segunda-feira, 31 de agosto de 2009

DO PRETO AO BRANCO


Ângelo Correia é self made man astuto, capaz, previdente. Ao deixar de ser ministro de Cavaco – um tanto molestado com a chamada «revolução dos pregos» – só volta à política aqui e ali. Parece fazê-lo por diletantismo, liberto de peias, mesmo na situação de comentador na TV. Diz-se por mofa «saber mais que o Nuno Rogeiro». A Luís Filipe Menezes lançou-o inteligentemente e logo dele se afastou quando o rio do desacerto engrossou o caudal. Distanciou-se da linha oficial do partido na alvorada das famosas listas para o parlamento. «Do preto ao branco está lá tudo menos o laranja», de pronto ironizou, pessoa humorada como é.
Acima de tudo é um homem de negócios bem sucedido, agora também na área do ambiente. Não deixa por atirar farpa de veneno ungida. Em resposta a «existe a ideia, mesmo no estrangeiro, de nos últimos anos se ter criado em Portugal um ambiente favorável ao desenvolvimento de projectos nas áreas de ambiente e energia…», do Expresso Economia, completa num ápice, injusto sábio, com graça, «ambiente favorável sim, sobretudo na eólica (…)».
Quem anda atento à herança filosófica do «primeiro» de Ângelo Correia, à altura «forças de bloqueio», hoje sibilinos artefactos de script, não deixará de com ele fazer coro em «o maior inimigo de Portugal é o próprio país», como diz na mesma entrevista.

HpintoAgosto 09

FOTO: Ângelo Correia, empresário, antigo ministro

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