Será crível uma associação expulsar quem lhe fez obras e nela instalou, provisória mas legalmente, a única porta existente para as muitas crianças socialmente excluídas da área, para em seu lugar acolher aulas de ballet ao preço da uva estragada? É, e mesmo aqui!
Quando o secretário de Estado Osvaldo de Castro reformulou o controlo alimentar criando a ASAE – processo suspenso nos governos seguintes –, perguntei-lhe «isso anda?».
Andou. A princípio escolhendo os alvos sem pedagogia. Depois com excelente trabalho, a bem da saúde do país. Para tropeçar como mais uma vítima dos seus próprios excessos.
Os portugueses levaram anos a perceber que actividades criativas, como a música ou a dança, são essenciais ao desenvolvimento intelectual e físico dos seus filhos. Mas há atenções a ter. A dança exige condições mínimas imprescindíveis. Se a sala de lições não tiver um piso flexível, assente numa caixa-de-ar, isso reflecte-se na saúde com problemas osteomusculares sérios, sempre dolorosos, ao longo da vida.
Em regra esta logística não existe. Em Leiria os milhares de alunos já beneficiam deste bem. O país está longe disso.
A ASAE pode e deve intervir neste campo. A prática nestas condições cobre milhares de crianças. Na maioria dos casos é uma actividade económica rendosa.
Há dias disse ao meu amigo ministro, ao deixar o ministério da saúde livrei-me duma nomenclatura burocrata, chata. Um mundo em que durante anos os dirigentes locais e regionais se auto reproduziram. Onde os opostos se protegeram mutuamente. Sem que os partidos políticos emendassem a mão.
Quem se lembra hoje dum problema orgânico de saúde pública para lá das listas de espera ou das taxas moderadoras? Porém, em todos os casos em que, tempos atrás, alertei as populações e as autoridades ninguém se dando por achado, e que persistem, são hoje aquelas a clamarem por justiça.
Talvez aconteça a mesma consciencialização nos locais onde através dos anos as autoridades assumiram uma postura xenófoba. Mesmo se lhes puseram um gueto ao pé da porta.
Quem sabe se os pais se aperceberão que o barato sai caro? O direito à saúde também passa pelas boas práticas na dança.
Esperemos que a ASAE considere que nestas supostas escolas se deformam as colunas vertebrais das crianças. Um facto mais grave que meia dúzia de desarranjos alimentares passageiros.
Ao lançar-se uma briga logo surgem contraditores. Quando há uns anos se alertou para os riscos do beijo nos pés do menino Jesus até doutos cientistas vieram contestar. Erradamente, é óbvio. Porque os cuidados de prevenção a este nível estão hoje normalizados em boa parte do mundo católico.
Henrique Pinto
Quando o secretário de Estado Osvaldo de Castro reformulou o controlo alimentar criando a ASAE – processo suspenso nos governos seguintes –, perguntei-lhe «isso anda?».
Andou. A princípio escolhendo os alvos sem pedagogia. Depois com excelente trabalho, a bem da saúde do país. Para tropeçar como mais uma vítima dos seus próprios excessos.
Os portugueses levaram anos a perceber que actividades criativas, como a música ou a dança, são essenciais ao desenvolvimento intelectual e físico dos seus filhos. Mas há atenções a ter. A dança exige condições mínimas imprescindíveis. Se a sala de lições não tiver um piso flexível, assente numa caixa-de-ar, isso reflecte-se na saúde com problemas osteomusculares sérios, sempre dolorosos, ao longo da vida.
Em regra esta logística não existe. Em Leiria os milhares de alunos já beneficiam deste bem. O país está longe disso.
A ASAE pode e deve intervir neste campo. A prática nestas condições cobre milhares de crianças. Na maioria dos casos é uma actividade económica rendosa.
Há dias disse ao meu amigo ministro, ao deixar o ministério da saúde livrei-me duma nomenclatura burocrata, chata. Um mundo em que durante anos os dirigentes locais e regionais se auto reproduziram. Onde os opostos se protegeram mutuamente. Sem que os partidos políticos emendassem a mão.
Quem se lembra hoje dum problema orgânico de saúde pública para lá das listas de espera ou das taxas moderadoras? Porém, em todos os casos em que, tempos atrás, alertei as populações e as autoridades ninguém se dando por achado, e que persistem, são hoje aquelas a clamarem por justiça.
Talvez aconteça a mesma consciencialização nos locais onde através dos anos as autoridades assumiram uma postura xenófoba. Mesmo se lhes puseram um gueto ao pé da porta.
Quem sabe se os pais se aperceberão que o barato sai caro? O direito à saúde também passa pelas boas práticas na dança.
Esperemos que a ASAE considere que nestas supostas escolas se deformam as colunas vertebrais das crianças. Um facto mais grave que meia dúzia de desarranjos alimentares passageiros.
Ao lançar-se uma briga logo surgem contraditores. Quando há uns anos se alertou para os riscos do beijo nos pés do menino Jesus até doutos cientistas vieram contestar. Erradamente, é óbvio. Porque os cuidados de prevenção a este nível estão hoje normalizados em boa parte do mundo católico.
Henrique Pinto
In Diário de Leiria, 2009
FOTO: Maria Sharapova, mulher inteligente e corpo bonito, uma vida ainda curta feita na dança e no desporto
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