Emocionei-me quando me falavam de Eusébio e Soares mundo fora. Adorei Veneza forrada pelo rosto angélico de Maria de Medeiros e as ruas de Tóquio ornadas por imagens de Figo nos outdoors. É lindo não é?! Gosto duma boa partida de futebol. Aprecio muito atletismo e natação, vela e esqui, hóquei patinado. No seu ambiente específico ou no LCD e na alta definição podem dar-me espectáculos de franco prazimento. Boa parte destes entretenimentos outrora baptizados de desporto são hoje indústrias de volumosos cabedais e de perdurável ressonância social, produzida por um mar imenso e inquieto de protagonistas.
Todavia, o hooliganismo empobrece este mundo da economia. Os atletas não se respeitam. Certo desempenho animalesco é mais das vezes congeminação estratégica dos orientadores. Os dirigentes exigem-lhe parangonas, o público vê-se atiçado pelas imprensas específicas – qual fungo sobre casco envelhecido - a reproduzir e forjar tais constructos do nada.
A política e o empresariado manhosos erguem estádios inúteis, alguns deles passíveis de implosão em nome da sanidade nas despesas públicas, da estética, da saúde mental de quem os tem por antolhos e da assumpção exemplar da hierarquia das necessidades nas urbes.
Qualquer cidadão tem direito ao consumo de bens materiais qualificados e à fruição intelectual e lúdica de produtos garantidos. Tem direito ao respeito dos seus eleitos e à indignação sobre quantos se acoitam na aba larga dos partidos, em qualquer lugar, a dirimirem argumentos que a mais não servem que ao achincalhar o Outro.
O hedonismo natural dos portugueses não tem qualquer ascendente sobre a privacidade ou a consciência do semelhante, ardina ou presidente da República. Aos seus deputados ninguém nem lei alguma outorgou o direito de exigir o que a outros, seja quem for, cavador da lavoura ou primeiro-ministro, têm a prosápia de negar. Aos seus governos tem o direito, sim, de fazer com que o ouçam se ousar dizer, a democracia não esmorece se o circo das vaidades parlamentares, dos minutos de glória de Wharol, for melhor gerido. Furtem-se a tal banalidade.
Fosse a iliteracia mais ténue no país, sentissem os senhores das empresas televisivas não deverem comprar «bens» conspurcados pela má educação e vandalismo, tivessem as pessoas a sensatez de não serem necessários Messias tiranetes para que se chamem a terreno os fautores da incompreensão política, sem ambiguidades no separar o tasco do linho nem tácticas com a mente em plebiscitos futuros. Mesmo sem roçar o verniz ao neoconservadorismo, imanente a certa soberania. Talvez tivéssemos mais razões para estar gratos a alguém ou regozijássemos, orgulhosos, com algo para lá do efémero.
Henrique Pinto
Dezembro 09
FOTOS: Nemo, Henrique Pinto, Jorge Gabriel, J. Magalhães e Sónia Araújo num estúdio televisivo
O MELHOR DO ‘ORFISMO’ ESTà DE VOLTA CHEIO DE CORES OPTIMISTAS E
QUESTÕES SEM RESPOSTA
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Numa antestreia de 1913 do Salão de Outono em Paris, onde o Orfismo era
apontado como a coisa quente na pintura, o New York Times escreveu: “As
pessoas ...
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