terça-feira, 3 de novembro de 2015

O DIA DA IMPLOSÃO CHEGARÁ!

A família Mccartney
A Fátima Campos Ferreira promove há anos um programa de diálogo no canal um da televisão. É um trabalho perseverante, muito esforçado, nem sempre conseguido, tão vasta é a diversidade de aproximações a um tema. Para as pessoas atentas este amplo espetro de opiniões, longe de confundir, pode também abrir-lhes os espíritos.
O tema candente das carnes vermelhas, demonizado pelo enviesamento da informação desde a origem até ao produto final, e sobretudo as confusões relacionadas com quantidades e risco, abriu a porta a correntes várias sobre o tipo de alimentação.
Por detrás da oratória esteve sempre presente o grau de risco quando ele, para os produtos em causa, não está definido ou é comparativamente muito pequeno. 
A exploração intensiva da pecuária é passível de sustentar o aquecimento global do planeta
Lembro-me de algumas batalhas duras onde fui interveniente em nome da Saúde. Quando a água de abastecimento da cidade era de recolha superficial no rio onde, a montante, era vazada quantidade imensa de matéria orgânica. Esta, misturada com o cloro para o tratamento produzia químicos organo-clorados de comprovada cancerinogénese para o sistema urinário humano. Não fora ter a imprensa do meu lado e teria sido banido.
Empresas de fabrico de pasta de papel fabricavam resíduos passíveis de alta contaminação microbiológica depois vertidos da lagoa de retenção para o mar e inundavam as praias. O coletor submarino foi a solução encontrada depois de muito suor e ódio.
Alimentação saudável
Em 50 restaurantes mais frequentados, quer nas zonas de acesso à cidade como nos mais centrais, 49 tinham contaminação microbiológica continuada. Caiu também sobre mim o Carmo e a Trindade. E no entanto estava determinado com rigor o risco relativo. Obviamente, o caciquismo no aparelho da Saúde era tremendo, hoje os média têm também outra liberdade.
As quantidades de carne, vermelha ou branca, a ingerir saudavelmente estão perfeitamente definidas em função da idade e peso. É a isso que se chama comer com moderação. Os exageros, acima ou abaixo desses patamares, como em tudo na vida, são motivo de doença. A observância dos limiares estabelecidos entra nos pressupostos de estilos de vida saudáveis.
Agora, há cambiantes a ter em conta, desde os regimes estritamente carnívoros aos absolutamente verdes. Os primeiros são um erro absoluto, falta-lhes boa parte das vitaminas e minerais essenciais presentes nos produtos da terra. Aos segundos exige-se uma ampla diversidade de vegetais e leguminosas para suprir a necessidade do todo em aminoácidos, sobretudo da parte das proteínas de qualidade, as de alto valor biológico, existentes numa pequena dose de carne. E requerem ainda suplementos vitamínicos e minerais.
Os produtos sujeitos a altas temperaturas produzem aminas tricíclicas e hidrocarbonetos policíclicos, químicos classificados como potencialmente cancerígenos
A DGS, Direção Geral da Saúde elaborou manuais para ambos os regimes ao alcance dos profissionais. E a ciência impregna agora parte considerável da discussão editada.
De radicalismos (reais ou inventados pelos tacticismos) não precisamos. Mas quando Paul Mccartney foi ao Parlamento Europeu clamar contra os efeitos deletérios para o aquecimento global do planeta resultantes da vasta exploração pecuária, não era capricho de vedeta. Se a comunidade científica e um contingente imenso de fazedores de opinião clamam contra os malefícios da mesma natureza, e também da qualidade do ar, atribuídos aos combustíveis fósseis, estão dentro da razão. Todavia, ambos os problemas implicam revoluções empresariais, sociais e políticas específicas de grande vulto que a mundialização do comércio e indústria vêm tolhendo. Seguramente, chegará a altura da implosão de tais pressupostos.
Henrique Pinto
Novembro 2015


PS. Artigo 890 do Blogue Medicult
Os combustíveis fósseis, o aquecimento do planeta e a deterioração da qualidade do ar

Sem comentários:

Enviar um comentário