segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

UM HOMEM BOM E SÁBIO

Em 2004 a TAP retirou o nome de Vianna da Mota a um avião e batizou-o como Eusébio. Ante os protestos justos o presidente prometeu reparar o erro quando a companhia comprasse outro avião. Mas nunca o fez. 
No fundo é como se ora voltasse a rebatizar o mesmo aparelho apagando o nome de Eusébio para lhe chamar Ronaldo. Só o nome de cada uma destas três personagens, a seu tempo e com os inerentes condicionalismos, foi maior que o de qualquer outro cidadão do mundo. E cada uma o foi em grau mais alto que a que se lhe seguiu. Pessoas assim tornam-se mitos, preenchem o imaginário de gerações, fazem-se parte substantiva do corpo e alma dos seus contemporâneos. 
Fã incondicional dum grande artista como Eusébio durante 53 anos, desde a sua chegada a Portugal na minha juventude, as suas façanhas, encorpadas num homem de simplicidade desarmante, e graças à comunicação em crescendo global, fizeram-no membro da família chegada, omnipresente em nossa casa. E como a nós, a milhões de pessoas inebriou de alegria nuns ou noutros instantes. 
Alguma intelectualidade balofa fazia chacota com a sua iliteracia. Em 1966 a notoriedade dum negro africano como ele gerou comportamentos racistas na democrática velha Albion. Nunca tive o gosto de o conhecer pessoalmente, ao contrário de Amália. Mas vi-o por várias vezes a jogar contra a Briosa, encantado, mesmo quando os seus passes eram já arrastados como os murmúrios da diva nos seus idos dourados. A notícia da sua morte foi para mim um choque elétrico, tremendo. Em breve repousará no Panteão dos nossos heróis para referência de futuras gerações. Um homem bom e sábio, de todos respeitador, seguramente ingenuo e apaixonado da vida, persistente até para além da dor, será sempre exemplo para um universo infindável de novos admiradores, a fazer esquecer a existência dos homúnculos, figuras minúsculas que em todos os tempos se pavoneiam humilhando e ferindo quem menos pode.
Janeiro 2014
Henrique Pinto

