quinta-feira, 2 de abril de 2015

PELA BOCA MORREM OS CORAÇÕES (II)

1 Jéssica Athayde e a anorexia
A modelo Jéssica Athaíde confessa a sua anorexia nervosa numa publicação cor-de-rosa. Fá-lo com aparente tato. É algo tão difícil de tratar. Exige uma política doméstica muito atinada e consistente. Não deve ser assunto banalizado no discurso. Haverá algum médico a recomendar suplementos de cálcio perante a osteoporose já instalada? Talvez. Mas não deve. Uma estação de televisão que, como as outras, não coloca pessoas muito responsáveis a falarem daquele distúrbio alimentar, passa o mesmo cavalheiro, de paleio tipo vendedor de banha da cobra, a promover um produto com tal fim (ao estilo entrevista, quem sabe para não parecer publicidade), em reality shows diferentes ao longo dum mesmo dia. Muitas pessoas fazem a sua «aprendizagem» alimentar em fontes desta natureza, impróprias e enviesadas.
Ocorre exatamente o mesmo com a generalidade dos suplementos alimentares, vitamínicos e minerais, expostos nos pórticos das farmácias e para farmácias em Portugal. Quanto ao grosso da coluna não se lhes conhece qualquer evidência científica credível no concernente aos seus efeitos.
É um género de informação errónea florescente também ao nível da doença cardíaca coronária, patologia de letalidade substantiva, contudo evitável mediante o seguimento duma alimentação saudável.

2 A alimentação na doença cardíaca coronária

Os micronutrientes estão implicados no contrariar a predisposição para a aterosclerose e na manutenção da função contrátil do coração.
Uma variedade imensa deles está envolvida na regulação da função do miocárdio e a suplementação pode eventualmente fazer melhorar os sintomas nalguns indivíduos. Todavia, por norma é suficiente a dieta adequadamente elaborada em desprimor da toma de suplementos (quase sempre de efeitos benéficos não demonstrados pela investigação). É o caso das vitaminas A, B1, B12, C, D e E, e do mineral potássio, presentes em quantidade suficiente na alimentação equilibrada ou nas pessoas expostas ao sol (caso da vitamina D).
Não obstante, é cada vez mais reconhecido como sendo vulgar na população em geral a deficiência subclínica dalguns destes e outros micronutrientes. Os seus níveis benéficos adequados devem ser olhados como componentes essenciais duma dieta equilibrada. Conseguir a sua ingestão em altos níveis através duma dieta rica em frutos e vegetais, como no estilo Dieta Mediterrânica, pode contribuir para a redução da incidência de doença cardíaca coronária (DCC).

3 Comer hidratos de carbono?

Agora, a pergunta mais comum que os utentes me dirigem é quanto a deverem ou não comer hidratos de carbono. Pois bem, não vejo mal algum se a consciência sobre a dieta se faz pelos livros, revistas, internet, etc. Porém, é relevante as pessoas poderem dirigir-se aos profissionais qualificados para mais certeiramente se habilitarem a exercer o seu sentido crítico. Para o fazerem em segurança. Qualquer ser humano consciente sabe que não deverá auto mutilar-se. Assim não deverá por igual proceder no que respeita à ração alimentar. Nas doses apropriadamente calculadas para a ação terapêutica, idade, peso e sexo, todos os indivíduos têm de ingerir hidratos de carbono, proteínas, gorduras, vitaminas, minerais, fibra e água numa base diária. Tudo o resto está por provar.
Henrique Pinto, Professor Doutor
Consulta de Nutrição Clínica
Página facebook: Nutrição Clínica ao Alcance de Todos
In Diário de Leiria





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