quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

DECLARAÇÂO DE INTERESSES EM NOME DO FUTURO


Acho imensa graça quando nomes conhecidos da praça, pessoas por demais estimáveis, abandonam a lista Facebook se por instantes se toca, sem nunca ferir, a qualquer dos seus mentores políticos ou aos intérpretes das suas simpatias. Para mim as pessoas, quaisquer pessoas, estão sempre em primeiro lugar. Mesmo aquelas às quais nunca darei o meu voto em face do seu percurso de vida. Isso inspirou-me a
dedicar a tais «fugitivos» uma declaração de interesses: a) o professor Cavaco Silva apoiou sobremaneira a obra cultural a que presido, sinto-me eterno e penhorado devedor. Mas nunca votei nem votaria nele. Tenho-o por autoritário, escolheu mal muitos dos colaboradores mantendo a proximidade com alguns até há meses (como um dos seus conselheiros de Estado, «à mulher de César…»), foi um primeiro-ministro perdulário, tem sido um presidente ausente, calculista em seu proveito. Para um doutorado em Finanças Públicas (especialista não é bem a mesma coisa!) exigia-lhe bem mais; b) Defensor de Moura ajudou-nos em Rotary, como poucos, enquanto autarca em Viana do Castelo. Mas nunca votaria nele, particularmente pelo vácuo e inutilidade da sua candidatura e dada a pouca ética do diálogo que tem demonstrado com os seus opositores, o vazio aos esses e erres do seu discurso. Ganhou todos os maus hábitos do diálogo político em Portugal; c) a Manuel Alegre apenas devo a agradável frescura dos versos por ele escritos nos anos 60 (o resto é banal). Nunca votaria em quem politicamente nada fez numa vida inteira, apesar do «a mim ninguém me cala!» que lhe ganhou engulhos nuns tempos e simpatias noutros. A sua «lealdade» é inconstante, prima pela arrogância e marialvismo; d) a Francisco Lopes nada devo. Ao comunismo de que é porta-bandeira, sistema político fundamentado sobre a irracionalidade e a mentira quanto à natureza humana, muito menos. Jamais votaria nele. Apesar do imenso
poder que detém constitui indício de retrocesso sociológico; e) ao meu colega Fernando Nobre nada devo a não ser o privilégio de desfrutar da exemplaridade do seu percurso de vida (quem tal não tem procura impedir esse rumo da conversa, «saúdo-o pela sua chegada à política», disse-lhe, boçal, um dos seus oponentes, como se a política fosse exactamente esse mundo onde perora o autor de tal saudação). Acima do tipificar o carácter, resultado desse caminho, um factor muito importante, o percurso de vida de Fernando Nobre significa ter ele feito sem anúncio prévio tudo aquilo que os outros ora se propõem fazer e nunca fizeram até hoje. Votarei nele em nome da mudança radical, carência mor do país, em nome do futuro das novas gerações.
Henrique Pinto
Dezembro 2010
FOTOS: Fernando Nobre; Cavaco Silva; Manuel Alegre (foto e ambas as caricaturas de Zorate); Cavaco Silva e Manuel Alegre no final do debate RTP

AS PARANGONAS DO ARQUITECTO


O director do jornal O Sol, arquitecto José António Saraiva, meu colega de liceu, perdeu boa fatia da auréola de credulidade desde a sua saída de O Expresso.
Imagine-se, sem qualquer dado novo após os debates televisivos, o seu jornal faz uma notícia premonitória assente, exclusivamente, no histórico dos meses anteriores, como se fosse o último grito. Ora esse período – que tristemente se prolonga – cujo trabalho jornalístico assentou em radicalizar as candidaturas presidenciais, estribando-o em torno de dois putativos candidatos à altura, pouco lhe falta para réplica da inquisição.
Nessa linha o arquitecto deixa agora publicar algo como isto:
«O actual Presidente tem liderado as intenções de voto desde as primeiras sondagens. Alegre arrisca um resultado inferior aos 20% da eleição anterior. A vitória à primeira volta de Cavaco Silva tem sido a tónica dominante em todas as sondagens e barómetros que, nos últimos meses, avaliaram as intenções de voto dos portugueses para as presidenciais».
É esta a bomba jornalística. Um espanto, não é!? Sem nada de novo em relação à réplica do Santo Ofício constrói parangona de vaticínio supostamente inabalável. Por semelhança à existência ou não de bruxas, até pode vir a ter razão no seu insinuante prognóstico. Mas não deixa de ser manipulação, e por conseguinte, sem nada a permitir-me chamar-lhe jornalismo.
Henrique Pinto
Dezembro 2010
FOTOS: António José Saraiva; candidatos à presidência da República

