quinta-feira, 1 de outubro de 2009

O DINIZ DE SÃO VICENTE (1)






No ano passado tive um gosto indescritível por estar uma vez mais em Cabo Verde. As intenções eram diversas. Por um lado, poder apressar a instalação do Sistema de Tele Medicina, a ligar as ilhas aos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), em Portugal, um projecto da Associação Saúde em Português para o qual me propus angariar fundos e apoios Rotários. Num outro registo, ia subscrever um Protocolo de Cooperação entre o OLCA, Orfeão de Leiria Conservatório de Artes (Portugal) e a Câmara de São Vicente, para o ensino da música em Cabo Verde (na sequência de um Protocolo anterior subscrito com o próprio governo, extensivo ao país).
Mas esta visita a Cabo Verde acabou sendo muito mais compensadora ainda. Completava então um périplo profissional oficial por África. Os dias de São Vicente, descanso do guerreiro, deram-me tranquilidade intelectual e anímica inesquecível e bons amigos.
Jantei uns dias seguidos no mesmo restaurante, de boa comida e melhor música, e rapidamente a empatia se estabeleceu com aqueles fabulosos tocadores e cantantes de mornas e coladeras. Assim, diagnostiquei uma situação clínica grave num deles, o Diniz. Conversámos bastante, tinha poucas opções de tratamento ali, as possibilidades de aforro limitavam-no ainda mais. Tentei todas as etapas do mecanismo diplomático – dado que trabalhei no Ministério da Saúde de Portugal -, acabei a dizer-lhe, «se quiser pago-lhe a viagem, pode ficar em minha casa e trata-se em Coimbra».
O Diniz foi alguém assaz importante para muita gente aqui em Leiria, nos HUC onde foi estudado e tratado com minúcia, rigor e carinho, e em minha casa. Ficou um bom amigo.
No âmbito do protocolo assinado no Mindelo com a presidente da autarquia, Dra. Isaura Gomes, a farmacêutica, minha contemporânea de Coimbra, a então directora pedagógica do OLCA orientou dois cursos com crianças de Salamansa e de São Pedro – as localidades mais pobres da Ilha de S. Vicente –, assim corporizando a primeira dessas escolas.
As crianças de Salamansa exibiram-se na Academia de Música Jotamont – nome dado ao excelente auditório em homenagem a um dos maiores compositores vicentinos (cujo filho, o engenheiro agrónomo J. Monteiro, por sinal vive em Leiria) –, com grande sucesso, perante uma plateia repleta de entidades portuguesas convidadas, autoridades governamentais, locais, diplomáticas e culturais. Entre estas destacavam-se alguns dos músicos de mais nomeada da diáspora de Cabo Verde, como Tito Paris, Quim Vales e Ramiro Mendes, que não esconderam o seu entusiasmo e prometeram envolver-se no projecto.
(O texto continua abaixo)



Henrique Pinto



Outubro 09



FOTOS: Diniz, alfaiate e músico no Mindelo; Henrique Pinto, Tito Paris e Sandra Martins, no Hotel Porto Grande, Mindelo; Henrique Pinto e Isaura Gomes, celebrando o Protocolo de Cooperação

1 comentário:

  1. Caro Dr. Henrique Pinto:
    Recebi o seu sms para consultar o seu blog. Consultei e gostei só que não sei como responder. No que refere a computadores sou muito naba.
    Tenho tentado entrar em contacto consigo sem nunca conseguir. Percebo que desde há algum tempo tem uma vida demasiado complicada e também não quero "empatar".
    Vou fazer uma festa na minha casa no domingo que vem, dia 4 de outubro. Faço 43 anos... Desde que estou em Portugal nunca fiz uma festa e este ano vingo-me. Tenho saudades suas e gostaria muito de reve-lo , se não for este domingo outro dia.
    Espero que esteja tudo bem consigo.
    Um grande beijo da Rita Mendes

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