No século XIX criaram-se muitas agremiações de cultura e recreio, então tidas por «amadoras», em que os desígnios que moviam os grupos eram muito auto-contemplativos. Interessava pouco mais que a diversão, o prazer imediato, hedonismo quase puro. A designação de «profissional» apenas tocava aos que ganhavam o seu pecúlio para entreter e divertir alguém. Com o passar do tempo esta distinção perdeu o sentido original. Por todo o mundo, mesmo na sua maioria populacional e territorial que é pobre ou muito pobre, amador ou profissional é apenas uma questão de honorários. Sempre que alguém ou uma entidade se propõe intervir artisticamente junto de outrem, deve, eticamente, fazê-lo com o maior rigor e criatividade, com desmesurado empenho e motivação, independentemente do estatuto de ganhar ou não honorários. «Amadores» são apenas os que amam. Aqueles que pensam doutra forma, por muito gosto que tenham pelo canto, por muito boas pessoas que sejam, que se limitem ao seu exercício perante os amigos ou para si mesmos.
O nosso propósito institucional é, em absoluto, o primeiro. Em todas as áreas artísticas e pedagógicas. Com aquele espírito de universalidade que relevo de Atlanta e da celebração de Martin Luther King Jr.
Sobressair pela diferença e aceitar o desafio de o realizar da forma mais eclética, em prol dos outros, exige obviamente alguns sacrifícios pessoais e familiares. Faz apelo à abertura permanente dos sentidos às mudanças necessárias. É um formato onde reside a nobreza de quem o faz e o significado último do que é feito.
Estou convencido que finda esta época, bem sucedida, com a alegria do convívio, a reflexão estimulante que aflui no olhar a paisagem diferente e a satisfação de ter ajudado à felicidade efémera de quem os escutar, a nenhum cantante do nosso Coral, associado desta instituição muitíssimo mais ampla, sobrará dúvida quanto ao trajecto que falta percorrer. Nem lhe faltará o apego a lográ-lo.
Henrique Pinto
Presidente
Setembro 09
FOTO: Martin Luther King Jr. entre a multidão
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