sábado, 31 de janeiro de 2015

COMO O GOLDMAN SACHS AJUDOU A QUEBRAR A GRÉCIA

Como diria o meu amigo Luís Osório já lá vai o tempo de discutir política para pessoas desconhecidas. Estou nessa. Também pouco me importa cogitar sobre a Grécia. Todavia, o cinismo que perpassa nas declarações de dirigentes de responsabilidade, a arrogância de «jovens turcos» comentadores de TV, a mediocridade jornalística encarregue de «cobrir» as eleições gregas, e por aí adiante, levam-me a fazer uma evocação. O povo grego, se nada se alterar, pagará com austeridade até 2037, as fraudes do Banco Goldman Sachs, que camuflou as contas gregas ao tempo de Papademos tendo em vista a adesão ao Euro. A senhora ministra grega que, à altura,  materializou tal operação, entrou de imediato para a administração e quadro acionista do «Banco que governa o mundo». Este, por sua vez, cobrou uma fatia muito substantiva, ruinosa, às contas gregas.
Não me venham agora com teorias da conspiração, a que sou alérgico. Deixem-se de mais temer o Grupo Bildeberg  como a suposta «maçonaria reinante, que a realidade palpável ! Não acusem os gregos de ladrões – até nem me são simpáticos -, mas apenas alguns gregos, bem relacionados como podeis ver pelo texto recente de Eduardo Febbro, ou no livro «Como o Goldman Sachs governa o mundo», não sofredor de contestações. E lembremo-nos, este banco pela mão do falecido António Borges, seu antigo dirigente, interferiu em Portugal no processo recente de privatizações. Que culpa têm os gregos em geral? Puxa! Olhem meus caros, vale a pena reler Churchil nessa magnífica reedição do jornal Expresso.
31 de Janeiro 2015
Henrique Pinto



