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O celebrarmos a vitória sobre a Bósnia Herzegovínia com os golos de dois abnegados «portistas», Bruno Alves e Raúl Meireles – longe de poder alimentar aquelas «burradas» do despique norte sul, próprias de certo caudilhismo – deve encher a todos de orgulho. Até jogam em Portugal. Suaram a camisola como muitos portugueses não jogadores, críticos contumazes, jamais farão. A nossa rapaziada de todos os clubes deu uma grande alegria a muitos concidadãos apreciadores do bom futebol, sem clubismos. Também eles procuram o seu Graal. E vão com certeza dar-nos mais motivos de satisfação lá para o inverno setentrional Africano. Num território onde os órfãos da SIDA, por via da ignorância dirigente, são mais que os portugueses residentes em Portugal.
Tamanho êxito materializou-se nos arredores de Sarajevo, terra sofrida, mártir, população dividida, cenário de grandes ódios e maiores paixões, ainda há poucos anos. Evoco sempre a capa da revista Newsweek, uma jovem bela como poucas, blue jeans apertados em pernas elegantes, professora primária, na ombreira da porta, fusíl a tiracolo, sniper Bósnia de vasto currículo. E abjuro também a figura de esbelta cabeleira grisalha, conhecido médico psiquiatra e poeta editado, a comandar as milícias sérvias nos massacres de Srebrenica, só comparáveis ao holocausto. De nome Radovan Karadžic, está agora a julgamento em Haia.
Apraz-me registar com agrado de bolo-rei a circunstância de três dos soberbos lutadores da selecção serem luso-brasileiros, Pepe, Deco e Liedson, a merecerem todo o carinho de quem gosta do jogo, da técnica, do fair play, da coreografia, da estética na dança e das suas emoções, do sentido de entrega às responsabilidades. E de quem gosta do Brasil.
Se Carlos Queirós pareceu sempre acreditar, e isso é muito bom, ele forjou também os melhores jogadores meninos de ouro e continua a valorizar outros, tal como cada vez mais portugueses, na diáspora mundo fora, foi um desses luso-brasileiros, em quem apostou, homem simples, no apogeu como jogador, voluntarioso, bom no que faz, de nome Liedson, «levezinho» de alcunha, quem veio soprar no lume e espevitar a chama.
Henrique Pinto
Novembro 09
FOTOS: Deco e Liedson, jogadores luso-brasileiros responsáveis em boa parte pela participação da selecção portuguesa de futebol na fase final do Campeonato do Mundo; a actriz Teri Hatcher, da série televisiva Donas de Casa Desesperadas, bem podia, pela sua beleza e talento, interpretar a sniper Bósnia divulgada pela revista Newsweek
Estimado Henrique,
ResponderEliminarAprovecho estas líneas para felicitarte y saludarte.
Muy Cordialmente,
Meinrad Busslinger
(España)