terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O EXEMPLO


Um percurso de vida na política é mais nobre que um nobre percurso na vida? Conhecer o país de Mercedes exclusivo e perorar diante de gente embevecida ilustra mais quem o faz? Ou mais se ilustra quem conduzindo o seu próprio carro segue bairros adentro a abrir um centro comunitário, a dirimir com os obreiros do social, ou ensinar medicina? Um deputado com décadas de cadeira e nem um requerimento feito será um político de habilidade superior a quem negociou saúde e comida, bisturi cortando à luz da vela em dezenas de cenários de dor, mundo dentro? Quem se banha na Falésia com uma centena de «gorilas» à espreita pode inspirar confiança a quantos se aventuram nos becos esconsos, findo o turno da noite,
temendo cada sombra como certeiro assalto? Quem consultar a agenda do poder em busca dos encontros com as forças políticas e pouco mais vir em relação ao noticiado na TV, pode acreditar na magistratura crítica e de influência? Quem sabe do PCP, implantado por quase um século nas zonas mais dependentes do emprego parco, onde a iliteracia medra, ser o maior grupo comunista da Europa, incrustado nos sindicatos dos serviços públicos e outros, continuando a repetir as consignas de Cunhal, inalteráveis ao longo duma vida longa, pode acreditar numa Autoeuropa viável com os seus negociadores?
São afinal os bons e maus exemplos a condicionarem emancipar e sujeição. A elevação no diálogo pode e deve sobrepor-se à atoarda. A pedagogia do bom exemplo é a mais determinante para quantos desejem encontrar um rumo certo. O país carece dos nela instruídos e experimentados.
Henrique Pinto
Dezembro 2010
FOTOS: Cavaco Silva a banhos no Algarve; Manuel Alegre, «à pesca não sou poeta»; Cavaco Silva e Fernando Nobre na RTP; o sucesso na Autoeuropa

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