sexta-feira, 7 de novembro de 2014

A ALIMENTAÇÃO NAS DOENÇAS REUMÁTICAS

Defini aqui Nutrição Clínica como «um processo natural de cura das doenças, e particularmente da obesidade, sem esquecer as induzidas por dietas desequilibradas, através duma alimentação equilibrada», logo, saudável. Mas gostava de acrescentar duas coisas. Sendo «cura» não posso desligar o processo da ação do médico. Portanto, ao considerar o processo como natural também não estou a tê-lo por maximalista. O lema «natural é bom» baseia-se num conceito falso e repleto de armadilhas. Não posso excluir de modo algum todo o conhecimento da medicina. Entendo, isso sim, é que a medicina também não pode excluir o processo alimentar. Ora, isso é exatamente o que, em sentido alargado, tem acontecido.
Um leque enormíssimo de doenças, para além da obesidade, beneficia com a terapêutica alimentar. A começar pelo leque vasto das doenças do foro reumatismal. Em todos os casos há que fixar um regime alimentar onde têm lugar os vegetais e frutas frescas, entre outros condimentos. Mas, em particular, há alimentos mais importantes que outros numa ou noutra situação. Atentemos apenas nalgumas delas, a título de exemplo.
A Artrite reumatoide, doença sistémica causadora de inflamação nas articulações, rigidez, inchaço, dor intensa e redução da mobilidade, beneficia com a ingestão de ácidos gordos Ómega 3, que contrariam a inflamação (peixes de água fria como salmão, sardinha, atum e óleo de peixe, para além do óleo e semente de linhaça). Em contrapartida, os ácidos gordos Ómega 6, pró-inflamatórios, podem agravar a doença (óleos de milho, soja, girassol, amendoim, açafrão, algodão e prímula). Cerca de 20% destes doentes vêm a ter alergias alimentares suscetíveis de desencadear crises de doença, designadamente com o marisco, soja e derivados, trigo, milho, álcool e café.
O lúpus Eritematoso Sistémico é uma doença autoimune causadora em princípio de dores nas articulações, manifestações na pele, fadiga e língua seca. Pode danificar vários órgãos com ênfase para os rins. A dieta mais apropriada tem de induzir a baixa do colesterol (redução do risco  cardiovascular). Temos de ter em conta os efeitos adversos do tratamento com corticosteroides, e daí a premência da redução do peso (dieta moderada hipocalórica). Nas alterações sanguíneas mais frequentes situa-se a anemia. O ferro (presente em carnes, aves, peixes, gema de ovo, verduras, leguminosas e cereais) e o ácido fólico (dos miúdos, vegetais folhosos e legumes, milho), são por isso nutrientes essenciais. São além do mais importantes todos os alimentos favorecedores de ganho em imunidade, no estímulo ósseo e na prevenção da patologia cardiovascular.
Podia continuar a enumerar relações com a comida saudável e ajustada para muitos outros aspetos nosológicos, desde a gota, osteoartrite, osteoporose, Síndroma de Sjὂgren, espondilite anquilosante e tutti quanti.
Mas apenas serviria para relevar o papel importante que atribuo ao médico, numa visão holística, em todos estes processos de relação alimentos/doença.

Henrique Pinto

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