O ÓNUS DE CRONOS

É uma nova década que começa. Medimos o tempo por eras (homens ou ainda não), milénios (religiões e cismas), séculos (revoluções), décadas (ciclos económicos), quinquénios (planos), anos (a moda, os governos, as paixões), meses (fertilidade, ordenado chega ou não), semanas (encontros e desencontros), dias (trabalho e preguiça), horas (vida e morte), minutos (ejaculações,lábios e beijos), segundos (pensamentos), décimos de segundo (recordes, com ou sem doping), nanosegundos (o sol nasce, mas não é para todos), etc. Que desejar hoje? Que as pessoas aprendam ser preciso mudar o ciclo, o paradigma, a crença, o regime, o que já não tem futuro político, enfim...ousar !
Henrique Pinto
Dezembro 2010
FOTOS : Sharapova; Naide Gomes

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

TRETAS & LARACHAS E AS MULHERES EM CAMPANHA

Felizmente, no terço do mundo que vive «bem» o papel social da mulher está a mudar, irreversivelmente. O mundo tem 52% de mulheres e 48% de homens. Mas nos restantes dois terços do planeta, não apenas no martirizado continente africano ou nas economias débeis da América do Sul, mas também no desenvolvido Japão ou na emergente e rica Coreia do Sul, a mulher tem um estatuto absolutamente menor ou eminentemente subalterno.
Daí que o Dr. Fernando Nobre – conhecedor do mundo como poucos – tenha privilegiado a Mulher na sua campanha presidencial. Ele sabe que nenhuma especificidade existe no género que suscite atenção parcelar. Mesmo assim, sendo a maioria no contingente universitário, por exemplo, as mulheres portuguesas são também a maioria no desemprego.
Para as pessoas limitadas a ampliar o efeito de comentários da sua mesma área política – como o tem feito o meu colega Defensor de Moura no usufruto dos maus hábitos do debate político em Portugal – no jeito por ele mesmo apodado de Tretas & Larachas, a queimar tempo aos opositores enredando-os no ir atrás das suas questiúnculas, porventura este será também um tema menor. Para comentadores como Inês Serras Lopes o presidente da República também não poderia usar os seus poderes para trazer este tema candente à discussão e consciencialização públicas. Quando muito, para ela, terá relevo como mero indicador de carácter. Como se, mesmo se nela crendo, o carácter fosse coisa de somenos no processo decisório.
É sobretudo a solidariedade com a imensa mole de mulheres descriminadas, exploradas e escravizadas na maior parte do mundo, convicto de este gesto poder funcionar como acção catalisadora, o móbil do seu apelo. Na certeza de nenhuma realidade sociológica ser reprodutível por si só ou de gestação espontânea.
Amanhã, o Jantar com Mulheres, incluído na campanha presidencial, terá a todo o tempo presente esse grito surdo, essa angústia incolor, a escravidão no género humano. É um acto sublime.
Henrique Pinto
Dezembro 2010
FOTOS: a amiga Luciana Góis, actriz e militante católica de Aracajú, Brasil; mulheres da Guiné Bissau; Teresa Serrenho, Helena Godinho, João Ermida e Maria José Miranda (neta de uma conhecida activista da primeira República), na apresentação da Comissão de Honra do Dr. Fernando Nobre em Leiria; Fernando Nobre e Defensor de Moura na RTP 

