um tanto tenebroso. Então pergunta você, caro leitor, onde o Rotary estará em 20 anos?
Como nem sei onde estaremos daqui a um ano como posso então ousar adivinhar que caminho a nossa organização escolherá daqui para a frente? Você leu certo – creio absolutamente que o Rotary com seus 33.000 clubes e 1.200.000 membros vai precisar definir melhor como enfrentar o futuro.
Depois da segunda Guerra Mundial tivemos os avanços técnicos, a automação, o computador, a internet, a superpopulação, a poluição do ar, a terciarização e ultimamente a inversão do papel das instituições financeiras. Quando, no tempo dos Fuggers, foram criados os bancos, foi para ajudar o cidadão. Hoje os bancos se dedicam quase exclusivamente em se enriquecer (e como vimos, às vezes criminalmente) com o prejuízo para o cidadão.
Se engana hoje quem acredita que as questões do quadro social, da arrecadação de fundos e do envolvimento em projectos, podem ser discutidos nos mesmos termos como 30 anos atrás. As sociedades passam por mudanças radicais, dentro da família, da educação e da ocupação. O profissional de 50 anos atrás tinha um emprego garantido. O profissional de hoje precisa dar graças a Deus se consegue um lugar de trabalho temporário. O mundo se tornou mais individualista, mais egoísta. O cidadão hoje é mais passivo.
Como será então a posição do Rotary daqui a 20 anos? A meu ver ele só sobreviverá se se der conta do que está acontecendo na sociedade e procure adaptar se a essa realidade.
O Manual de Procedimento, o Código Normativo do Rotary (ainda em inglês) e as propostas apresentados agora no Conselho de Legislação em Chicago (25 – 30/04/2010) não prometem muito avanço nesse sentido.
E por fim tenho ainda uma observação pouco divulgada. O Rotary International (RI) está actuando num plano geopolítico. Até ao momento os Rotary Clubs do espaço Atlântico apresentam uma certa hegemonia sobre o espaço Pacífico. Porem com a pujança forte dos clubes asiáticos pode-se prever, com uma probabilidade lógica, que a hegemonia passará a ser exercida no espaço Pacífico.
E aí é um passo pequeno para eles lá exigirem a mudança da nossa sede em Evanston, nos EUA, para eventualmente Xangai na China. Você já pensou nisso – ou é pura Utopia?
Peter Robert Nageli
São Paulo – D. 4610
(Brasil)
Maio 2010
FOTOS: inundações no Rio (2010); Carlos Canseco, Peter Krön e Peter Nageli, 2005; plataforma petrolífera a arder no Golfo do México (2010); Gerda e Peter Nageli, Maria da Graça e Henrique Pinto (2005); Fogos em Victória, na Austrália (2010); Henrique Pinto e Peter Nagelli trocando presentes (2005); vulcão na Islândia (2010); Peter Nageli, Henrique Pinto, Faraoni e Camargo (2005); nuvem de cinzas do vulcão da Islândia pairam sobre a Europa continental (2010); Albert Sabin, inventor da vacina oral da Polio; pessoas dormindo numa praça em Port au Prince (2010).
COLABORAÇÃO: Cidinha (Brasil).
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