domingo, 29 de junho de 2014

CLAUDIO ABBADO E QUIM BARREIROS

A tolerância no sentido mais vulgar é prática que não me seduz. Posso cumprimentar toda a gente com a maior franqueza. Mas conviver com ladrões, de carteiras ou de ideias, velhacos, parasitas, más-línguas, chulos ou chicos-espertos, deixo isso para quem gosta.
Conheci autarcas, professores que não os meus, diretores e ex-diretores disto e daquilo, que jogavam a sua afirmação no social impondo-se no
contrariar quem trabalhava honradamente e com sucesso. Comigo em ação não sei se alguém se poderá gabar de o ter conseguido. Deixei esse universo de empenhos e nada me custa a crer que outros prossigam nesse desejo mínimo de tudo fazer com pouco esforço. Basta-lhes denegrir o construído. Desmontar o relógio é fácil, no remontá-lo é que está o busílis.
Não é necessariamente bom líder quem muito perora sobre liderança. Quando a maquinaria e a eletrónica não imperavam era possível a um bom sapateiro fazer maus sapatos. Pois há sempre momentos menos bons em todos os percursos. Mas se o tal artífice repetisse a cena duas, três vezes, o 
logro estaria entre quem o considerou como «bom». Só a pressa em querer fazer melhor, por inveja normalmente, leva tais artesãos pelos caminhos da facilidade e do banal, conservador. Não se pode ser clone de Cláudio Abbado e de Quim Barreiros ao mesmo tempo.
Henrique Pinto
Junho 2014

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