domingo, 26 de dezembro de 2010

A CADA UM SUA VERDADE E A MUTABILIDADE DO SOCIAL


Lá bem no fundo aquela frase – pena era ter pertencido a Maurras, o poeta integrista francês da «política primeiro» - «se a verdade não estiver de acordo com os factos, tanto pior para os factos», era comummente apropriada no seu sentido último por muito bons sindicatos de interesses, mesmo se aparentemente inofensivos, tão próximos de quantos cirandam em seu redor.
Sentia os calores da vergonha por, dizendo de suas verdades, as pessoas fingirem acreditar, e, logo depois, numa pequena frase ou interjeição, despojarem-se desse peso. A verdade oficial – do partido, da religião, do negócio, das conivências – vive para além dos seus intérpretes, como realidade social independente.
Na «twinn towers», pequena loja de recordações ao fim dum largo corredor do aeroporto Kennedy – dali viam-se as torres gémeas, ainda sem a névoa do ódio – comprara aquela gravata listada, por cá só a viam a locutores da TV por certo mais viajados. O cartão «gold» não passou na máquina, a idosa senhora insistiu. A dada altura, ante o fracasso da ligação, tirou da gaveta a impressora manual de cartões e sancionou o pagamento. Como podia ela ter tanta fé em não estar a ser enganada, num lugar daqueles e se nunca o vira antes?
Esta percepção está para lá dos sentidos, reporta-se à subjectividade da realidade, cobre-a o tom afectivo particular do indivíduo. Se os factos não atentam contra as suas crenças, o seu mundo de interesses e afectos, maior a facilidade em ganharem estatuto de verdade.
Percebera já tarde esta subjectividade, descoberta da psiquiatria moderna. Estava seguro dos malabarismos do superior hierárquico com os resultados científicos, da sua perícia em manusear dados e contornar os interesses sociais mais ínvios, mesmo se atentados mesmo contra o bem comum, para sustentar o estatuto perante o ministro, o partido, e poder continuar a nutrir o ego.
De nada lhe valera contrapor o rigor das análises, falar do seu trabalho específico mundo além. O trafulha foi até várias vezes preiteado pelo seu amor à causa política, aos interesses da terra. Mesmo se se dizia sotovoce tratar-se dum patifório de mãos ao peito, carácter assaz clonado. Por ironia, como se os contrários sobrepostos se fundissem, muitos desses crentes na trafulhice do chefe pareciam-lhe também sinceros no admirar o empenho humanitário e profissional dele próprio, o sofredor da verdade. Durkheim dizia haver primazia das idéias socialmente elaboradas sobre as individuais, o social a ter poder coercivo sobre o sujeito da acção. Moscovici vai um pouco mais longe, tem em conta a perspectiva individual das consciências, unindo-a à experiência e visão de mundo construídas pelo todo social. Por isso, atribuamos a cada determinismo o seu peso específico, pior seria acreditar na imutabilidade do social.
Henrique Pinto
Dezembro 2006
FOTOS: As Twinn Towers no dia do ódio; Sandrine Maia, verdades que são futuro; Serge Moscovici, as representações sociais; o futuro no feminino


A VERDADEIRA SONDAGEM

Se a realidade dos últimos anos foi o sacrifício de Sócrates na ara pública – é fácil num cosmos deteriorado tal o nosso ferir-se de morte um primeiro-ministro, como touro acossado -, ante a «pureza» de Cavaco, intocável vestal, como quereis agora tornar credível outra verdade?
É o drama da inutilidade do regime eleitoral vigente. Não duvido um milímetro da argumentação do Dr. Defensor de Moura, meu colega de profissão. O Dr. Fernando Nobre foi superior aos oponentes nos três debates televisivos. Todavia, o cidadão, se aceita vitimizarem-se os mais expostos, tolera mal o dizer-se dum presidente a mais inofensiva das supostas inconveniências, mesmo bem explicadas. E por isso as sondagens do professor Cavaco vão subindo.
A verdadeira sondagem é o voto expresso nas urnas. Se assim não fosse o CDS-PP já tinha desaparecido há muito. Mas os mitos constroem-se assim, num amontoado crescente de inverdades toleradas, entre as contradições, conveniências e os seus contrários.
Henrique Pinto
Dezembro 2010
FOTOS: Cavaco Silva e Defensor Moura na TVI; duas fotos de Fernando Nobre em Leiria

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O OUTRO, THE OTHER


De Leiria a Telavive e daí ao Cairo acendem-se luzes de Natal, não pela religiosidade como guia, este é o único período de tréguas, de atenção ao outro.
Boas Festas e Bom Ano

From Leiria to Telavive and from here to Cairo we have Christmas lights shining, not because of religion as a guide, this is the sole period of truce, giving attention to the Other.
Season Greetings to all my friends

