segunda-feira, 28 de outubro de 2013

NEM TODOS VÃO NA ONDA

Todos esperavam as ondas mas estas fizeram-se esperar mais umas boas horas. E quando chegaram pôde instalar-se a dúvida sobre se o record de Garrett McNamara foi ou não superado. Mas alguns milhares de pessoas e centenas de câmaras com tripé alcandoravam-se nas arribas da praia do Norte. Na adolescência publiquei um texto sobre a possibilidade de todas as marcas poderem ser batidas. Foi quando nuns jogos olímpicos se atingiram os 9,8 segundos nos 100 metros livres, em atletismo. Assim tem vindo a acontecer, os limites do impensável estão cada vez mais baixos. 
O sucedido entre nós com a mortalidade infantil, na sequência de medidas organizativas singelas no quadro do SNS, é um desses casos típicos mas na área social. Independentemente do que possa ter sucedido agora, a onda gigante do surfista do Hawai foi uma alavanca decisiva, um acontecimento singelo e logo de influência desproporcionada para o que se lhe seguiu. Há um novo interesse pelo mar. As possibilidades económicas que afluxos de apaixonados do surf e curiosos apenas ou peritos em áreas conexas de sucesso trouxeram são um precioso maná. E os nazarenos inteligentes como os investidores em Peniche ou no Guincho têm vindo a cavalgar esta onda sabiamente. A associação já verificada entre os interesses destes dois últimos clãs pode até vir a suscitar um crescimento para patamares não esperados.

As posturas de sua eminência
Há uns anos, vinha do Norte, e ouço na rádio, «podemos estar à beira de ter o primeiro papa português!». Senti um calafrio e parei na berma. Para lá de todas as veleidades pessoais ou da informaçãozinha de grupo a que se deu o impulso necessário para a erupção nas redações, a notícia incomodou-me pela ignorância que dela emanava. Então, pensei, esta gente desconhece até o nome de João XXI, nascido Pedro Julião, renomado como Pedro Hispano, o papa entre 1276 até à data da sua morte, famoso médico, filósofo, professor e matemático português do século XIII? Telefonei para a estação emissora e a patética notícia não foi repetida.
Doutra vez pedi a um grupo muito eclético de pessoas a gentileza de darem o rosto pela campanha na RTP para a erradicação da paralisia infantil e só uma dentre um vasto espetro me mandou delicadamente às malvas. Exatamente o senhor cardeal que ora surge a perorar contra os que não entendem esta austeridade. Na altura disse-me: não posso tomar partido por nenhum lado. A coisa caiu-me mal. «Então sua eminência, fui tantas vezes ver doentes à sua terra quando nem estrada tinha, em várias ocasiões enterrei o carro na lama, nunca levei um tostão a nenhum deles, e o senhor acha que há partidos na defesa dos doentes?». Ora não lhe ouvi palavra quando o governo anterior foi derrubado pela ambição e ignorância pessoal e de índole corporativa. Porquanto um PEC não era exatamente um resgate. Não teria porventura as consequências deste. Para lá da valia ou não da situação governativa anterior, com certeza não se teria chegado a este ponto doloroso. Mas ao que parece sua eminência agora já não se importa de tomar partido.
Aleivosias da opinião
Pois hoje pela manhã vi nas mensagens do facebook o alerta duma amiga querida: «Boa noite Henrique Pinto! Verifiquei que faz parte de um grupo fechado intitulado. “Queremos José Sócrates na prisão por gestão danosa…”. Penso ter havido confusão... Será? Um abraço!».
Fiquei obviamente incomodado. Nem conheço bem José Sócrates  nem penso que lhe caiba a responsabilidade mor por este descalabro, a despeito desta ou daquela opção de governação. Mas a verdade é que jamais diria uma coisa dessas de alguém, quem quer que fosse, mesmo se o pensasse. E não é o caso. Sou inteiramente alheio a isso, que não vi em lado nenhum, e se aconteceu considero-o um abuso, uma atitude muito feia. Nada me liga a qualquer formação partidária sem nada ter contra os que a elas aderem. Para mim as pessoas estão em primeiro lugar. Todavia, posturas de fanatismo como estas, geradoras de semelhantes equívocos, são também as responsáveis por algum descrédito, tanto das redes sociais como da própria política organizada. O que nunca é bom quando acontece. Foi assim que a minha amiga se apressou a tranquilizar-me: «Por isso estranhei ver lá o nome e a foto...mas também lá estão mais cinco acima de qualquer suspeita... Temos sempre que estar de pé atrás nestas coisas da net...».
Eu acho que muitas das pessoas que assim possam agir e pensar, falsificando documentos, até devem ser iliteratas. Outras ainda são mesmo fanáticas de qualquer cor. Mas muitas delas nem dão prioridade às pessoas nas passadeiras…
Ora já há muito tempo que sabia da pressão que poderá ter sido exercida há dois anos por um dos delfins do Norte sobre o atual primeiro-ministro: «ou cai o governo ou há eleições no partido». Voltou agora a falar-se disso. A ser credível o putativo ultimato, a opção tomada e a competência da sua implementação, mais do que qualquer passado crítico, ditaram a catástrofe do presente. Que nenhum cardeal de qual seja a confissão pode ou deve ignorar.
Ao que vemos cada qual cavalga as ondas à sua maneira. Esta ganância e irresponsabilidade dificilmente serão tão cedo negativamente sancionadas pela opinião pública. Mas cedo ou tarde sê-lo-ão!
Outubro 2013
Henrique Pinto

