Há décadas que a OMS,
Organização Mundial de Saúde, produz documentação científica, tendente a melhor
se formarem os cuidadores de doentes. Ora o problema da sua pouca formação é
praticamente tão grave quanto o da sua raridade. E esta falta de recursos humanos,
transversal a boa parte do mundo desenvolvido, é muito mais sentida nos países
com menor literacia e ordenados mais baixos. É assim que boa parte dos idosos
com doença de gravidade média perdem mais de 30% do peso quando internados nos
hospitais (por muito bom que seja o nível médio do pessoal mais qualificado).
Estas cifras são ainda mais cruas quando se trata da institucionalização por
velhice (!?) ou invalidez. Imagine-se então a dificuldade em selecionar recursos
humanos na área dos cuidadores para a doença mental, e designadamente um dos
seus estádios mais avançados, a Doença de Alzheimer.
Não tenho, felizmente, nenhum
familiar tipicamente enquadrável como Alzheimer. Mas conheço pessoas
profissionalmente muitíssimo competentes, da minha família, que se sentem bem
trabalhando ainda melhor nesta área de patologia tão difícil de dirimir.
Conheço bem a questão como médico especialista de saúde pública.
A Associação
Alzheimer de Portugal, com o apoio do Montepio, da Universidade Católica, da
Fundação Calouste Gulbenkian, da Santa Casa da Misericórdia, da Sonae Sierra e
de Delta Cafés, entre outros importantes mecenas, está a generalizar país fora
este evento singular, o Café da Memória. É, em traços largos, o ponto de
encontro para pessoas com problemas de memória e seus familiares. Tão grande é
a falta de institucionalização com crédito no nosso país – embora haja
bastantes onde o débito trabalha melhor -, que os familiares acabam por ser,
como nem sempre, os cuidadores ideais em primeira instância. Nesta interação
com doentes e pedagogos de alto nível, do mais prático a pessoas do gabarito do
Professor Castro Caldas, e quejandos, as pessoas que têm o problema em casa
sentem-se mais confiantes, mais valorizadas no seu empenho, e bem mais
conhecedoras. Bem haja a Alzheimer de Portugal.
Novembro 2014
Henrique Pinto
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