Defini aqui Nutrição
Clínica como «um processo natural de cura das doenças, e particularmente da
obesidade, sem esquecer as induzidas por dietas desequilibradas, através duma
alimentação equilibrada», logo, saudável. Mas gostava de acrescentar duas
coisas. Sendo «cura» não posso desligar o processo da ação do médico. Portanto,
ao considerar o processo como natural também não estou a tê-lo por maximalista.
O lema «natural é bom» baseia-se num conceito falso e repleto de armadilhas. Não
posso excluir de modo algum todo o conhecimento da medicina. Entendo, isso sim,
é que a medicina também não pode excluir o processo alimentar. Ora, isso é
exatamente o que, em sentido alargado, tem acontecido.
Um leque enormíssimo
de doenças, para além da obesidade, beneficia com a terapêutica alimentar. A
começar pelo leque vasto das doenças do foro reumatismal. Em todos os casos há
que fixar um regime alimentar onde têm lugar os vegetais e frutas frescas,
entre outros condimentos. Mas, em particular, há alimentos mais importantes que
outros numa ou noutra situação. Atentemos apenas nalgumas delas, a título de
exemplo.
A Artrite reumatoide,
doença sistémica causadora de inflamação nas articulações, rigidez, inchaço,
dor intensa e redução da mobilidade, beneficia com a ingestão de ácidos gordos
Ómega 3, que contrariam a inflamação (peixes de água fria como salmão,
sardinha, atum e óleo de peixe, para além do óleo e semente de linhaça). Em
contrapartida, os ácidos gordos Ómega 6, pró-inflamatórios, podem agravar a
doença (óleos de milho, soja, girassol, amendoim, açafrão, algodão e prímula).
Cerca de 20% destes doentes vêm a ter alergias alimentares suscetíveis de desencadear
crises de doença, designadamente com o marisco, soja e derivados, trigo, milho,
álcool e café.
O lúpus Eritematoso
Sistémico é uma doença autoimune causadora em princípio de dores nas
articulações, manifestações na pele, fadiga e língua seca. Pode danificar vários
órgãos com ênfase para os rins. A dieta mais apropriada tem de induzir a baixa
do colesterol (redução do risco cardiovascular). Temos de ter em conta os
efeitos adversos do tratamento com corticosteroides, e daí a premência da
redução do peso (dieta moderada hipocalórica). Nas alterações sanguíneas mais
frequentes situa-se a anemia. O ferro (presente em carnes, aves, peixes, gema
de ovo, verduras, leguminosas e cereais) e o ácido fólico (dos miúdos, vegetais
folhosos e legumes, milho), são por isso nutrientes essenciais. São além do
mais importantes todos os alimentos favorecedores de ganho em imunidade, no
estímulo ósseo e na prevenção da patologia cardiovascular.
Podia continuar a
enumerar relações com a comida saudável e ajustada para muitos outros aspetos
nosológicos, desde a gota, osteoartrite, osteoporose, Síndroma de Sjὂgren,
espondilite anquilosante e tutti quanti.
Mas apenas serviria
para relevar o papel importante que atribuo ao médico, numa visão holística, em
todos estes processos de relação alimentos/doença.
Henrique Pinto
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