sábado, 24 de outubro de 2009

OS DESAFIOS (8)


A imensa vaga de advocacia da causa da angariação de fundos, nesta corrida final conduzida por Rotary, levou à adesão de 22 governos, nomeadamente o de Portugal, da Cimeira do G8 em Kananaskis, no Canadá, da Conferência Islâmica na Malásia, da Comissão Europeia no apoio aos NIDs na Nigéria e da Conferência OUA/UE na capital do Burkina Faso. A parceria inovadora envolvendo Rotary International, Fundação das Nações Unidas, Banco Mundial e Fundação Bill e Melinda Gates permitiu assegurar a cobertura com vacinas em sete países chave para a erradicação da polio.
O segundo desafio enfrentado por Rotary era o da logística que conduziria a imunizar cada criança da terra contra a polio. Nunca é excessivo dizer que nenhuma organização do mundo podia levar a cabo com sucesso um tal projecto só pelos seus próprios meios.
Herb Pigman, que desde a sua primeira viagem exploratória à OMS em Genebra tinha servido Rotary como secretário-geral, foi pescado da reforma para dirigir a Task Force de Imunização de RI. A sua missão era assustadora. Precisava de diplomacia e capacidade de persuasão até ganhar assento definitivo e decisivo em Conferências Globais da Saúde a par de ministros da saúde e tão veneráveis instituições como a OMS e o UNICEF. Cada uma destas instituições tinha razão para ser céptica quanto às boas intenções de ONGs que tinham prometido muito e feito pouco.
O que distinguia o esforço de erradicação PolioPlus dos projectos passados de organizações governamentais era a sua vastidão. Sabia-se já que o único programa efectivo de imunização contra a polio é aquele onde há um manto de cobertura de todas as crianças do mundo com menos de cinco anos.
O brilho da parceria entre Rotary e organizações como a OMS, UNICEF e CDC resultou do facto de cada parte trazer as suas forças para o Programa com franca generosidade.
A OMS tem peritos sem os quais Rotary nunca poderia ter completado um único ano do programa de erradicação. Mas o Rotary tinha as infraestruturas – clubes e rotários voluntários em mais de 165 países e regiões geográficas à volta do mundo – e recursos financeiros de que os seus parceiros precisavam tão desesperadamente.
O CDC/Atlanta suportou os custos de centenas de técnicos e consultores qualificados para apoiarem os esforços de erradicação e apoiou a rede de 145 membros da rede global de laboratórios para vigilância da polio.
Em cerca de 60 anos o UNICEF tem sido líder mundial para a atenção às crianças, trabalhando no terreno em 158 países para ajudar as crianças a sobreviverem e a serem bem sucedidas desde a tenra infância e através da adolescência. E também apoiando a saúde e a nutrição da criança, uma educação básica de qualidade para todos os rapazes e raparigas, e no facilitar do acesso a água potável e saneamento bem como na protecção da criança quanto à violência, a exploração e a SIDA. É financiado inteiramente pela contribuição voluntária dos governos, empresas, fundações e indivíduos, e através das comissões nacionais para o UNICEF, que vendem postais e outro merchandizing para ajuda ao avanço da humanidade.
A rede de voluntários de Rotary que se estima ter contado até agora com cerca de 20 milhões de pessoas, trabalhou de mãos dadas com as equipas do UNICEF em muitos dos países mais pobres do mundo, quer num trabalho muito específico e assaz decisivo como a mobilização social, ou no levar a vacina da polio às crianças mais pobres e isoladas que de outro modo poderiam ficar fora das campanhas.
Henrique Pinto
Setembro 09, no Dia Mundial da Polio
FOTOS: Edwin Futa, secretário-geral de Rotary International; Henrique Pinto administrando a vacina da polio a uma criança do musseque de Lilamba Kiaxi, Luanda, Angola

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