Henrique Pinto
December 2010
PHOTOS: Henrique Pinto

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O EXEMPLO


Um percurso de vida na política é mais nobre que um nobre percurso na vida? Conhecer o país de Mercedes exclusivo e perorar diante de gente embevecida ilustra mais quem o faz? Ou mais se ilustra quem conduzindo o seu próprio carro segue bairros adentro a abrir um centro comunitário, a dirimir com os obreiros do social, ou ensinar medicina? Um deputado com décadas de cadeira e nem um requerimento feito será um político de habilidade superior a quem negociou saúde e comida, bisturi cortando à luz da vela em dezenas de cenários de dor, mundo dentro? Quem se banha na Falésia com uma centena de «gorilas» à espreita pode inspirar confiança a quantos se aventuram nos becos esconsos, findo o turno da noite,
temendo cada sombra como certeiro assalto? Quem consultar a agenda do poder em busca dos encontros com as forças políticas e pouco mais vir em relação ao noticiado na TV, pode acreditar na magistratura crítica e de influência? Quem sabe do PCP, implantado por quase um século nas zonas mais dependentes do emprego parco, onde a iliteracia medra, ser o maior grupo comunista da Europa, incrustado nos sindicatos dos serviços públicos e outros, continuando a repetir as consignas de Cunhal, inalteráveis ao longo duma vida longa, pode acreditar numa Autoeuropa viável com os seus negociadores?
São afinal os bons e maus exemplos a condicionarem emancipar e sujeição. A elevação no diálogo pode e deve sobrepor-se à atoarda. A pedagogia do bom exemplo é a mais determinante para quantos desejem encontrar um rumo certo. O país carece dos nela instruídos e experimentados.
Henrique Pinto
Dezembro 2010
FOTOS: Cavaco Silva a banhos no Algarve; Manuel Alegre, «à pesca não sou poeta»; Cavaco Silva e Fernando Nobre na RTP; o sucesso na Autoeuropa

A FAZER UM PORTUGAL MELHOR

Portugal está cada vez mais na moda, Eis que o terrorismo internacional entra por aí dentro, droga contrafeita é exportada mundo fora e até redes de dólares falsos se descobrem. Manuel Pinho ensina na Columbia University. Os pobres deste país, grandes açambarcadores, foram-se ao açúcar e ao peru de Natal e foi um ver se te avias, desapareceu tudo. A classe média, a acreditar no que por aí consta, acorre em filas aos bancos alimentares, e muita gente chora pela chegada do FMI salvador, qual mama de sempre em vez de verdugo. Francisco Lopes num lado a lado televisivo com o professor Cavaco Silva, malha no orçamento como se governo fora em nome deste povo, que dos dele se libertará, creiam-me, quando mais culto (nada tem a ver com capacidade de trabalho ou inteligência, atributos a sobrarem a esta massa lusa). Finge debater com o suposto opositor. E este sorri. Se fosse eu até lhe agradecia a prestação. Não deixa de ser divertido.
Todavia, no que conheço bem por enclaves vários país fora, há excelência quanto baste. Enquanto presidente do Orfeão de Leiria Conservatório de Artes gostaria mesmo de, no próximo devir, como disse ao Diário de Leiria, a casa ser capaz de continuar a poder ostentar qualidade com verdade, solidariedade de par com a estética, e a validar as características dos seus singulares fautores de cultura, na humildade, com o pouco erguendo muito, fruindo o corresponder das multidões informes e diversas a que se dirige. A fazer um Portugal melhor.
Enquanto o garrote de Merkel e mercados, governo e oposições, aperta forte, mais forte ainda, vamos tratando dos males a saborearmos notícias. Vejam bem, Costinha ficou meio aliviado no trabalho. Substituíram-no. Grande jogador, admirávamo-lo muito enquanto tal, pena foi não ter passado pela nossa equipa! Dizia-se que conhecia meio Mónaco e suas princesas. Quando foi para a Rússia terá levado vinte e nove fatos e noventa pares de sapatos. Previdente como é de muito lhe devem ter servido. Voltou para dirigente do Sporting e fez um excelente trabalho de relações públicas e como gestor dos «activos», ora assim se diz. Afirmou-se ao mostrar quem manda. Acabou com Ismaelov, um gajo que nem sabia jogar com dores. Bastou-lhe um murrito na mesa. Mesmo se isso pode ter custado a eliminação do clube. E foi assim, obviamente, superior em correcção ao Sá Pinto, antecessor no cargo, o tal da socada em Liedson como se fora na cabeça de Artur Jorge. Nisto se assemelha à gestão de muitas empresas privadas e serviços do Estado. Pouco faltará para receber uma comenda. Não deixa de ser divertido.
Conhecemos o Diniz a tocar as suas mornas e koladeras no restaurante O Archote, em São Vicente, e a família adoptou-o, grande amigo. Empresário de alfaiataria no Mindelo, portista ferrenho, as filhas acabam estudos superiores no Brasil e dois rebentos estudam no Mindelo. Aí vive. Inteligente e culto, educado e tolerante, «mata-se» a trabalhar por uns poucos escudos que lhe permitam manter a família e não despedir colaboradores se as encomendas minguam. Esteve agora de novo a tratar-se nos Hospitais da Universidade de Coimbra, uns diazitos. À saída, doentes e pessoal despediram-se dum amigo do peito, a lágrima correndo. Talvez por haver muito boa gente como ele Cabo Verde é hoje, mau grado toda a debilidade, a quinta economia Africana.
Henrique Pinto
Dezembro 2010
FOTOS: Os ora candidatos à presidência da República; Cavaco Silva e Francisco Lopes na TVI; caricatura de Costinha; Liedson; o primeiro ministro e Manuel Pinho

