A jovem actriz Cláudia Vieira, linda, esbelta e talentosa, arriscou-se a representar, e bem, a peça Saia Curta e Preconceito. O passável por despertar a cobiça e o voyeurismo é afinal uma comédia engraçadíssima, de bons desempenhos.
Nem sempre o preconceito se «veste» assim. Mais natural será disfarçarem-se esses sentimentos, quantas vezes para lá do admissível pelos próprios portadores, com atitudes autoritárias e de paternalismo ético ou moral sonso, quase sempre frágeis. Nenhuma actividade humana sanciona os artifícios da fuga à verdade, independentemente do motivo. É como a guerra, nada a justifica. O seu disfarce é em regra mal sucedido.
Tem germinado a prática do separar o tido por «política» do eminentemente pessoal para legitimar a linguagem ferina e nada educada, directamente ou sob insinuações mais ou menos fantasiosas, do relacionamento entre pessoas que se dedicam a esta actividade. A ser assim ética, moral e mesmo o direito não fariam parte de qualquer léxico. Daí que tal separação não passe dum conceito absurdo e o procedimento dela resultante seja absolutamente errado. É um puro artefacto, a muleta de quem não olha a meios para chegar ao seu destino depressa e bem.
A contenção necessária na «política» como em qualquer actividade humana relacional ganha-se com a educação, o bom conselho e a pedagogia do exemplo. Os órgãos de soberania poderiam ter aqui um papel dissuasor fundamental. Dando o exemplo. Se forem esses mesmos órgãos a perderem o dom de reserva, por preconceito ou não, aí sim, potencia-se o despudor. E podemos finalmente aceitar estarmos em crise.
Exactamente por isso prefiro abdicar da razão que penso ter.
Nem sempre o preconceito se «veste» assim. Mais natural será disfarçarem-se esses sentimentos, quantas vezes para lá do admissível pelos próprios portadores, com atitudes autoritárias e de paternalismo ético ou moral sonso, quase sempre frágeis. Nenhuma actividade humana sanciona os artifícios da fuga à verdade, independentemente do motivo. É como a guerra, nada a justifica. O seu disfarce é em regra mal sucedido.
Tem germinado a prática do separar o tido por «política» do eminentemente pessoal para legitimar a linguagem ferina e nada educada, directamente ou sob insinuações mais ou menos fantasiosas, do relacionamento entre pessoas que se dedicam a esta actividade. A ser assim ética, moral e mesmo o direito não fariam parte de qualquer léxico. Daí que tal separação não passe dum conceito absurdo e o procedimento dela resultante seja absolutamente errado. É um puro artefacto, a muleta de quem não olha a meios para chegar ao seu destino depressa e bem.
A contenção necessária na «política» como em qualquer actividade humana relacional ganha-se com a educação, o bom conselho e a pedagogia do exemplo. Os órgãos de soberania poderiam ter aqui um papel dissuasor fundamental. Dando o exemplo. Se forem esses mesmos órgãos a perderem o dom de reserva, por preconceito ou não, aí sim, potencia-se o despudor. E podemos finalmente aceitar estarmos em crise.
Exactamente por isso prefiro abdicar da razão que penso ter.
Henrique Pinto
Outubro 09
FOTO: Actriz Cláudia Vieira
Meu caro Henrique, li os teus textos O Preconceito Veste-se Até Aos Pés e Sócrates e Cavaco, onde tentas ser diplomata a tornar alguma coisa clara por cima da informação nebulosa de headlines e cabeçalhos rutilantes de violência. Compreendo por isso a tua desilusão, que procuras suavizar, quanto à postura do senhor Presidente da República. E sabendo do teu bom relacionamento com pessoas como o professor Marcelo Rebelo de Sousa, que defendeu o presidente na RTP como se a infantilizar os portugueses, imagino-te dorido, envergonhado. Não é para menos!
