sábado, 11 de dezembro de 2010

MERGULHO NA HISTÓRIA


Ir à China e não visitar Pequim (também conhecida por Beijing) é melhor não ir. Foi uma das melhores lições de história que já tive na vida. Mesmo diante da modernidade que a cidade apresenta no seu todo é impressionante a preservação das zonas antigas levando o visitante a uma aventura inesquecível, mesmo considerando os fortes e rigorosos traços da China contemporânea, isto é, um país comunista.
Pequim é uma imensa metrópole. Não tem o tamanho de Xangai, mas revela, por toda parte, uma dinâmica especial, com características próprias de capital de um grande país. Espantoso lembrar, por exemplo, que a cidade é cortada ao meio por uma imensa avenida, em linha recta e com 48 quilómetros de extensão. Sem dúvida, um tremendo indicador de uma superestrutura urbana. Passa pelo meio da Praça da Paz Celestial (Tian’anmen), com inúmeras faixas de rolamento e é palco das grandes paradas

militares. Há 20 anos o trânsito ali era um mar de bicicletas e hoje está ocupada por um tráfego pesado de veículos dos mais distintos portes, dando testemunho da “capitalista” China de hoje. Atravessamos esta avenida, com destino à Cidade Proibida, consciente da sua importância. E, claro, que me lembrei do massacre de 1989. Recordei a imagem do desconhecido que fez parar a fileira de tanques repressivos. Onde andará aquela figura? Perguntei aos meus botões.
A Praça em si é monumental. É considerada a maior praça pública do mundo. Na sua imensidão estão distribuídos estratégicos e belíssimos jardins floridos e é completada por duas descomunais telas de vídeo. Pelos meus cálculos medem 2,00x30,00m, talvez mais do que isto, apresentando magníficas imagens em HD, dos mais importantes cartões postais do país. É impactante.
Tian’anmen é, também, a porta de entrada para a Cidade Proibida, moradia dos antigos imperadores. Se a praça é impactante, a cidade nem se fala, até porque proporciona um mergulho na história. Vinte
séculos de história, preservada e admirada por milhares de turistas, que não param de circular. Palácios, jardins, galerias, templos e tudo quanto se exige de uma organizada cidade imperial. Ali viviam os imperadores, suas centenas de esposas – muitas nunca tocadas pela majestade, mantidas como “reserva técnica” – filhos e uma imensa vassalagem composta de ministros, auxiliares directos e indirectos, cozinheiros, os naturais e os inevitáveis “cheira-bufas” apaniguados. Fora esses, uma legião de escravos. Muitos escravos, a maioria eunucos. Na cidade existem 999 dormitórios, um número mágico para os chineses. Ali vivia uma sociedade encastelada e cheia de privilégios. Vide fotos a seguir. Do lado de fora, muita pobreza e fome. O resultado dessa situação foi a queda do império, seguida da implantação do regime comunista em 1949. Mas, Pequim (ou Beijing) reserva ao visitante magníficas imagens de cidade moderna com primorosas construções, entre as quais a Cidade Olímpica (Olimpíadas de 2008) e as monumentais avenidas que cortam a cidade em todas as direcções. O comércio é vibrante e conveniente para os turistas portando dólares americanos. Pérolas e seda pura fazem a festa para as mulheres vaidosas e causam constantes pânicos aos maridos desavisados. 
Num bairro antigo a emoção de mergulhar no quotidiano histórico. Em Nanluoguxiang e Shichahai, por onde andamos, experimentamos a inesquecível sensação de apreciar o dia-a-dia do homem comum chinês, entrando numa residência particular de 150 anos, passando por pequeno centro comercial comunitário e, o melhor de tudo, sendo conduzidos num ciclo-riquixá, coisa muito comum no Oriente. De facto, é muito divertido ser levado por um cidadão pedalando em admirável velocidade entre as ruelas do subúrbio.
Outra coisa incrível foi nossa visita à Feira de comidas exóticas de Pequim. Ali se encontram os mais extravagantes e asquerosos petiscos do planeta: cobra, barata d´água, gafanhotos, cavalo marinho, centopeia, bicho da seda e escorpião são os mais populares. Incrível como a turma baixa a boca e devora tudo com imenso prazer. Para não perder a oportunidade e entrar no clima, arrisquei no bicho-da-seda. Não gostei. Pasmo, vi duas holandesas se deliciando ao experimentar o escorpião frito. Eca... Por fim, e coroando a visita à China, uma esticada até um dos pontos da Muralha da China, a 80Km do
centro e Pequim, património da humanidade, pela UNESCO, e eleita recentemente como uma das sete maravilhas do mundo. Impossível vê-la por completo, em face da sua extensão de 6.700 km, cortando a China de leste a oeste. A muralha serviu originalmente de protecção contra os invasores bárbaros, entre os quais os hunos, e, depois, os povos manchus e mongóis, que ainda assim conseguiram invadir o país. Haja história. É emocionante pisar ali. Um frio de lascar. Mas valeu à pena.
A tudo isto eu chamo de mergulho na história. Estive nas raízes da história do Oriente.
Girley Brasileiro
Novembro 2010

NOTAS: O Blogueiro esteve na China, entre os representantes do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecanicas e de Material Eletrico de Pernambuco, na Missão Empresarial 2010, da Fecomercio/PE.
FOTOS (HPinto e Revue Beijing): Barco do Palácio de Verão; Praça Tianamen; Parque Ben hart; Grande Muralha; Ruínas do Templo Fa Hua; Côres do Palácio de Verão; Lago do Palácio de Verão; Vendedor de sapatos; Bonecas à venda




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