O recanto da
Parada é-me muito familiar. Tenho maravilhosas recordações de ali ter trabalhado nas minhas férias de estudante, desde os 14 anos, e me ter sido grato conhecer meio mundo, colegas e amigos e um misto de aristocracia decadente e mundo das finanças pujantes.
O presidente
António d’Orey Capucho pode orgulhar-se de ter convencido
Paula Rego a aceitar ter ali o seu museu, tal o empenho desta em expor parte da sua Obra em Portugal, qual regresso figurado. A Paula Rego, estamos gratos por nos fazer felizes no aceitar o repto. Ao arquitecto Eduardo Souto de Moura entregou a Câmara de Cascais o projecto da obra, saída belíssima, funcional e simples. Pode nada ter a ver com a realidade mas aqueles torreões rosa estilizados lembram-me com agrado os do Palácio de Castro Guimarães ou o do Palácio Nacional de Sintra, ali tão perto.
Gostar de arte, seja a música, a pintura ou o que quer que seja, não requer em primeira instância formação específica alguma. Basta ser-se sensível a tal. Uma qualidade adquirida de muitas formas. Sempre me fascinaram os trabalhos de Paula Rego, as formas e a leitura dos personagens recriados. A dada altura da sua vida artística, pessoas, animais e plantas assumem um mesmo estatuto nas telas, entrecruzando-se e metamorfoseando-se, numa atitude dialéctica e num universo único de fantasioso realismo, a tradução estética mais criativa da mente humana.
A responsável pelo projecto Casa das Histórias Paula Rego, Dalila Rodrigues - fez um trabalho espantoso com a sua equipa -, escreve dois textos no catálogo da exposição, um deles, «Paula Rego e os mestres antigos da pintura», de que reproduzo um excerto de seguida.
«A complexidade e a importância da obra de Paula Rego, mesmo não considerando as distintas possibilidades técnicas, formais e conceptuais das diferentes disciplinas em que se distingue – o desenho, a pintura e a gravura -, suscitam diversas leituras e interpretações.
O modo como a artista prolonga e reinventa a tradição figurativa da pintura poderia legitimar por si só, a relação que se enuncia no título da presente abordagem. Mais, a circunstância de ter sido a primeira «Artista Associada do National Gallery», em 1990, a convite do seu director, Neil Macgregor, implicando tal convite a necessidade de produzir, ao longo do ano de duração dessa residência artística, obras inspiradas na sua extraordinária colecção de mestres antigos, coloca Paula Rego não apenas numa posição privilegiada, como abre novas possibilidades interpretativas à sua vasta obra. Sucintamente, pode adiantar-se que o modo como a artista define essa relação, reelaborando vocabulários iconográficos e formais com a imaginação e com o sentido de subversão que globalmente a caracteriza, contribui também para definir a sua singular personalidade artística. (…)»
Henrique PintoSetembro 09
FOTOS: Paula Rego (site (g); casa Raúl Lino, da família Espírito Santo, na enseada de Santa Marta, em Cascais (foto António Oliveira)
Chegou a dizer que Capucho nada fizera em Cascais...Em que ficamos?!
ResponderEliminarTenho grande estima pessoal por António Capucho. Tudo o que ele faça de bom, coma a Casa das Histórias Paula Rego, terá o meu aplauso.
ResponderEliminarHpinto