Alguns comentadores passam a vida a nada saber

“Há empresas que roubam para o império para o qual trabalham. A Goldman Sachs é uma delas. O banco de negócios norte-americano encheu seus cofres com um botim de 600 milhões de euros (800 milhões de dólares) quando ajudou a Grécia a maquiar suas contas a fim de que este país preenchesse os requisitos para ingressar na zona do euro, a moeda única europeia.
A informação não é nova mas até agora se desconheciam os detalhes mais profundos do mecanismo pelo qual o Goldman Sachs enganou todos os governos europeus que participavam da criação da moeda única. O porta estandarte da oligarquia financeira operou protegido por sólidas cumplicidades no seio das instituições bancárias europeias e dentro do poder político, que fez tudo o que esteve ao seu alcance para impedir as investigações.
Dois dos protagonistas desta mega fraude falaram pela primeira vez sobre as transações encobertas mediante as quais Atenas escondeu o tamanho de sua dívida. Trata-se de Christoforos Sardelis, chefe do escritório de gestão da dívida grega entre 1999 e 2004, e de Spyros Papanicolaou, o homem que o substituiu até 2012.
O resultado da operação foi uma gigantesca fraude que fez do suposto salvador, no caso o Goldman Sachs, o operador da derrocada da Grécia e de boa parte da Europa. Levando-se em conta somente os bancos franceses, a aventura grega custou 7 bilhões de euros : o BNP Paribas perdeu 3,2 bilhões, o Crédit Agricole, 1,3 bilhões, a Société Générale, 892 milhões, o BPCE, 921 milhões e o Crédit Mutuel, 359 milhões. Esse foi o custo só para o sistema bancário francês : os povos pagaram e pagarão em sacrifícios e privações muito mais do que isso.
A operação financeira foi astuta. O Tratado de Maastricht, da União Europeia, fixava requisitos rígidos para integrar o euro : nenhum membro da zona euro podia ter uma dívida superior a 60% do PIB e os déficites públicos não podiam superar os 3%. Em junho de 2000, para ocultar o peso gigantesco da dívida grega, que era de 103% de seu PIB e obter assim a qualificação da Grécia para entrar no euro, Goldman Sachs bolou um plano : transportou a dívida grega de uma moeda a outra.
A transação consistiu em mudar a dívida que estava cotizada em dólares e em yens para euros, mas com base em uma taxa de câmbio fictícia. Assim se reduziu o endividamento grego e, com isso, a Grécia respeitou os critérios fixados pelo Tratado de Maastricht para ingressar no euro. Um detalhe complicou a maquiagem: o Goldman Sachs estabeleceu um contrato com a Grécia mediante o qual dissimulou o acerto sob a forma do que se conhece como um SWAP, um contrato de câmbio para os fluxos financeiros que equivale a uma espécie de crédito.
Esse esquema fraudulento fez com que, na base dos chamados « produtos derivativos » implicados na operação, em apenas quatro anos a dívida que a Grécia contraiu com o Goldman Sachs passasse de 2,8 bilhões de euros para 5,1 bilhões. Dois jornalistas da agência Bloomberg, Nick Dunbar e Elisa Martinuzii, realizaram uma paciente investigação ao término da qual desnudaram este obscuro mecanismo. 
Segundo explicou aos jornalistas o chefe do escritório de gestão da dívida grega entre 1999 e 2004, Christoforos Sardelis, neste momento a arquitetura da proposta do Goldman Sachs escapou de suas mãos. Logo em seguida, disse Sardelis, os atentados de 11 de setembro e uma má decisão dos bancos plantaram a semente do desastre atual. A conclusão da investigação é contundente : Grécia e Goldman Sachs hipotecaram o futuro do povo grego e acionaram uma bomba relógio que, 10 anos mais tarde, explodiria nas mãos da sociedade.
Em matéria de grandes fraudes organizados por bancos de investimento a impunidade é a regra. Ninguém foi nem será condenado. Christoforos Sardelis afirmou que « o acordo com o Goldman Sachs é uma história muito sexy dentre dois pecadores. O Goldman Sachs obteve apetitosos lucros nesta operação truculenta. No entanto, o banco de negócios norte-americano afirma em sua defesa que não fez nada de ilegal, que tudo o que foi realizado respeitava ao pé da letra as diretrizes do Eurostat, o organismo europeu de estatísticas. 
O Eurostat, por sua vez, alega que só tomou conhecimento em 2010 dos níveis de endividamento grego. A defesa parece pobre porque as primeiras denúncias sobre a maquiagem das contas gregas e o papel desempenhado pelo Goldman Sachs datam de 2003.
Em um informe de 2004, o Eurostat escreveu: «falsificação generalizada dos dados sobre o deficit e a dívida por parte das autoridades gregas». Graças à cumplicidade do organismo financeiro norte-americano e de várias instâncias e personalidades europeias, a Grécia pôde dissimular durante vários anos o «pacote» escondido de sua dívida. Em 2010, Jean Claude Trichet, então presidente do Banco Central Europeu (BCE), se negou a entregar os documentos requeridos para dar a conhecer a amplitude da verdade.
No meio a esta grande mentira, há um personagem que hoje é central : trata-se de Mario Draghi, o atual presidente do Banco Central Europeu e grande partidário de terminar de uma vez por todas com o modelo social europeu. Draghi é um homem do Goldman Sachs. Entre 2002 e 2005 foi vice-presidente do Goldman Sachs para a Europa e, por conseguinte, estava a par da falsificação de dados sobre as finanças públicas da Grécia. Foi o seu próprio banco que estruturou a falsificação.


sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

AS DÍVIDAS DO MINISTRO NUNO CRATO

Finalmente a imprensa portuguesa concedeu meia dúzia de linhas de destaque à falência contratual do ministério da educação relativamente ao ensino das artes, dos alunos especiais, etc. Não acredito na suposição da generalidade de tal imprensa ser liberal. É mais ignorância. Nem acredito na suposição do ministro Nuno Crato ser ignorante. Mas parece um ex maoista virado liberal.
Admito que esta conceção liberal da sociedade (visão intelectual decadente, capitalismo duro condenado pela igreja) possa convergir na do país da iliteracia: querem música, paguem-na! são «especiais», não fossem!
Por uma imbecilidade administrativa a remontar ao primeiro Fevereiro da senhora ministra Isabel Alçada, certas modalidades de ensino passaram a ser financiadas por um fundo gestor dos dinheiros europeus, o POPH, em vez do próprio ministério. Até poderia ser uma coisa bem feita. Este fundo, liberto da arbitrariedade ministerial e orientando-se por regras mais sérias, até trabalhou bem. O anterior ministro das finanças deste governo quis alocar este dinheiro. Se tão célere não tem ido embora mais cedo as escolas que contratualizaram estas vertentes pedagógicas tinham falido. Pouco importa se os fundos até geriam bem se o governo não assegurou a continuidade dos financiamentos. Sabe-se haver sempre alguém mais próximo do poder que até nem tem queixas, recebe a horas! Sabe-se que muitas escolas não se queixam, têm medo de ainda lhes acontecer pior.

Pois é, mas a culpa é do senhor professor Nuno Crato, mais papista que o papa perante as entidades protetoras estrangeiras que por aqui andaram e andam e face ao seu mentor, «o primeiro, dono disto tudo». Porquanto nem «geriu» nem acautelou. E, sobretudo as Escolas de Música com contratos (não são subsídios senhores liberais), estão desde Setembro sem um tostão para pagar ordenados. Quem dera que o senhor professor já tivesse voltado a escrever no Expresso sobre as estrelas e os cometas!
Janeiro 2015
Henrique Pinto

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

MONTY AUDENART «WENT HOME»

Yesterday, when I switched on my lap top, I could not realize at once what was happening. Monty Audenart, my dear friend, classmate as team leader in United States (we were the so called «Peter Perfect Pioneers»), was vice-president of Rotary International and Rotary Foundation Trustee, had written me the message below:
«My Dear Friends,
This is just a short message to let you know that I have simply " Gone Home". While the Spirit is strong, and I would have loved to stay longer , I have had to lay my body down and walk through the next door. But then, life is really all about how we live it, and less about how long we live. I am lucky to have lived a grand life in the time that I had. I have been blessed to have a wonderful family, and so many good friends like you.
Thank you for being a part of my life, and for the many experiences and fun times we shared and the lessons you taught me. I will surely miss you, but I have faith that in due time we shall meet again. Please pray for my family, and know that I am not too far away.
Monty».
Last time we met in Lisbon in June 2013 he leapt for joy, we talked friendly for a long while about our lives and families. When I returned home last night I felt the whole possible sadness when we say goodbye to a friend, to a close member of our family. The letter below convinced me. Monty Audenart, born in the same year than I, had really «gone home»:
«If you are reading this now, I have simply gone HOME. Come and help celebrate my life here on January 27, at 12pm at 8 Keast Way, Red Deer (LDS chapel).
Of course there will be food (I asked for KFC but probably won't get it), some good memories, and my family really needs your support. 
I was born on November 14, 1949 and returned HOME January 21, 2015. I was lucky
to be adopted by Osh and Gladys Audenart and raised on a farm near Raymond, with my two great sisters Connie and Beverly. I attended school in Raymond and Magrath, and then served a mission for the LDS Church in Tahiti. I attended the University of 
Alberta where I graduated from dentistry in 1977. I practiced in Vermilion and Red 
Deer, and Nunavut, and offered my services to less fortunate people in Jamaica,
Bangladesh, the Philippines, Thailand, Mexico, Russia and the Amazon. Sometimes mydaughters came with me. It was a grand adventure. It never ever seemed like work. I 
served in the Church as a Branch President, a Councilor in the Bishopric, member of 
High Council, Stake executive secretary and Stake Director of Public Affairs. 
I joined Rotary in 1987, and served as Club President, District Governor, Rotary International Director and Vice-President, and a Trustee of the Rotary Foundation, and lots of in-betweens. Rotary gave Liz and I, friends worldwide, and so many opportunities 
to serve the community and beyond. Rotary changes lives, including my own. I never 
seemed to be able to repay Rotary for all it gave me.
I leave for awhile my eternal friend and wife of more than 40 years, Liz; my children Maurita and Scott Tollestrup, Jay and Amica (Antonelli) Audenart, Graham and Talia
Audenart, Robin and Dave Kearl, Lisa and Sean Freeman, and Ryan and Jody Audenart; my sisters Connie (Andy) Blasetti and Bev (John) Mehew. Grieve abit, laugh a lot and keep a special place for me in your hearts. Remember always how God gave us Time
enough to say goodbye. 
I will be a forever Grandpa to Mya, Kedan,Tagg, Payton, Berkeley,Osh, Gabby, Jack, 
Forrest, Aviana,Grayson, KK, Elle, Maeve, Willow, Crew, Aurelia, Mirra, Noa, and 
Cooper. Didn't we have FUN! I've gone ahead to another playground and I will be
waiting for you all there with all kinds of stories. Remember we are an eternal family. 
Some of you may think I left a bit early, but Mom always said it is more important 
how you serve in the time you have, than the years or the titles. I tried to be a good 
husband, father and grandfather. And I got plenty of fishing done in Corpus Christi 
and I released lots of fish for all of you. Catch a few Jay, I won't be far away. 
In lieu of flowers you may donate directly to The Rotary Foundation. Their money never dies! (www.rotary.org)
See you soon, but don't rush!
Monty».
Later, by late night, I could look to his family message in Facebook. I was wondering how a person could be so organized, so tied to the family and friends and so 
resigned to what life effectively is. Someone who believed deeply in a happy life,
close to God, close to the relatives who passed before him, waiting for the right 
time to receive those he loved and are still among all of his friends. Goodbye dear Monty, dear friend.
Henrique Pinto
23rd Jannuary
(Portugal)

