Em 2001 em Santo António do Texas, na Convenção onde foi ratificado o meu nome como governador de Rotary International, bati palmas por educação ao suposto «bom samaritano da América». Estava ainda longe de pensar na convulsão da economia global e no desrespeito das normas de regulação internacional Ainda assim não abjuro tão educada imprudência.
O sindicalista
Mário Nogueira passou do organizar comícios de espera nas visitas dos primeiros-ministros para estrela dos noticiários quando emergiu da grande manifestação dos professores contra o processo de avaliação. Cavalgou a onda, teve mesmo o apoio subentendido de Luís Filipe Menezes nesse afã, tornou-a contestação em absoluto e não por discordância metodológica. Na essência, repudiar toda a avaliação é em si um mau propósito. Dias depois o persistente dirigente aceitava negociar uma proposta do governo não substantivamente diferente da rejeitada, um processo gorado à partida. Mas tinha nascido um líder de carisma, apontado até como próximo presidente da Intersindical.
A pretexto do
Dia do Diploma o governo distinguiu os melhores estudantes do país. Mesmo se algum laivo demagógico possa, eventualmente, ter tingido a medida, ela é em módulo assaz louvável. Reconhecer publicamente o mérito é uma postura democrática de aprendizagem pelo exemplo. Logo aquele dirigente «sempre em pé» veio apelidar a cerimónia de mera propaganda política.
John Kennedy morreu há quase 46 anos. Poucos presidentes americanos são tão lembrados pela sua auréola eminentemente democrática. No entanto, ele próprio admitia, vencera
Richard Nixon na corrida à Casa Branca
porque utilizara nalguns momentos métodos tão sujos quanto os do adversário. Sabe-se hoje ter passado noites em claro no temor do aparelho militar poder desencadear um conflito nuclear ou mais um golpe de Estado.
Eisenhower reconheceu ter sido iludido nos seus mandatos pelos dispositivos secretos. A CIA, a Pequena Havana de Miami, fortemente contra Castro (ainda hoje não perdoa a JFK o não apoio militar aos exilados na invasão da Baía dos Porcos), a Máfia e as altas patentes militares, odiavam ostensivamente John e Ted Kennedy. Crê-se com algum fundamento que, ao menos a morte do primeiro, se deveu a um ou mais destes sectores.
O Afeganistão, o Iraque e a Geórgia não fogem à lógica bélica dos anos cinquenta, por muitos anos exacerbada pelo anticomunismo de McCarthy, que há meses embaraçou Obama e fez exultar Paulin. Criar uma nova organização, substitutiva, quando a oposição ganha as eleições da existente – ocorreu nos sindicatos em Portugal –, não é um exemplo a seguir.
Os oportunismos, quando criam ou derrubam ilusões, são-no ainda menos.
Já não aplaudo nem discordo com a espontaneidade de outrora.
HpintoIn Diário de Leiria, 2009
FOTOS: John Kennedy, Jacqueline e os filhos
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