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

MARIA E AS OUTRAS

Sou sempre cautelosa, diplomata, julgo, nunca querendo ferir alguém, desejosa de agradar, tolerante. Daí o não ser muito direta nem frontal. Evoco muitas vezes a frase de Montalbán «se afirmam dizer-te na cara tudo quanto pensam, afasta-te, não tarda mordem-te!».
Também as pessoas mesureiras, sempre risonhas, de elogio fácil e permanente, como se dependentes, me suscitam cautela. Desprezadas são tempestade.
E digo tolerante longe do sentido judaico-cristão, que me levaria a cegamente e com o peso da culpa, abraçar quem me atraiçoa. Faço-o num outro, o meu. Se as pessoas me forem adversas - e raramente o foram na minha vida, felizmente -, desvio-me com discrição, sem cortes bruscos. Portanto, dir-lhe-ei apenas que me agrada conviver com pessoas mais jovens que eu.
Fui sempre assim. Acho que isso me fez ser o que hoje sou. Desde os meus médicos internos, gerais e de especialidade, os meus alunos nas universidades, os meus colegas de pós-graduações (fui sempre a mais velha), a malta da cultura, principalmente, onde Servi longamente, todos foram estímulos de vida. Creio que, numa fração menor, o contrário também terá sido verdade.
Fui sempre a mais velha mas sempre com um passo à frente dos meus colegas de ofício e de curso.
Como vou reorientando a minha praxis profissional - agora que deixei, voluntariamente, etapas já gastas para o meu gosto de envolvimento - voltei à universidade para me adestrar melhor em ferramentas de determinada área. Como já não sou jovem em idade, acho mesmo assim que estou à altura de mais outro desafio jovem, bem mais competitivo em função das capacidades.
 E dou por mim a ter de estudar como uma leoa porque o ambiente me leva a tal. É ótimo, digo eu. Mas são sempre os outros quem nos avalia melhor. E eu gosto disso.
Henrique Pinto
Outubro 2013