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

ZANGÃO AMARELO-PRETO E A RAINHA VERDE-VERMELHO PRATEADA

Voava de flor em flor… 
Mas, só para me divertir e vigiar as Abelhas, que em seu dia-a-dia, saiam do Cortiço para a quotidiana recolha de pólen.
Eu gostava de acompanh
á-las em seus voos à procura de novas flores, no meio dos bosques e dos campos.
Delirava com o rico perfume certas espécies florais e vibrava com a tamanha variedade de cores que se viam em todo o redor. 
Como um dos Zangões da mais alta hierarquia entre os Zangões da minha Colmeia e das restantes que compunham a nossa Comunidade de Colmeias, eu era considerado o Chefe da Guarda da Rainha principal, a mãe das Rainhas das restantes Colmeias
Uma das minhas missões era a de guardar a Colmeia da Rainha Mãe e comandar a Guarda das restantes Colmeias, contra ataques de outros insectos, sobretudo, de outras Abelhas invasoras, Vespas, Formigas e outros.
Outro dos meus trabalhos era o de fertilizar a Abelha-Mestra principal ou Rainha M
ãe. 
Um belo dia, em um dia em que meus serviços não eram assim tão necessários na organização da Guarda, lá andava eu em um de meus habituais voos exploratórios pelos campos, quando, quase bati de frente numa Abelha que, distraída, quase me abalroara.
Quase parei em pleno voo e gritei em sua direcção, - “Amiga, quase me atropelavas em teu voo distraído!”
Parecendo não me ter ouvido, ela seguiu seu destino...
Nisso, virei-me e voei em sua perseguição, tentando aproximar-me dela.
À medida que me ia achegando, fui-me apercebendo que ela não tinha a habitual cor amarelado-doirado e as faixas pretas intercaladas, usuais nas Abelhas normais. 
Era de uma mistura de cores metalizadas e vivazes. A parte de trás do seu corpo apresentava-se num verde prata intenso e na parte da frente, num vermelho fogo metálico.
Contudo, o seu volume e aspecto físicos eram muito semelhantes aos das Abelhas da minha espécie, não faltando as listas pretas.
Quando finalmente me consegui colocar ao seu lado e olhei em seus olhos, quase perdi o equilíbrio de meu voo e quase me despenhei contra a flora à frente. 
Lá me recompus e voltei a colocar-me ao seu lado, voando a par dela. Voltei a dirigir a palavra a ela novamente, - “De que Colmeia és tu?”
Ela continuou imperturbável, ignorando-me por completo. Seu voo era firme e determinado e via-se que estava disposta em não ser interrompida por nada.
Dando mais energia às minhas asas, num impulso mais forte, comecei a voar para me colocar a sua frente.
Tentei impedi-la de prosseguir, tendo-lhe dado uma nova ordem, - “Ou páras já e te identificas, ou serei obrigado a deter a tua marcha” 
Subitamente e quase que impedida pelo meu bloqueio de continuar em frente, ela desacelerou e falou, - “Eu sou uma futura Rainha de Colmeia”
Foi a minha vez de replicar, - “Mas, que fazes tu aqui no meio de nosso território e de onde vieste?”
- “Sabia pelos odores que, este território, tem um Enxame determinado como dono do mesmo, contudo, não pude evitar atravessa-lo para tentar chegar ao meu objectivo no mais curto de espaço de tempo possível”, respondeu ela. 
Continuando, ela disse, - “Se não passar por aqui, encurtando a distancia até ao meu destino, minha futura Colmeia poderá nunca vir a formar-se. Recebi a mensagem de uma de minhas súbditas que, há um Enxame de Vespas, que anda perto do local que escolhemos e no qual estamos a preparar para fazer nosso Cortiço. E se não chego lá a tempo, meu Enxame não terá meu comando e não oferecerá qualquer defesa ou resistência contra as tais Vespas”
- “Eu sou o Zângão Chefe da Guarda dos Zangões da minha Colonia de Colmeias e não devo afastar-me muito do meu território, pois, posso ser destituído de meu cargo e de até, ser expulso da Colmeia e ser condenado ao desterro”, disse eu. 
Ela, em tom meio desesperado e agitado, foi dizendo, - “Por favor, deixa-me continuar meu voo, pois, quanto mais tempo demorar, pior para a minha futura Colmeia!”
Ela continuou, - “Já vi que pensas que sou tua inimiga, talvez porque sejamos de cores diferentes!”...
Por acaso, já me tinha quase esquecido que ela tinha cores diferentes das habituais das Abelhas comuns. Vou e digo-lhe, “Ainda não me respondeste de que Colmeia vens ou onde pertences? Tu nada tens a ver com a nossa espécie e porquê apresentas essas cores metalizadas tão intensas?” 
- “Olha lá, e tu sabes porque és amarelo e preto?”, foi ela dizendo com certa firmeza.
Fiquei meio desconcertado com essa sua pergunta.
- “Se não sabes responder, o melhor
é deixar que eu siga o meu caminho, pois, já não tenho muito tempo para salvar a minha futura Colmeia”, disse ela com ar desafiante.
Sem ter ficado muito ciente de mim, abri caminho e deixei-a seguir...
Uns tempos passados mais tarde, estava eu à porta de uma das Colmeias de nosso Enxame, que ora já ia ocupando um largo território, quando vi vários Zangões exploradores chegarem em voos apressados e sem pararem ao pé de mim, irem directo para o interior da Colmeia para junto da Rainha Mãe. No inicio não liguei muito ao assunto, porque já era de certa forma habitual, que viessem outros Zangões e voassem directamente até à presença da Rainha, para a fertilizarem também. Quando acabavam de praticar o ritual da fertilização, voltavam a sair para os seus postos de guarda, fosse lá onde fosse. 