 



quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

SAÚDE, UM ROSÁRIO DE EMBUSTES

A notícia divulgada ontem sobre ser possível a empresas de informática traçarem perfis psicológicos e ideológicos com base no estudo dos «Gosto» apostos nos posts do Facebook pouco tem de novidade. Todo o conhecimento médico e do funcionamento de mente e corpo é feito por análise estatística, mor das vezes bem mais difícil de interpretar que esta.
Como é possível tal ser autorizado? – é a pergunta de muitos. Porém, este comportamento é corriqueiro a todos os níveis desde há um bom tempo. É um jogo de enganos como qualquer outro.
Se durante a parte maior de sua vida alguém fez da profissão e cargos um empenho na construção dum serviço de saúde universal – apesar do exército multicor de detratores -, e, na altura de se tornar claro que a gestão livresca do reflexo dos recuos da economia, o atingiu com dureza, não pode ignorar essa ferida em órgão de primeira importância para o país e para si próprio. Fica chocado ao ouvir o «mentor» de tal «gestão» dizer sem pudor do Estado Social estar «agora melhor».
Há dezenas de anos, depois da independência na prática clínica, fiz Bancos de urgência em todos os feriados relevantes, como Natal, 15 de Agosto, Ano Novo, e fins de semana, durante anos a fio. Era já difícil conseguir médicos disponíveis em tais dias e, quem necessitava, em princípio de carreira, aceitava entrar no jogo até por ser bem pago. Os hospitais sempre deviam ter podido contratar médicos por ajuste direto para momentos críticos como estes. Obviamente, não é possível consegui-lo pagando a nove Euros por hora, diretamente ou através de empresas de recrutamento – aqui com pessoal de saúde, ali com professores de música ou psicólogos -, absolutamente dispensáveis. 
As pessoas influenciáveis pela voz La Feria no poder deviam pensar um tanto melhor quando se insurgem contra o pagamento um tanto mais justo a quem faz urgências em saúde, seguramente das práticas conhecidas por mais desgastantes, tanto mais se os atores deste filme são pessoas livres de quererem sujeitar-se ou não a tal suplício.
Dir-me-ão ser moralmente condenável o recurso a atestados para fugir a tais jornadas. Sim, concordo. Tanto como saber não estar nesse número marginal de supostos fingidores a explicação para o desacerto. 
Não tenho dados suscetíveis de provar serem evitáveis ou não as mortes devidas ao frio. Aconteceu efetivamente descerem perigosamente as temperaturas e subir a mortalidade em todo o lado onde tal ocorreu. Não se pode provar ser minorável o fator tempo nas mortes ocorridas nas esperas em serviços de urgência. Embora os números nos digam terem havido exageros de pouca sensatez para quem manda. Contudo, julgo ser inteligente prestar-se a devida atenção aos sucessivos alertas, honestíssimos e de interesse nacional, lançados pelos bastonários das carreiras, e particularmente o dos médicos, quanto ao enviesamento dos financiamentos da saúde. Onde o ministro, 
melhor gestor do que os seus colegas e superiores, faz o que lhe é possível.
Veja-se o caso de Leiria. O Centro Hospitalar está entre os cinco melhores prestadores de cuidados no país mas ocupa a 17ª posição na atribuição de recursos humanos especializados. Como ouvi a um reputado conselheiro de Obama há uns meses em Bruxelas, «o dinheiro pode não ser muito mas existe nesses países». Um grupo que incluía Portugal. Mas o objetivo último da política neoliberal é a deliberada destruição por dentro de tudo o que é público. Que lhes importa o Estado Social ou a TAP?
Pois bem, os estudiosos das estatísticas do Facebook escusam de se incomodar a catalogar-me. Sou, em definitivo, contra este rosário de embustes.
Henrique Pinto

