sexta-feira, 24 de setembro de 2010

TRAÇOS COMUNS A VICHY


Aqueles que por aí fora bradam contra o Estado Social, fruto de leituras de filosofia política apressadas, muitos deles com conhecimentos rudimentares de história e sociologia, esquecem que esse é um dos cromossomas duma sociedade de valores que não exclusivamente os materiais.
A resposta rápida, definitiva, não relativizada, intemporal e descontextualizada está na berra.
Os que não se sentem incomodados com a preferência tanto de Bush como de Obama pelas economias emergentes da Ásia, em desfavor da Europa, entendem que esse «crescimento» é o paradigma para o velho mundo ou mesmo para mais de dois terços da população desses países do oriente?

À China só lhe interessa a economia Alemã, facto que Vasco Pulido Valente esqueceu em reforço da sua tese da nova emergência da Grande Alemanha. A nova Alemanha a erguer-se sobre os escombros da Europa político-económica seguirá o exemplo xenófobo de Sarcozy, expulsando acampamentos inteiros de ciganos, para começo, com a falsa desculpa do «crime»?
O gesto do presidente francês tem alguns traços em comum com muitos do governo de Vichy. Mesmo se escorado na opinião supostamente favorável de boa parte dos franceses.
A Europa da cultura, do iluminismo, dos valores, esboroa-se. Ministros franceses e alemães, num jantar recente e super restrito em Bruxelas, lançaram acusações mútuas a este respeito brandindo os guardanapos como se gládios fossem.
















As minorias, na Europa, as imensas maiorias, pobres ou escravas, na Ásia, vão sofrer na pele e no espírito, como sempre, tanto os reveses da regressão, herdada da especulação tóxica de Wall Street, como os do crescimento selvagem?
Henrique Pinto
Setembro 2010
FOTOS: Sarcozy e Merkel; Wall Street (EUA); ciganos franceses expulsos do país, no aeroporto; Obama; Times Square (EUA)

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