INSANA VOLÚPIA, NATAL SEM TEMPO CERTO

Não fora intencional. Mas ao colarem-se-lhe os lábios naqueloutros, carnudos e húmidos sob o nariz levemente empinado, olhos rasgados de mulher linda quase adolescente, qual Angeline, o corpo inteiriçou-se-lhe, grato. Agora não era só pelo ser distraído, o elevador lento permitia entrecruzar as mãos, dedos presos, os lábios tocavam-se de mansinho, num canto, noutro, esvaíra-se o significado do estarem ali, pouco importava.
O mundo é hoje menos seguro, os homens multiplicaram-se ao ritmo das gaivotas neste cosmos ilhéu, Berlengas sem fim, todos o sabem, e o homo sapiens, único produto espiritual da criação, do big bang, sem ar ferino, é o maior responsável por tal intranquilidade, o único animal que persiste na sua autodestruição, fazendo-o mesmo ungido de divindade, quase apostando na finitude do paraíso habitado por inocentes belos tigres, peixes multicores, ágatas e xistos, anémonas e hortênsias.
E a cada vez que tenta pensar em dez pessoas boas e outras tantas más a lista das últimas completa-se mais célere, por vezes tão depressa a ponto de se surpreender. Bonomia, carinho, verdade, atenção discreta, respeito, amor, ética, fidelidade, elevação, música, lembrança, o bem do Outro, atributos sérios, podem vulnerabilizar-se perante insolência, oportunismo, mentira, jogadas de casino, de bastidores, maledicência, intriga, manobrismo, vaidade, traição, ruído, egoísmo. Eis mesmo quando, deus e diabo num só corpo, se nos mostram no mesmo rosto diáfano, na mesma cruzada, no convés e velame daquele barco aproado.
O velho companheiro de marear cutucáva-lhe o espírito, o problema, dizia, está em permitirmos que entrem para o ventre deste corpo social «as pessoas sem qualidades para tal». Nada tão verdadeiro quanto falso. Os instrumentos de vida em sociedade reagem como as plantas e os organismos unicelulares, nascem, crescem e morrem, só varia o tempo de vida e o grau de inevitável degenerescência a assolá-los num instante qualquer. Se míngua o conhecimento e o controlo interpares a imunidade fenece mais apressada, qual espadachim entre anticorpos e antigénios, o viçoso murcha e o trevo medra.
Ante a lembrança dos que intentaram passar-lhe a perna, usurpar-lhe méritos e deméritos, dos mãos no peito chacais de dentes tão cortantes, ágeis sanguessugas e carniceiros da verdade e de profissão, só dois intentos o perpassam, estar-lhes um passo na dianteira do fazer e no saber não ostentado, enquanto, entretidos, trepam a mente de distraídos e preguiçosos que antes abjuraram, e o viver sempre bem entre os que precisam ou é socialmente útil, fazendo sobretudo o que quer. Sentia-se com vocação no papel sem nunca haver representado. Um Deus qualquer, o de todos os homens, permitia-lhe ser feliz num Natal sem tempo certo e poder a todo o instante corresponder ao amor dos seus, aos princípios herdados de pais tão prendados na sua simplicidade e querer, e à volúpia insana, memória perene, daqueles lábios carnosos, febris.
Henrique Pinto
Dezembro 2010
FOTOS: olhares de Ana Guiomar e Alexandre Lencastre; trepadeiras dos Açores