Janeiro 2015 

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

LAST GOVERNOR JEAN RAVELONARIVO HAS BEEN NOMINATED AS PRIME MINISTER OF MADAGASCAR

In Brazil it is common the joke «if you won’t be elected as member of the parliament go to Rotary, you will feel better».
On the contrary, our Rotarian Fellow General Ravelonarivo, who was in San Diego, California, two years ago, preparing to be Rotary International Governor in 2013-14,  was chosen now for an important political role.
Madagascar's president has named a new prime minister after months of widespread discontent at the performance of his government.
President Hery Rajaonarimampianina named Air Force Gen. Jean Ravelonarivo as the new head of government in a statement late Wednesday.
Ravelonarivo replaces Roger Kolo who resigned Monday along with the entire government.
Madagascar returned to democratic rule after elections at the end of 2013. For five years previously the island had been run by a transitional government following a coup d'état in 2009.
ABC News
Jannuar 2015


terça-feira, 13 de janeiro de 2015

HOW DEEPAK KAPUR HELPED INDIA CONQUER POLIO AND THE LESSONS IT TAUGHT US

A decade ago, few public health experts would have predicted that India would now be free of poliomyelitis, the crippling viral disease that has disabled millions and even killed many of our children over the years.
In March of this year, India – along with the rest of the World Health Organization’s (W.H.O.) South-East Asia Region – was declared polio-free, an incredible milestone for the Global Polio Eradication Initiative.
India, which had not recorded a new case of polio since January 2011, was the final piece of the puzzle to fall into place, leading to the certification of the entire region.
Once considered the country facing the most serious challenges to the eradication effort, India is justifiably proud of its accomplishment. Among the hurdles it faced were poverty, illiteracy, water pollution, poor sanitation, and a culturally, ethnically, and linguistically diverse population of more than 1.2 billion people, spread over 1.2 million square miles, from remote rural villages to teeming urban slums.
Eradicating polio in India required years of perseverance and commitment and sustained collaboration among a wide spectrum of stakeholders. Government leadership at every level received unwavering support from international agencies, such as W.H.O. and Unicef; non-governmental organizations and philanthropists, such as the Bill & Melinda Gates Foundation; businesses and corporations; physicians and nurses; and millions of dedicated health workers and volunteers.
Rotary, an international humanitarian service organization that led the launch of the global polio campaign in 1988, has more than 130,000 members in India. It helps promote and carry out the massive National Immunization Days that continue to reach 172 million children at a time with the oral polio vaccine.
The Rotary Muslim Ulema Committee proved instrumental in convincing Muslim leaders of the benefits of vaccination, greatly reducing resistance among India’s Muslim population, which had been a large obstacle to the eradication of the disease.
But while we have beaten polio in India for now, we cannot become complacent, because a polio-free India is not a polio-free world. As Ebola has recently reminded us, infectious diseases in today’s shrinking and ever more mobile world are only a flight – or a bus ride – away from anywhere else. We must continue to immunize our children and maintain strong monitoring and surveillance efforts for signs of the polio virus.
We must also assign priority to other diseases that threaten our children. India is a leading producer and exporter of vaccines, yet it is home to one-third of the world’s unimmunized children. There are 27 million babies born in India each year – more than in any other country.
The polio eradication partners are now using their infrastructure, manpower, resources, and knowledge to support the Indian government’s Universal Immunization Programme (U.I.P.), which vaccinates for seven diseases, including tuberculosis, diphtheria, and Hepatitis B.
Earlier this year, Prime Minister Narendra Modi’s government announced that the injectable polio vaccine, as well as vaccines against rotavirus, rubella, and Japanese encephalitis, will soon be added to the U.I.P.
Thanks to the lessons learned and best practices developed during the polio campaign, we are well prepared and equipped to deliver these new life-saving vaccines to the children and adults most at risk.
Once polio is gone for good, we can shift the full weight of the polio campaign’s vigor and experience to address these other serious health threats. We will never run out of challenges, but our victory over polio in India teaches us that with sufficient planning, commitment, and resources, nothing is impossible.
by Deepak Kapur




sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

INTERPRETAR A VIDA, UMA RECOMENDAÇÂO PERTINENTE

A foto respeita a esse extraordinário filme de Luchino Visconti, dos sixtees, O Leopardo, baseado na obra homónima de Giuseppe Lampedusa.
Numa das últimas edições de O Eixo do Mal, programa da Sic Notícias,  uma sátira à vida política e social portuguesa, Clara Ferreira Alves, em jeito de remate final, recomendou a leitura de dois livros, O Leopardo, aqui referido, e A Peste, de Albert Camus. Como que a dizer, encontram-se sempre coincidências com a atualidade na espiral da história e na qualidade como os grandes mestres da literatura as ficcionaram.
Vi o filme no defunto Festival de Cinema da Figueira da Foz e estive no debate sobre ele coordenado por Eduardo Prado Coelho, no hall do Casino. Eram tempos difíceis.
Neste filme icónico, tanto Claudia Cardinale (Angelica), lindíssima tal esta foto, como Burt Lancaster (o Principe Salina), têm papeis superlativamente interpretados.
Na Sicília de 1860, estava-se em plena reunificação italiana, conturbadíssima, o período do «Risorgimento», o príncipe Salina testemunha a decadência da nobreza e a ascensão da burguesia. Num cenário caótico de fortes contradições políticas, ele luta pela manutenção dos seus valores.
Albert Camus é para mim dos maiores escritores de sempre, inexplicavelmente votado ao abandono.
No livro A Peste, vemos no porto de Oran, na Argélia, milhares de ratos a fugirem e a morrerem, seguindo-se-lhe cães e gatos, e finalmente a doença começa a infetar as pessoas. Cottard é um homem a mostrar-se misteriosamente feliz com a propagação da peste. Por entre a separação das famílias e o sofrimento, emergem personagens como o jornalista Rambert, que inicia negociações com contrabandistas, tentando conseguir maneira de escapar da cidade e reencontrar os seus entes queridos. O operário Joseph Grand, como o vigário e o médico, mais tarde todos atingidos pela epidemia, formam esquadrões para prevenção da doença. O vigário Paneloux faz um sermão duríssimo, afirma ter sido Deus a mandar a doença sobre o povo de Oran como castigo pelas suas faltas. Quando parece certo estar à beira da morte Grand consegue uma repentina e milagrosa recuperação. A mesma «ressurreição» acontece a uma mulher na cidade, e pouco depois, os ratos começam a reaparecer nas ruas do burgo.
Paneloux mostra-se agora dócil e complacente para com os seus fiéis. Grand deseja poder vir a contar a história do ponto de vista das vítimas, compartilhando com elas os sentimentos de amor, abandono e sofrimento que todos sentiram durante o tempo da peste. O livro termina com uma sombria observação, embora o bacilo da peste possa dissimular-se anos a fio, ele nunca morre nem desaparece de todo.
Janeiro 2015
Henrique Pinto




quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

MÃOS AO AR, A PUBLICIDADE OU A VIDA


A propósito dos Suplementos Nutricionais para idosos
A maioria dos idosos toma Suplementos Nutricionais (SN) para prevenir possíveis deficiências, face à promoção exorbitante destes nutrientes. É vulgar os idosos tomarem uma dose diária de multivitamínicos (MVM). Todavia, a sustentação científica quanto à eficácia na saúde devida a estes suplementos é limitada.
Com a idade diminui a quantidade de comida ingerida. O consumo de vitaminas e minerais em idosos institucionalizados é por regra inadequado. E, em geral, entre os idosos, há excesso, desequilíbrio e desadequação no uso de SN não medicamente prescrita.
Mais mulheres que homens tomam MVM. São pessoas de maior educação, mais atividade física. São mais numerosos entre os idosos. Segundo o NHANES (a), 11,5% dos adultos consomem Vitamina E (≥ 400 UI). Sabe-se daí advirem efeitos potencialmente perigosos. No estudo PHS-II (b) há até AVC significativos.
Se um idoso escolher tomar suplementos MVM deve providenciar todos ou pelo menos a maior parte de vitaminas e minerais reconhecidos como essenciais em quantidades próximas das DRI (c). Os utilizadores de MVM devem ser aconselhados a evitar o «ir acrescentando» outras fontes de suplementação dos mesmos nutrientes, incluindo os doutros suplementos e comidas fortalecidas.
Não há provas suficientes para se recomendar ou não Vitaminas A, C e E, ou combinações de antioxidantes, para prevenir as Doenças cardiovasculares ou cancro. Há evidência de benefício destes na degenerescência da Mácula do olho relacionada com a idade e para o Selénio na prevenção do cancro. A suplementação por Vitamina C é absolutamente irrelevante.
Não se recomenda a suplementação por ß Caroteno (constituinte da cenoura), dado o risco acrescido de cancro do pulmão em fumadores e o aumento da mortalidade geral. Há evidência crescente para se argumentar contra suplementos de Vitamina E (especialmente a níveis ≥ 400 UI), dada a preocupação quanto ao aumento da mortalidade, e mesmo em dose menor, por possível aumento de AVC(s).
A quantidade de Cálcio num MVM deve ser bastante baixa (< 200 mg) para ser fisiologicamente importante. Quando é recomendável um suplemento de Cálcio, a pessoa deve ser aconselhada a rentabilizar o Cálcio da comida e só então recorrer a suplementação para elevar a quantidade absoluta de cálcio aos 1000-1200 mg/dia. Nos idosos com fraca exposição ao sol e/ou outros fatores de risco para a aterosclerose, é recomendável a Vitamina D em cerca de 800 UI.

Notas: a) National Health and Nutrition Examination Survey; b) PHS-II, Physicians Health Study; c) DRI, doses de comida referência do Food and Nutrition Board, EUA
Janeiro 2015
Henrique Pinto, médico
Consulta de Nutrição Clínica
 