Mas, esse encontro estava revelando-se algo muito diferente. Em função do que eles tinham comunicado a Rainha, ela começou a emitir um zunido vibratório muito intenso, que era usualmente utilizado para reunir os Zangões à sua volta. Algo de grave estava a acontecer! 
Quando me acheguei à Rainha, já uma parte dos Zangões tinha estado em sua presença e de imediato partiam para o exterior da Colmeia. A eles, outros Zangões das Colmeias vizinhas se juntavam num autentico exercito aéreo. 
Mal entrei em contacto com a Abelha Mestra Mãe, ela foi-me transmitindo a razão do que levava a tal alerta mobilizativo. Havia uma enorme força de Vespas vindas na direcção de nossas Colmeias e havia que as tentar travar muito antes que elas conseguissem atravessar o nosso território e lhes fosse permitido entrar nas Colmeias, o que seria o provável fim para de algumas delas, senão para todas. 
As Vespas costumavam vir em formações cerradas e atacavam tudo à sua passagem sem dó e nem piedade. Uma Vespa, de tamanho muitas vezes maior, conseguia lutar contra dez ou mais Abelhas de uma só vez e despedaçá-las. Milhares de Abelhas morriam em tais arrasadores ataques. Muitas vezes, eram tão avassaladoras que, conseguiam penetrar nas Colmeias e dominar e destruir as Rainhas. Com isso, dominavam e destruíam por completo as Colmeias. As Abelhas que sobravam, acabavam sucumbindo mais tarde, votadas à sua sorte, ao abandono e à fome certa.
Ouviram-se os primeiros zumbidos aterradores ao longe. Os Zangões, acompanhados de Abelhas trabalhadoras comuns, que reforçavam a defesa, moviam-se na direcção da nuvem ameaçadora, que agora, já se visualizava claramente. O roncar do voo colectivo das Vespas era de tal ordem, que muitas das Abelhas e alguns dos Zangões, pura e simplesmente, assustadas, fugiram em direcção às nossas Colmeias. 
As primeiras Vespas estavam perto de mais, e já não havia outro remédio que não lutar até à morte. Organizei pequenos esquadrões mistos de dez Zangões e dez Abelhas para atacar cada Vespa.
Assim que as primeiras chegaram, voamos em formação compacta na direcção das que vinham à frente, tentando barrar as primeiras. Um Zângão ía a uma das patas, outro a outra pata, outro a uma das asas e outro ainda, a uma antena e assim por diante. As Abelhas iam espetando seus ferrões nas partes mais moles dos corpos das Vespas, entre as suas cascas duras. Uma a uma, as Vespas da frente iam caindo. Junto com elas caiam alguns Zangões e Abelhas, também despedaçados pela força muito maior das Vespas. A batalha começava a ficar desequilibrada, com as Vespas em grande numero e força, a conseguirem perfurar as nossas linhas defensivas. 
Ao longe, via-se a agitação crescente nas entradas das Colmeias. Muitas das Vespas já lá estavam a desbaratar as Abelhas que tentavam defender as entradas de acesso ao interior das Colmeias.
Depois de muita luta e alguns ferimentos, decidi fazer recuar a for
ça dos Zangões para as entradas, sobretudo das Colmeias que pareciam estar ainda intactas e de ter alguma hipótese de defesa. 
Muitas Abelhas voavam tontas e confusas para fora das Colmeias, não sabendo mais o que fazer e nem como reagir. À medida que as Vespas iam tomando as Colmeias, iam deixando uma onda de caos e destruição nos seus interiores. Elas vinham para invadir as Colmeias, destruir as Rainhas de cada Colmeia e para comer as larvas e o mel dos favos.
Algumas já haviam chegado à entrada da Colmeia onde estava a Rainha principal, a que eu defendia, desde que era o Chefe da Guarda. Quando aconteciam tais ataques, Abelhões e Abelhas concentravam-se em desviar a atenção dos atacantes para as outras Colmeias, onde havia Rainhas mais novas, procurando defender em ultimo lugar, reduto da Rainha das Rainhas, como estava agora acontecendo. 
Apesar de nossa defesa ser impressionantemente compacta e firme na luta, algumas Vespas haviam conseguido mesmo meio feridas, penetrar nas Colmeias. Algumas de tão fortes, pareciam não sentir os mais de 20 ou mais Zangões e Abelhas agarrados a seus corpos. Mais pareciam tanques em marcha imparável rumo ao objectivo, que era o centro da Colmeia e a Abelha Mãe. 
Já quase dados por vencidos e débeis pelas feridas da batalha atroz, ouvimos um zumbido fraco primeiro, para depois, mais parecendo um autêntico trovão, vermos no horizonte próximo, um enorme Enxame multicolorido prateado, reluzindo contra os raios de Sol. Parecia mais um foguete ou um raio sem forma definida, vindo em nossa direcção. Ainda cheguei a pensar o que mais seria aquilo, depois de estarmos quase destruídos e derrotados, que nos estaria prestes a cair em cima! Não demorou muito para que a respostas chegasse. 
Como balas passando por nós, dividindo-se várias direcções, rumo também a outras Colmeias, aquilo que pareciam ser Abelhas de tom verde e vermelho prateado, reluzentes, mergulhava no que restava da batalha e atirava-se com um vigor desmesurado contra as Vespas. Nunca antes havia visto tanta coragem e determinação numa batalha. As Vespas, uma a uma, iam caindo desfeitas no chão. Outras, meio moribundas pejavam o solo, arrastando-se para o mais longe possível, algumas sem patas ou asas.
A meio da destruição e do caos da intensidade da batalha, alguma ordem foi começando a surgir. Ali, olhei para uma determinada Abelha, que me parecia estar no comando destas tais Abelhas verdes e vermelhas prateadas, e à medida que ela se foi aproximando de mim, vi logo que se tratava da Abelha com quem me cruzara uns bons tempos antes...