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O FIM DO JOGO

Como Advocacy Advisor para a Erradicação da Polio, no mês de Julho, regressado de Bruxelas, sensibilizei ambos os Governadores Rotários Portugueses para a importância do dia 24 de Outubro, Dia Mundial da Polio. Eram as recomendações do Board de Rotary International (RI). Uma recomendação, não apenas como leitmotiv para antecipar a ostentação do troféu, mas, sobremaneira, a chamar à atenção do mundo (e dos Rotários também) quanto à necessidade de se chegar a todos os centros que permitam à Iniciativa Global da Pólio conseguir os 1,5 biliões de dólares que nos faltam para o Programa 2013-2018 de Erradicação desta enfermidade.
O Distrito 1970 com a sua governadora reagiu muito bem à necessidade expressa e pôs no terreno um programa de angariação de fundos intramovimento muito interessante através da subcomissão específica.
O país, através dos seus governos, contribuiu na última década com mais de três milhões de dólares (primeiros ministros Guterres, Durão Barroso e José Sócrates), veiculados pelas Nações Unidas e conseguidos por minha intermediação, boa parte destinados à erradicação da doença em Angola, então um nó difícil. Na consciência que uma vitória sobre a Pólio é uma vitória da Humanidade.
E um orçamento como o feito tem sempre de contar com a importação de casos novos - o que sucede com a Somália no Corno de África e, desde ontem com a Síria -, fruto da guerra e da mobilização de pessoas vindas do Paquistão e Afeganistão.
Mas há quem nas cimeiras de distrito em Portugal, dentro do movimento que se abalançou a este cometimento, e hoje, com os parceiros mundiais, é responsável por lograr o grosso do financiamento indispensável, pense ao jeito de Arménio Carlos, «a penúria ao poder». Uma ignorância mais lamentável que a do cidadão comum iliterato.
A Campanha Mundial lançada pela empresa Pharma com o assentimento de RI e conhecida como O Maior Comercial do Mundo, em que aparecem os rostos de personalidades famosas do mundo fazendo o gesto «falta só um bocadinho», habilita o Rotary a ter mais vacinas disponíveis. Mas é sobretudo uma grande campanha de imagem que nos possibilite conseguir mais fundos. A Iniciativa Global da Pólio precisa de dinheiro, se possível à cabeça deste programa Aprovado na Cimeira das Vacinas em Abu Dhabi, em Abril último (onde se consignaram 4 biliões de dólares), para obviar a interrupções. Porque as despesas são enormíssimas e vacinas já temos em demasia.
O benefício para a humanidade, decorrente deste sucesso, será incomensurável. 
24 de Outubro 2013
Henrique Pinto

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

HÁ QUE CONSEGUI-LOS!

Rotary International é o maior movimento associativo de serviço e solidariedade no planeta. A visita dos Governadores a cada um dos 44000 clubes é um momento solene mas de festa, de aprendizagem mas também de convívio.
Sendo um movimento de líderes profissionais é natural que – como na sociedade mais ampla de que se arroga com razão reflexo e imagem – haja oportunidade para este momento alto ou aquele trajeto mais baixo, consoante a qualidade das lideranças em geral.
No momento o Rotary português está em franca baixa apesar de as três últimas lideranças no Distrito 1970 (incluindo a atual) serem de pessoas de muita qualidade pessoal, dirigente e intelectual. Haverá que atravessar o deserto para lograr o oásis. Há um tempo para tudo. O verde florescerá para lá da secura.
Ontem a Governadora Goreti Machado esteve em Leiria. Ficou encantada com os projetos do clube e com a Obra ímpar que é Vida Plena. Impressionou-a o brilho do Marco Rotário. 
O casal presidente, José Chaves e Isabel, foi inexcedível de atenções. A Governadora saiu divertida e satisfeita. Primeiro outorgou uma distinção Paul Harris Fellow, depois fez o apelo correspondido na continuidade do apoio à Erradicação da Pólio, cujo dia Mundial se celebra com trabalho e festa no planeta no próximo dia 24. Faltam ainda 5 biliões de dólares para derrotar a enfermidade e há que consegui-los.
Ex deputada ao parlamento Goreti Machado teve o ensejo de encontrar nos Paços do Concelho, onde foi recebida pelo rotário presidente Raúl Castro e toda a vereação, a companheira em São Bento, Isabel Gonçalves.
Outubro 2013-10-16