AR REVERENCIAL, COMISSÃO DE HONRA E ASSESSORES APAVORADOS


Numa festa muito bonita promovida no último domingo, na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais de Leiria, foi apresentada a Comissão de Honra Distrital por Leiria do Dr. Fernando Nobre.
Nos discursos, Henrique Pinto assinalou as imensas possibilidades de vitória, pesem embora os números publicados, anteriores aos debates e o ainda relativo desconhecimento do candidato em boa parte do país. João Ermida frisou sobretudo o debate dos candidatos Fernando Nobre e Cavaco Silva, em que este se limitou a defender-se, num ambiente em que os seus assessores presentes estavam apavorados.
Esta Comissão de Honra é um grupo simbólico, pequeno, dos que em todos os sectores da vida, olham a necessidade de mudar a orgânica de gestão do país de forma não acomodada, inquietos, quase como uma derradeira oportunidade.
O «guru» dominical da TVI, professor de direito, «jongleur» da palavra, as vidas como marionetes onde basta esticar o cordel, em face de números de share baixos – as compras de natal, diz – mesmo se não condizentes com os que lemos, mas, admitimos, eventualmente fracos -, propugna que os debates na TV deviam ser só em Janeiro. Tanta suposta clarividência é gato escondido com rabo de fora, ele sabe muito bem, quanto menos disser mais Cavaco factura nas sondagens. E se tal candidato fez a sua posição televisiva coincidir com a do PS, lá saberá o que lhe vai na alma.
O evento de domingo foi também uma festa, com a participação do Duo de Guitarras de Ilda Rodrigues e Sónia Leitão, do Orfeão de Leiria, e de Paco Bandeira, inimitável na música e na palavra interventiva, terminando num animado convívio no beberete organizado por Amaral Antunes.
Alguma crítica toca o suposto ar reverencial de Fernando Nobre frente às câmaras perante o candidato presidente. E aquele reafirma pautar todas as suas intervenções pela elevação, o respeito, e a ética, que, diz, é só uma.


A Comissão de Honra do Distrito de Leiria


Henrique Manuel Correia Pinto, Médico, Consultor Internacional de Saúde, Rotário, preside ao associativismo cultural, Mandatário Distrital por Leiria, Leiria; Ana Maria Varela Pena, Professora do Quadro da Escola Secundária de Peniche, Formadora na formação contínua de professores, Peniche; António Alberto Marques Costa, Director Hoteleiro, longos anos bombeiro e director, director do Clube Náutico de São Martinho, Alcobaça; António Gomes da Anica, Profissional de seguros reformado, Leiria; António João Nunes Silva de Noronha Tudella, Designer e Ilustrador, Leiria; António Simões,
Professor do ensino secundário, Mestre organeiro, Ansião ; Carlos Fidalgo, Gestor do Património Cultural da Nazaré, Nazaré; Carlos Simões Santo, Engenheiro mecânico, Professor do ensino superior, Porto de Mós; Cristina Gândara, Licenciada em Românicas, Guia intérprete, Participação na Rádio, Nazaré; Domingos Xarepe, Técnico de Turismo, Professor da Universidade Sénior da Nazaré, Nazaré; Edite Maria Pedro Ramalho Gouveia, Gerente de Hotelaria em S. Martinho do Porto, Alcobaça; Felisberto Matos, Advogado, ligado a várias associações culturais, sociais e desportivas em Alcobaça, Alcobaça; Frederico Novo, Operário especializado na Sesser - Caldas da Rainha, Vida Associativa no Clube Náutico de S. Martinho do Porto, Alcobaça; Henrique Manuel Ferreira Coelho, Assistente de tráfego, Marinha Grande; Isabel Nunes Santos, Desenhadora têxtil, Nazaré; José Adelino Vigia, Ex Bancário, treinador de futebol, participante de actividades sociais na Nazaré, Nazaré; José Madruga da Silva Pimpão, Professor do Ensino Secundário, director da Escola Secundária Raul Proença, Caldas da Rainha; José Pedro Paixão Camacho Vieira, Professor do Ensino Secundário, Bombarral; Madail Marques Mendes, Ceramista artístico, Óbidos; Manuel José Santos Campos, Responsável do sector imobiliário, Alcobaça; Manuel Limpinho Águeda, Antigo Pescador profissional, fabrica réplicas de barcos de pesca e vestes tradicionais Nazarenas, Nazaré; Maria Eugénia Ferraz Gomes, Inspectora de Educação, Bombarral; Maria José Guerreiro da Franca Miranda, Licenciada em Estudos Portugueses e Franceses, Presidente do Conselho Geral da Escola Secundária Domingos Sequeira, Leiria; Marina
Rodrigues de Oliveira Rodrigues, Professora de Dança, Leiria; Marta Sanches Bento Varela, Engenheira Agrícola, Nazaré; Neuza Bettencourt, Professora de música, directora pedagógica, Leiria; Orlando Figueira, Professor do Ensino Superior, técnico de análises clínicas, Leiria; Rita Sanches Bento Varela, Engenheira Civil, Directora de Equipa de Fiscalização - Empresa CONSULGAL, SA, Nazaré; Samuel Fialho, Licenciado em Jornalismo, Nazaré; Sandra Fernandes, Funcionária da Confraria da N.ª Senhora da Nazaré, Nazaré; Sérgio Passos, Advogado, Ansião; Tiago Serrenho, Engenheiro do Ambiente, Consultoria ambiental, Caldas da Rainha.
Henrique Pinto
Dezembro 2010
FOTOS: Fernando Nobre nos estúdios da RTP: Marcelo Rebelo de Sousa, assumido «gurú» televisivo, com Marcelo Caetano; Carlos Carranca e João Lérias em Santarém; Henrique Pinto e João Ermida em Leiria; Paco Bandeira e Graça Sousa em Leiria; Leonel Santos, da Nazaré, com amigos em Santarém.

