O que as notícias nos trazem da Ucrânia é, sobretudo, um
confronto de memórias e esperanças.
Por muito bem intencionadas que possam ser as propostas de
Moscovo e do presidente ucraniano – e muitos são os que duvidam dessa candura –,
as memórias do passado ainda vivo de «come e cala», a penúria, o silêncio dos
espíritos num povo letrado, a opressão patriótica, o orgulho amordaçado, traços
da esperança infundada do comunismo, são de molde a que se repudie toda a
aproximação pretérita suspeita.
A União Europeia, porventura o espetro democrático mais
amplo de sempre, com a abertura das terceiras vias do filósofo Anthony Giddens
e a influência nefasta da desregulação neoliberal, e o seu ascenso como
doutrina de poder, tem vindo a desiludir os europeístas mais convictos. O ressuscitar
do papel histórico da
Alemanha e a adesão à EU de muitos países seus
interlocutores privilegiados, cujas lideranças se reveem na sua política, mais
tem contribuído para a atomização europeia e o efluxo da importância das
dívidas externas.
No entanto, para os ucranianos, mais forte que as
consequências desta deriva, são as esperanças na democracia e num nível de vida
melhor e mais tranquilo que a Europa lhes poderá prodigalizar.
Dezembro 2013
Henrique Pinto
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