Henrique Pinto

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

MARQUES VALENTIM, BULLOCK E VASCONCELOS

Em Caldas da Rainha a Exposhow 2013 lotava a Expoeste, a valer uma visita. Aos domingos em Kensington, Londres, como se Diana de Gales ainda passeasse por ali, ou em Ipanema, no Rio de Janeiro, fazem-se feiras enormes e belíssimas, frequentadas, com os artistas que todos somos de mistura com um ou outro mais prendado. Estas oportunidades, como as vendas de garagem, nos EUA ou as mostras de velharias ora a alojarem-se com regularidade nos locais nobres das nossas cidades, são manifestações importantíssimas de cidadania e afirmação das nossas personalidades. Há muitos anos que sou cliente. Por isso mesmo me encantou encontrar amigos de infância no salão caldense, o Marques Valentim e a São Passos, a fotografia e a pintura, dois grandes artistas de Cascais.

Talvez nunca desde Kubrick o espaço infindo tenha parecido tão belo e os efeitos especiais tão bem empregues. Talvez poucas vezes no cinema a solidão na imagem de um/dois atores durante todo um filme tenha enchido tanto uma história. Talvez só raramente as vedetas morram a meio da narrativa porque não há adrenalina que chegue para sustentar tão longa incerteza. É o que sucede em Gravidade, um filme belíssimo com a lindíssima Sandra Bullock e o cabotino Georges Clooney.
Mas o fim de semana foi também de tomadas de posse autárquicas. Se se vence com grandes diferenças as salas são pequenas para acolher tantos súbditos, as passadeiras vermelhas tingem-se de vaidades e esperanças. Assim sucedeu com os meus amigos Raul de Castro em Leiria, e Paulo Baptista na Batalha a quem desejo os maiores sucessos no serviço aos munícipes.


Lá longe em Veneza Joana Vasconcelos adoça-nos o ego com o seu cacilheiro Trafaria e os três presidentes da República fora de Belém dizem o que boa parte dos portugueses sente. Tivessem havido ondas em Peniche e este meados de Outubro teria sido um puro must, como o malte.
Outubro 2013
Henrique Pinto

domingo, 13 de outubro de 2013

TOLEDO E EL GRECO

Estive em Toledo antes de fazer trinta anos e fiquei seu devoto apaixonado, sempre desejando regressar, perder-me nas suas ruelas nos magotes de turistas.
Cervantes descreveu a cidade como a «glória da Espanha». A sua parte antiga está situada no topo de uma montanha, cercada em três lados por uma curva do rio Tejo. Tem muitos locais históricos, desde o Alcazár e a Catedral (a igreja primaz da Espanha), que sobressaem na paisagem e impressionam vivamente na curta e belíssima viagem no comboio para turistas, até ao seu mercado central.
Toledo foi a capital da Hispânia visigótica desde o reinado de Leovigildo até à conquista mourisca da península ibérica no século VIII. Sob o Califado de Córdova conheceu uma era de prosperidade.
Em Maio de 1085 Afonso VI de Castela reocupou Toledo e estabeleceu o controlo direto sobre a cidade moura. Este foi o primeiro passo concreto do reino de Leão e Castela na chamada Reconquista.
Toledo era famosa por sua produção de aço, especialmente espadas, e a cidade é ainda hoje um centro de manufatura de facas e pequenas ferramentas de aço. Após Filipe II de Espanha mudar a corte de Toledo para Madrid em 1561, a cidade entrou em lento declínio do qual nunca recuperou.
O pintor El Greco instalou-se em Toledo em 1577 onde viveu e trabalhou até à sua morte. Ali, El Greco recebeu diversas encomendas e produziu suas melhores pinturas, por demais conhecidas.
O estilo dramático e expressivo de El Greco, considerado estranho pelos seus contemporâneos, encontrou grande apreciação no século XX, sendo tido como um precursor do expressionismo e do cubismo, ao mesmo tempo que a sua personalidade e os trabalhos foram inspiração para poetas e escritores como Rainer Maria Rilke e Nikos Kazantzakis. El Greco é considerado pelos estudiosos modernos como um artista tão individual ao ponto de não o incluírem em nenhuma das escolas convencionais.
As mesmas figuras tortuosamente alongadas da sua pintura, fantasmagóricas, unindo tradições bizantinas com a chamada pintura ocidental, visíveis no Museu do Prado, em Madrid, estilizam a sua imagem esculpida vendida em todos os bazares das ruas que levam à catedral de Toledo, uma das três catedrais maravilha de Espanha.
Setembro 2013
Henrique Pinto