Presidenciais - Fernando Nobre acusou Cavaco Silva de não ter feito o suficiente para impedir degradação de economia - RTP Noticias, Vídeo

Presidenciais - Fernando Nobre acusou Cavaco Silva de não ter feito o suficiente para impedir degradação de economia - RTP Noticias, Vídeo

domingo, 19 de dezembro de 2010

HÁ SILÊNCIOS QUE GRITAM


O Dr. Fernando Nobre disse ainda ontem em Santarém estar no horizonte próximo a grande e verdadeira sondagem, o dia das eleições.
Quem gostar de futebol ou mesmo doutra prática desportiva de impacto público conhecido, verificará que, nas transmissões radiofónicas ou televisivas, os comentadores saltam de nervosismo, em qualquer jogada crítica, ante a perspectiva de um dos clubes mais tradicionais e famosos poder perder face a um de menor repercussão. Este comportamento é quase uma constante.
Acontece o mesmo com as campanhas eleitorais, a performance dos que dirimem esta questão nos média é muito semelhante, não há que ficar excessivamente preocupado com isso.
Em verdade, o Dr. Fernando Nobre tem agora uma exposição mediática razoável para o tornar conhecido junto de quem vota, ainda que o tempo seja curto. A qualidade dos debates televisivos tem sido excelente, e pelo caminho o candidato Fernando Nobre já encontrou um dinossáurio, técnico profissional da política, hábil, dos que face aos problemas políticos ou económicos, estão e não estão ao mesmo tempo.
A consigna mais ouvida nas sessões onde está presente ou representado o Dr. Fernando Nobre, o candidato que vamos eleger presidente da república, tem sido «Com Fernando Nobre a Presidente, Portugal será diferente!». Pois sê-lo-á, seguramente!
Confesso-vos, desde sempre sem qualquer relação orgânica com partidos políticos, mas acompanhando e participando em todos os instantes da discussão política há mais de 40 anos, só senti como agora, no espírito e pela adrenalina, prazer e envolvimento anímico semelhantes aos do 25 de Abril de 1974. Isso faz-me querer e acreditar ainda mais no sucesso em Janeiro próximo.
 O juntarmo-nos hoje aqui em Leiria é tão só mais um passo, um dos muitos passos a dar na caminhada por entre o desconhecimento, o receio da mudança, a incredulidade. Mas, com certeza todos já perceberam, o silêncio cúmplice relativamente ao Dr. Fernando Nobre, por parte dos milhares de
concidadãos afectos a partidos ou com opções políticas muito marcadas em anteriores eleições e
caminhos pisados, tem um significado inequívoco de apetência pela mudança. Há silêncios que gritam!
A juventude não tolera a política requentada ou com cheiro a mofo, mesmo se a dos jovens velhos seus companheiros, e sente-se atraída pelo novo com marca de autenticidade e esperança. As pessoas de
maior exigência, conscientes, tal como, no mesmo registo, as defraudadas pelos sucessivos ciclos viciosos «esperança – eleição - mais do mesmo», independentemente do seu estatuto social, manifestam a sua simpatia confiante no Dr. Fernando Nobre. Muitos vão ter a surpresa de constatar que a fidelidade acrítica a pessoas ou ideias, consubstanciada nos partidos, é uma falácia.
