A coexistência pacífica dos opostos é um dos pressupostos de
vivência democrática. A representatividade das ideias tanto quanto a
participação dos cidadãos na regulação da sua vida em comunidade, são condições
incontornáveis dessa vivência. A um certo nível da convivialidade democrática
tais condições podem impor-se por consenso, fruto da tolerância e da boa
educação. Noutros é desejável normalizarem-se condições para o estabelecimento
de maiorias estáveis e de significada força na representação e no imperativo participar. Tal como na matemática, a média nem sempre é o melhor
indicador duma boa distribuição.
Não é normal haver oposição formal no interior da grande
maioria dos clubes rotários do mundo. O ingresso dos membros assenta por regra
no consenso. Se é verdade que há muitos anos se usavam alguns procedimentos
herdados dalguma influência maçon, transitória, como o secretismo nas bolas
pretas e vermelhas aquando das admissões, tudo isso acabou. Hoje, até na América,
onde ainda é chique ser maçon, impera a consensualidade do companheirismo
aquando das votações. Eu sempre procedi assim em qualquer dos meus múltiplos
empenhos. E não poucas vezes recuei com propostas até elas serem moldadas,
compreendidas ou reformadas no sentido da aceitação geral. Porque há patamares
da sociedade onde tal é absolutamente possível e desejável. O associativismo é
um desses oceanos de representatividade e envolvimento.
Por isso entre os Rotários do mundo é de todo incomum haver
duas ou mais listas que se digladiem.
Talvez porque a representatividade política em Portugal é o
que é, uma variante do futebol, começou frouxa e já não é ocasional a tendência
para os Rotários se confrontarem politicamente, dentro e fora dos clubes. Alguns
dão mesmo o mau exemplo de o fazerem com exuberância, irredutíveis. Eu acho tal
agir absolutamente deplorável à luz dos mais que proclamados imperativos do
companheirismo e do Servir.
Dezembro 2013
Henrique Pinto
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