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

FALSOS CONCEITOS, RISCOS ÓBVIOS

A imprensa tem-se referido amiúde a «falsos independentes». É um conceito estúpido e enviesado. Nem alcanço bem onde escribas e palradores tais quereriam chegar. Se fossem os partidos a lançar dois candidatos em simultâneo para ver qual chegaria primeiro eu poderia entender. Um
indivíduo que sai dum partido para concorrer fez necessariamente um corte na vida, tão doloroso como a morte de quem se ama ou um divórcio forçado. E alguém a viver sempre fora duma estrutura política não deixa de ser independente se nalgum momento for apoiada por quaisquer delas.
Dizer-se que os partidos são essenciais em democracia não chega. O relevante é todos os indivíduos se sentirem representados de alguma maneira. E isto tanto pode acontecer em partidos como em associações 
cívicas ou grupos de democracia participativa. Mas o exercício da cidadania acontece cada vez menos nos partidos políticos, donos das regras, da vida das pessoas, das consciências, num fanatismo aceite e omnipresente.
No extremo oposto, os grupos de cidadania também se radicalizaram à nascença quase ao ponto da autoexclusão. Atomizados, sem qualquer cimento que os una – mesmo que tão só estrategicamente -, colocando-se em redoma de cristal num purismo absoluto, limitaram fortemente a sua capacidade de influenciar alguém com pedagogia.
Talvez haja agora espaço para que os conceitos independência, representatividade e cidadania possam confluir. Até Cavaco Silva reconhece a premência de se alterar a Lei Eleitoral. Ora essa confluência tem de envolver semelhante mudança legislativa. Pode ser ainda compreensível que os republicanos tenham acabado com os círculos uninominais em 1911, herança da monarquia constitucional da qual se queriam distanciar. 
Compreende-se menos que não tenham sido reintroduzidos na constituição de 1976 por força do esquerdismo generalizado e do direitismo púdico. Mas nos dias de hoje são incontornáveis.

Claro, há riscos óbvios. Uns vão continuar a temer a eventual perda das câmaras ora ganhas. Outros pensarão poderem descer ainda mais na expressão do voto. E, numa falsa conceção de democracia, procurarão impedir essa mudança de qualquer forma ao invés de estudarem como construir um sistema novo arredando de vez os receios políticos desta natureza. 
Henrique Pinto
Outubro 2013

terça-feira, 1 de outubro de 2013

DIANA, PARA ALÉM DO BEM E DO MAL

Há uns bons anos, respiravam-se ainda ares plúmbeos, o diretor dum jornal regional comentava com inaudita violência uma peça do Teatro Aberto na sua primeira experiência interativa. Restavam-lhe tão só umas migalhas de dignidade ao dizer tampouco ter visto a representação. Sem elementos seguros de leitura a apoiarem a substância do escrito aquilo tresandava a fanatismo extremista e ignorância, a moeda corrente. 
Hoje temos informação a rodos para podermos dizer «não vou ver isso mesmo se me pagarem para tal». É o caso da suposta  especulação gananciosa em forma de filme que dá pelo nome de Diana, onde, ao que parece apenas se salva a interpretação exigente de Naomi Watts. Nem mesmo a repetida citação do poema de Rumi «…para além do bem e do mal há um jardim…», para ele o jardim do Paraíso, Shamsuddin, pretensamente a reforçar a credibilidade duma ligação amorosa até hoje sem consistência suficiente, lhe dá algum peso.
Henrique Pinto
Outubro de 2013