- “Amigo Abelhão, sou eu a Abelha que deixaste passar, que para ti não passava de uma estranha, por ter aspecto diferente do teu. Estas vespas eram as mesmas que andavam rodando naquela ocasião a Colmeia que eu estava constituindo. Consegui lá chegar a tempo, depois que me deixaste passar, para organizar a nossa defesa. Como ainda estávamos a formar a Colmeia, tivemos que arranjar formas de despistar as Vespas, que tinham uma força considerável, disfarçando e camuflando o melhor que pudemos o nosso Cortiço. Tapámos as entradas com barro e como nós fazemos as Colmeias nas encostas de terra, foi fácil de dissimular a nossa. Assim, elas 
procuraram, mas, nem sequer o cheiro conseguiram detectar, pois, também produzimos certas hormonas que confundem outros insectos. No entanto, as Vespas formaram Colonias não muito longe de nossa Colmeia, tornando-se um perigo constante. Contudo, quando vimos que elas estavam começando a rondar vosso território, sentimos que elas vos atacariam um dia. Quando vimos que nos tínhamos multiplicado o suficiente e nossa Colonia era já grande e poderosa, decidimos vir juntar-nos a vocês. Contudo, elas foram mais rápidas e chegaram cá primeiro, não tendo conseguido evitar que uma boa parte de vossas Colmeias e Rainhas tivesse sido destruídas por elas!”, disse com ar altivo, aquela que parecia falar com um certo ar de Rainha dessa tais Abelhas misteriosas. 
Cansado se muito ferido, perguntei, - “Porque vir em nossa ajuda, quando as lutas com as Vespas causam sempre muitas vitimas, levando quase sempre à derrota das Abelhas, mais pequenas?” 
Ela respondeu, -“Já naquela altura te havia demonstrado que eu era um Rainha e tu, apesar da duvida e de eu não ser da tua espécie, deixaste-me passar, permitindo que eu salvasse as minhas Abelhas e a minha futura Colmeia, pelo que, em retribuição, decidi fazer algo por ti e pelas tuas Abelhas, vindo em socorro de vossas Colmeias. Agora, é hora de limparmos as Colmeias e de te ajudarmos a reorganizar as mesmas, antes de partirmos”.
Depois de inspeccionados os danos e de termos levado Abelhas e Vespas mortas para um lugar afastado, concluímos tristemente que, todas as Abelhas Rainhas das restantes Colmeias da nossa Comunidade haviam sido mortas, à excepção da Rainha das Rainhas. Contudo, aquela estava agora moribunda, devido aos ataques sofridos por algumas das Vespas que furaram as nossas defesas. Ficamos meios desesperados e sem saber o que fazer. Quase que decidimos a meio de tanta desolação e destruição, abandonar as nossas Colmeias e ir à procura de outras Comunidades de Abelhas algures, onde nos pudéssemos integrar. Muito provavelmente, só os Zangões, devido a seus papéis reprodutores, seriam aceites. As Abelhas trabalhadoras não seriam tão facilmente aceites e acabariam por sucumbir algures dispersas e perdidas pelos campos. Seria o fim da nossa Comunidade como tal. 
Não perdendo a cabeça, decidimos acompanhar a Rainha verde e vermelha prateada de volta à sua Colmeia, em tom de agradecimento, e isto também, porque ela aceitou gentilmente ceder-nos uma nova Rainha, que estava sendo formada em sua Colmeia e que, teria a função de desmultiplicar-se por outra futura Colonia, mas que, neste caso, viria connosco para nos ajudar a repopular as nossas Colmeias. Quando nos despedíamos, a Rainha verde vermelha prateada, em tom totalmente nobre, olhando para mim em meus olhos, virou-se para as suas Abelhas, dizendo, - “Queridas Filhas e Filhos da minha Colmeia, hoje será o dia em que vós sereis autónomos e em que terão uma nova e jovem Abelha Mestra a comandar-vos. Ela já esta
 formada e será ela, a partir de hoje, a vossa nova Rainha. Eu, por opção minha, vou ajudar estes nossos amigos e aqui o meu amigo Zângão amarelo e preto, a formar as Colmeias e a dar continuidade às Comunidades de suas abelhas. Houve uma festa naquele momento, com mel e geleia real posta a disposição de todas as Abelhas, anfitriãs e visitas, que comeram até se fartarem. Após isso, partimos com a nova Rainha Mãe de volta à nossa Colonia Colmeias...
A meio do caminho, a Rainha verde e vermelho prateado virou-se para nós, - “Só há um senão, e que vós estais ainda a tempo de corrigir e decidir ser será ou não certo que o que irá acontecer daqui para a frente!” 
Fiquei meio atónito e perguntei, - “E o que será que nos levará tomar outra decisão diferente?” 
Amigo Zângão amarelo e preto, - “Na verdade, nunca me saíste da cabeça e desde aquela vez, que me apaixonei por ti. Contudo, por seres diferente e pertenceres a uma Comunidade distinta de Abelhas, pensei que nunca seria possível nós um dia virmos a ficar juntos e a formarmos uma nova Comunidade! Mas, parece que isso estarás prestes a acontecer agora. Como disse, há um senão! Que, é o de sermos diferentes e de que, a partir daqui, todas as Abelhas e Zangões que eu conceber, mesmo sendo fertilizados por ti e pelos restantes Zangões, terão particularidades minhas e vossas misturadas. Seremos portanto, ora em diante, uma nova espécie de Abelhas verde-vermelho e amarelo-preto com tom prateado ou doirado. Portanto, se ainda me quiserem aceitar, tudo muito bem! Mas, se acharem que isso não está bem, pegarei em alguns de meus Zangões, e partirei com eles para fundar novas Colonias de minha espécie?”
Eu, olhando para as Abelhas e Zangões da minha Colonia de Colmeias, virei-me solenemente para a Rainha verde e vermelho prateado, - “Continuemos nosso voo, pois, também eu na ocasião me havia apaixonado por Sua Majestade...e agora que a temos connosco e precisamos de si, não vamos desistir de nossas sobrevivências, seja com a criação de uma nova espécie de Abelhas ou não. Pelo contrário, será para nós uma honra, que sejamos a partir de agora uma espécie misturada com aquelas que nos
salvaram da morte e da extinção certa. Viva a Rainha....”...

