Tive desde
sempre a convicção de o respeito pelas instituições ser apanágio dos países
mais democráticos, com melhor qualidade de vida e maior rendimento por cabeça.
Em Portugal
está a perder-se substantivamente este respeito. Talvez nunca tenha sido grande
coisa. Porventura por razões várias. Mas muito provavelmente por causas de
sentido oposto às que sempre considerei favoráveis.
Também não
deixa de ser verdade, quem não se dá ao respeito seguramente não pode esperar tão
dócil apreço.
A
desvalorização de todos os valores do iluminismo francês oitocentista tem-se
agudizado, inevitavelmente, na pós-modernidade. Daí que a «separação de
poderes», criação de Montesquieu – ele também escreveu «causas da grandeza dos
romanos e sua decadência» -, não escape a semelhante desgaste.
Quando
nenhum indício sugere que tal apartar de águas seja hoje tido em conta – e pouco
ou nenhum interesse resida nas farpas enviadas a este ou aquele cidadão «bem»
colocado, por parecer espúrio e inútil julgamento -, não deixa de estranhar-se,
ao invés, a avidez e o ar pio com que outros tantos usam a expressão.
Henrique Pinto
Novembro 2014
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