Numa destas noites o presidente Sarkozy expressava o desgosto da nação francesa ao reagir à morte dos seus soldados no Afeganistão. A base tinha estado até há pouco sob o comando do exército italiano e, segundo serviços secretos, na versão da Euronews TV, havia um acordo com os talibãs, pago a peso de ouro pelo governo de Berlusconi, para se manter ali uma paz podre. Um facto desconhecido dos novos ocupantes. A xenofobia relativamente a Obama transparente em dois dos discursos bacocos mais recentes do primeiro-ministro italiano, mistura-se ainda com a diplomacia unilateral no anúncio da retirada das tropas, após o ataque suicida de Cabul. De qualquer modo, mesmo para quem como eu abjura a guerra, não era esperável de Itália este espírito de ópera bufa, esta política tão contrastante de faz de conta e mentira, de ofensas raciais, mesmo tratando-se dum governante boçal, depravado (a evocar-nos a céu aberto a película amaldiçoada de Paolo Pasolini, Saló ou os 120 Dias de Sodoma), e até agora omnipotente perante as justiças.
Henrique Pinto
Outubro 09
FOTO: Imagem do filme Saló, de Pasolini
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