 Nascia assim uma nova espécie de Abelhas. E a partir dali, passava também a existir, os melhores mel e geleia real que jamais haviam sido produzidos por qualquer espécie de Abelhas até ali existentes...

Pequena Estoria alusiva ao Natal, escrita em Luanda, Angola, a 23 de Dezembro de 2014, por Manuel JFD de Sousa, em Homenagem a todas as Crianças de Angola e do Planeta Terra e a Paz e a Liberdade dos Povos...
Manuel de Souza
Obrigado meu amigo Manuel de Souza. Hp


Foram detectados: 1 erro ortográfico e 1 erro sintáctico.



PESSOAS COMO TU…

São as pessoas como tu que fazem com que o nada queira dizer-nos algo, as coisas vulgares se tornem coisas importantes e as preocupações maiores sejam de facto mais pequenas.
São as pessoas como tu que dão outra dimensão aos dias, transformando a chuva em delirante orvalho e fazendo do inverno uma estação de rosas rubras. As pessoas como tu possuem não uma, mas todas as vidas. Pessoas que amam e se entregam porque amar é também partilhar as mãos e o corpo. Pessoas que nos escutam e nos beijam e sabem transformar o cansaço numa esperança aliciante, tocando-nos o rosto com dedos de água pura, soltando-nos os cabelos com a leveza do pássaro ou a firmeza da flecha.
São as pessoas como tu que nos respiram e nos fazem inspirar com elas o azul que há no dorso das manhãs, e nos estendem os braços e nos apertam até sentirmos o coração transformar o peito numa música infinita.
São as pessoas como tu que não nos pedem nada mas têm sempre tudo para dar, e que fazem de nós nem ícaros nem prisioneiros, mas homens e mulheres com a estatura da vida, capazes da justiça, do sofrimento e do amor.
São as pessoas como tu que, interrogando-nos, se interrogam, e encontram a resposta para todas as perguntas nos nossos olhos e no nosso coração. As pessoas que por toda a parte deixam uma flor para que ela possa levar beleza e ternura a outras mãos. Essas pessoas que estão sempre ao nosso lado para nos ensinar em todos os momentos, ou em qualquer momento, a não sentir o medo, a reparar num gesto, a escutar um violino.
São as pessoas como tu que ajudam a transformar o mundo.
Joaquim Pessoa

(Evocação de Mericia Maria)