terça-feira, 12 de novembro de 2013

LIVRO, JANTAR, HOMENAGEM (3)

No dia 29 de Novembro pelas 19 horas os editores Rui Gracio e Orfeão de Leiria (OLCA) fazem o lançamento do meu último livro na Quinta do Fidalgo (Tromba Rija), na Batalha, seguindo-se-lhe um jantar com os amigos que o desejem, no mesmo local (20 horas), onde a direção do OLCA pretende fazer-me uma homenagem. Não a desejaria mas não posso excusar-me, penhorado.
Sobre a Cultura em si e sobre o livro em questão escrevi o texto que se segue.


UMA HISTÓRIA DE AMOR
«A cultura é tudo o que nos ultrapassa associado a uma componente ética, de comunicação, de descodificação do mundo e de conhecimento. É o que construímos como sociedade e a forma como nos relacionamos uns com os outros. Nesta expressão de Guta Moura Guedes se espelha o percurso de Henrique Pinto em 45 anos de intervenção, de Cascais a Coimbra e depois Leiria. É esse trajeto, extensivo à praxis médica, associativa e de solidariedade que avulta no preito que ora lhe é feito.
Quanto ao livro trata-se dum Ensaio sobre a cultura aplicado a um Estudo de Caso, embrulhado pela crónica duma dedicação exacerbada ao trabalho, uma história de amor. A cultura, como se vê, seria redutora se encaixada num sucedâneo de eventos e práticas. E nenhum fluxo cultural tem significado se anichado em práticas que excluam a ampliação dos seus efeitos pela comunicação. 
Em cultura as ações «não se fazem porque se fazem», numa postura de empirismo errático mas porque «há razões para o fazer». É o estudo dessas razões, em concreto, com base numa imensa visão do mundo contemporâneo, tendo por objeto de estudo o Orfeão de Leiria Conservatório de Artes no período 1983-2013, que avulta nesta obra.
Foi um caminho pleno de cargos, funções e práticas, do campo local ao regional e ao nacional, e por fim ao mundo. Feito sempre na convicção que «é preciso saber quando uma etapa chega ao fim» e que, «se se insiste em permanecer num patamar mais do que o tempo necessário se perde  a alegria e o sentido das outras etapas que é preciso serem vividas». 
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos, saindo em alta sem rabos de palha nem dívidas e com a planeada continuidade das instituições devidamente assegurada com pessoas de bem e património material e imaterial conseguido. Não importa os nomes que se dão às situações, o que se releva é deixar no passado os momentos da vida que já acabaram.
A ação do OLCA no período 1983-2013 contribuiu de forma decisiva para o Desenvolvimento cultural local/regional, enquanto fenómeno cultural pós-moderno, reflexo da globalização, na sociedade contemporânea.
A sua ação neste período, dinamizando a cultura local/regional, com a democratização do acesso e do consumo a/de produtos culturais com evidência científica dos resultados no impacto do funcionamento cerebral, tem contribuído para a melhoria do desenvolvimento intelectual
dos seus utentes.
Como um caso de excelência, o projeto cultural do OLCA tem condições de implantação para se sobrepor à degradação do tecido cultural sob a influência da economia neoliberal.
Esta estratégia de intervenção em política cultural seria necessariamente equívoca se não ancorada no estudo rigoroso da realidade. É o que Pais, J. M. (2005) apelidava de «grounded policies», isto é, políticas de intervenção que tenham sempre por referência o chão que pisam e os contextos de vida objetivos, subjetivos e trajetivos.


O objeto do Estudo de Caso Orfeão de Leiria Conservatório de Artes 1983 - 2013, referência cultural local, nacional e com franca internacionalização, apesar de a sua prática ser passível de estar abrangida no que Augusto Santos Silva considera deverem ser «paradigmas culturais para o país», escudando-se em exemplos como as políticas culturais de Cascais e Porto, 
enquanto autarquias (Silva, A. S. 2007), quando tais pressupostos estão diferidos em duas décadas dos postos em prática antes por aquela instituição, é particularmente importante, tal o pioneirismo. Então houve que procurar explicá-la do ponto de vista sociológico. Tanto mais que já o filósofo José Gil disse o que não se inscreve não existe.
Henrique Pinto
12 de Novembro 2013

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