VEIAS, NUTRIÇÃO E SEXO

A psiquiatra explicava o porquê de muitos divórcios serôdios e pacíficos. «Buscam em cada corpo jovem a satisfação dos últimos anos de vida sexual ativa». Roth, em Sabbath, é cruel, «os homens vivem esse período numa embriaguez erótica». Há apenas alguma verdade nisso!
A fuga à culpa judaico-cristã, própria do cosmopolitismo, vascularização sem depósitos ateromatosos, apanágio de alimentação saudável, menor degradação física e psicológica dos idosos, sobretudo urbanos, erotismo como nunca visto nas relações quotidianas, e «ajudas técnicas» do desenvolvimento farmacológico, podem levar a uma vida sexual profícua, aproximada ou coincidente com uma longeva idade real.
O ritmo circular da vida física e intelectual alarga-se a cada ano civilizacional se num ambiente favorável. O ritmo circadiano é menos elástico. Nada é igual em alguém no minuto seguinte. Até um alimento comum é menos termogénico à noite que pela manhã.
A moda é efémera. Não obstante, há tendências de sempre metamorfoseadas pela moda. Do tempo dos faraós ao dos aztecas, os brincos femininos dos últimos séculos, ou piercings em partes do corpo inimagináveis, de jovens de hoje, as pessoas mudaram o seu aspeto exterior em jeito invasivo.  
Perguntam-me, «Senhor Professor (…) ao observar esta menina fisicamente perfeita (quase tudo fabricado), o que pensa dos implantes e "tratamentos" corporais do género? (…)». Era a foto duma atleta esbelta.
Nada tenho contra os implantes cirúrgicos. Sejam válvulas cardíacas ou mamas. Cada vez há mais homens e mulheres que os fazem. O processo evoluiu ao longo da história da Humanidade de par com a estética e a cirurgia, adaptou-se à ética vigente. O potencial da medicina permite serem quase seguros na ótica imunológica, infeciosa e anatómica. Na perspetiva erótica implantes mamários ou nadegueiros femininos funcionam mais ou menos bem se as cirurgias forem bem feitas. Sexualmente, em muitos casos, são um perfeito desastre.
Um tal corpo não se constrói de implantes. Faz-se com exercício físico – tratava-se duma praticante de fitness, ombros largos, ventre escorreito -, uma dieta adequada e sem emagrecer à pressa. Fitness sem dieta e dieta sem exercício físico são parcerias não funcionais. E fitness com os suplementos proteicos prescritos em ginásios e não só (quando muito, toleráveis em alta competição), também não conduz a algo de bom.
Há hábitos ou modas a modificarem o ritmo da vida deletérios em grau superior aos tais procedimentos intrusivos. O envelhecimento ativo, incluindo as vertentes erótica e sexual, enriquece advogados, mas nada tem de anómalo.
Henrique Pinto, médico
Consulta de Nutrição Clínica
In Jornal Diário de Leiria
De 8 de Janeiro 2015



PORTO EDITORA E TELEVISÕES, UM INQUÉRITO VERGONHOSO

Corrupção, eis a palavra «mais usada pelos portugueses em 2014» segundo a reportagem de algumas televisões, acompanhada pela concordância de breves inquéritos de rua. Veio a saber-se, a origem de tal «caxa» estaria num inquérito feito pela Porto Editora com base numa lista de palavras previamente definidas, num questionário fechado. Quanto à validade científica de tal inquérito nem uma observação foi referida.
Já o tanto se enfatizarem na comunicação social os casos de corrupção, provada ou não, tem um enviesamento semelhante. Há anos ouvi um conhecido escritor angolano, dos malquistos pelo regime de Luanda, responder à pergunta insidiosa dum jornalista português. Dizia ele, «corrupção em Angola? Sim, mas você conhece África?». Como quem diz, «se julga isto como o máximo, então vá ver aqui ou ali e depois conta-me». Ora quem acompanhe de perto os noticiários internacionais ou conheça o mundo sabe o que são países intrinsecamente corruptos - onde tal comportamento tem dois sentidos, da base para o topo e do topo para baixo -, e aqueles onde, dentro da mediania ocidental, se encontra Portugal. O resto é empolamento de manchetes.

Ora, só quem não conversa diariamente com pessoas de pouca instrução, pobres ou não, urbanas e rurais, o grosso da nossa população, pode ignorar não ser corrupção uma palavra vulgarmente utilizada. É um termo eminentemente urbano. E se pensarmos em «selfie», o segundo lugar da lista da editora citada, então o universo é bem mais circunscrito. Curiosamente, não aparecem quaisquer alusões a austeridade, algo que feriu parte substantiva do país. Sabe-se há muito, títulos referentes à saúde ou a sexo, por exemplo, são os mais vendáveis. Como corrupção o será de modo superior a austeridade. Nem me atrevo a pensar se a orientação do inquérito foi esta ou não.
Os responsáveis duma empresa de edição tão respeitada, caso da Porto Editora, com um trabalho de décadas dedicado como nenhuma outra casa à língua portuguesa, deveriam envergonhar-se por trabalho de tão evidentes vieses. A quem superintende em informação pública será demasiado pedir um pouco mais de rigor?
Janeiro 2015
Henrique Pinto