A apropriação do discurso do Dr. Fernando Nobre por parte de todos os candidatos, é, incontornavelmente, um vislumbre do facto de ele tocar com simplicidade a consciência das pessoas de qualquer formação ou suposta fidelidade política.
Por todas estas e outras razões, a jornada de hoje pretende fazer valer que, um grupo significativo de pessoas desprendidas de interesses mesquinhos, pessoas a construírem futuros, de moldes diferentes, ou a reverem-se nos seus percursos de vida, no respeito e admiração de quantos os envolvem, simbolizam um Portugal sedento de estabilidade activa, de negociação autêntica e leis eleitorais coerentes e pertinentes, de justiça justa, de economia sustentável e resistente aos ímpetos especulativos e aos empurrões da senhora Merkel. É a nossa Comissão de Honra no Distrito de Leiria.
Tal como o grupo de voluntários nesta campanha, reunido ad hoc, espontaneamente, liderado sem tibiezas pela nossa amiga Teresa Serrenho, sempre aberto a mais contributos individuais, assaz motivado, corporiza o nosso querer, é parte de leão do nosso exército de vontades, quais construtores de catedrais.
Com o Paco Bandeira aqui connosco poderemos interiorizar, cantando, «Ó Elvas…Belém à vista!
Com o Dr. João Ermida, Mandatário Nacional, hoje entre nós, a lição do seu último livro «Agarrem o Futuro» será uma outra consigna de campanha, repercutida como nos jornais falantes do norte de África, com veemência e eficácia. Até ao dia das eleições vamos ser nós próprios esse jornal falante em cada rua, em cada casa, a cada porta, e fazer tudo para agarrarmos o futuro, a dizermos a nós mesmos e aos outros, como o Dr. Fernando Nobre, «se houver segunda volta, estaremos lá!».
Com Fernando Nobre a presidente Portugal será diferente! Vamos a isso que se faz tarde!
A cada um de vós o meu Bem haja. Obrigado
Henrique Pinto
(Mandatário de Fernando Nobre por Leiria distrito)
19 de Dezembro de 2010, Apresentação da Comissão de Honra Distrital de Leiria
FOTOS: Teresa Serrenho, a agora Directora de Campanha Fernando Nobre no distrito de Leiria, e o marido, Luís Serrenho, no Jantar Fernando Nobre de 18/12 em Santarém; Fernando Nobre no Jantar de Santarém, ladeado por Henrique Pinto (Mandatário no distrito de Leiria), Maria de Lurdes Pedro e marido, Edmundo Pedro, e Nelson Carvalho (Mandatário no distrito de Santarém); Carlos Carranca e João Lérias em Santarém; João Amaral Antunes tocando Chico Buarque em Santarém; Mesa da Cerimónia de apresentação da Comissão de Honra Fernando Nobre no distrito de Leiria - João Ermida, Henrique Pinto, Teresa Serrenho (directora de Campanha no distrito de Leiria) e Helena Godinho (directora de campanha em Leiria); Henrique Pinto e Paco Bandeira (um dos momentos felizes da sessão solene em Leiria fica a deversa à música, à palavra e à inteligência de Paco Bandeira); Fernanda Oliveira e marido em Santarém; Helena Godinho e família, na Escola Superior de Educação, em Leiria); Leonel Santos (director de campanha na Nazaré), em Santarém; Engenheira Rita Varela, membro da Comissão de Honra em Leiria; momento que antecedeu a cerimónia de Leiria; Henrique Pinto e Teresa Serrenho em Leiria; Edmundo Pedro, Fernando Nobre e Leonel Carvalho em Santarém; Henrique Pinto e João Ermida em Leiria