ResponderEliminarA maioria dos comentadores não formalmente defensores de partido tem sido bastante sensata e moderada, mesmo por parte dos que são supostos estarem mais do lado do presidente, excepção feita ao homem dos mísseis, que também julga saber de tudo, tendo em conta que, se houve dois partidos políticos com razão de queixa da novela «escutas», em momentos diferentes, onde tudo começa é na notícia do jornal Público, implicando vozes da Presidência quanto à escuta deste órgão de soberania. Ora o senhor professor Cavaco Silva não só nunca desmentiu o relacionado com este facto como se manteve quedo até hoje.
Tudo o mais que se possa dizer é mero exercício de retórica.
O que me parece importante dizer é que, tendo já falado com muitos alunos do professor Cavaco Silva nenhum o apreciou como bom professor. Aliás, ele parece ter tendência a desapontar toda a gente, desde Sá Carneiro aos dirigentes actuais, sem esquecer o teu amigo Fernando Nogueira. Aos secretários de Estado até chamou ajudantes.
Lembro-me bem do seu primeiro governo, minoritário. Eu e tu gostamos mais de governos minoritários. Sabe-se que fazer reformas hoje em dia é tão difícil em maioria como em minoria parlamentar. Os actores políticos e a imprensa têm hoje mais força que os parlamentos e os governos. Bom, negociou aqui e ali, portou-se bem. Mas com duas maiorias absolutas fez alguma reforma estrutural? Nenhuma, é a resposta verdadeira. Quem negociou a PAC que acabou com a agricultura e as pescas? Que destino útil teve o dinheiro da Europa? É preciso mudar todas as pontes nas auto-estradas do seu reinado para permitir serem alargadas. As Obras do Marquez de Pombal, como as de Duarte Pacheco, continuam um espanto de planeamento. O clima de tensão existente no país enquanto governou foi ficção? Não gostava dos jornais que dizia não ler, co-habitou por longo tempo apenas com a RTP 1, só Paulo Portas com o Independente lhe fazia mossa, mas mais ninguém.
Portanto, digo-te com franqueza, o presidente «passou-se» e incomodou a maioria das pessoas que eu conheço, tanto as mais como as menos politizadas, que têm o justíssimo direito de estarem descansadas em casa. E para pegar na pedagogia do exemplo, que ora e tantas outras vezes invocas, lançar suspeições por «ferido na honra», não sendo aparentemente capaz de suportar a pressão mau grado os tabus irritantes com que nos brinda, deitar perguntas aos cidadãos, não é propriamente um exemplo recomendado para alguém.
Depois, sabe-se, é pessoa obcecada com a segurança, desde o volume das escoltas à protecção do local de trabalho, como na Gomes Teixeira, nem as casas de banho do andar eram utilizadas por qualquer funcionário. Conheces o Fernando Lima, mas afiança quem o conhece do peito, ele jamais utilizaria o nome do presidente sem sua expressa ordem.
Vamos esperar que este mundo serene. Têm-se ouvido coisas indizíveis. Vamos esperar que os responsáveis políticos, todos mesmo, entendam que, pelo facto de fazerem política não estão isentos de boa educação, como bem frisas. Chamarem-se de mentirosos, lançarem suspeições, enganarem os cidadãos com argumentos forçados e leituras distorcidas, qual linguagem de fanáticos do futebol, não é política (a não ser para quantos a entendem assim). É má educação e desrespeito.
Não me venham dizer agora do meu entendimento ser ingenuidade, própria de sonsinho ignorante da história e da arte da política!
E desculpa lá este desabafo.
João J. dos Santos
Jurista
Olá! Obrigado amigo por animares o meu blog com a tua presciência. Estou convencido, os protagonistas desta série de episódios vão pôr rapidamente de lado o seu pessoalismo. Tenho menos esperança quanto ao arrepiar caminho na seriedade do fazer política hoje.
ResponderEliminarHpinto.